domingo, 9 de março de 2025

As desvantagens pouco comentadas sobre os LEDs

Por Yuri Ravitz

No detalhes, os faróis Full LED do Volvo XC40. Foto: Yuri Ravitz

O advento dos LEDs causou uma verdadeira revolução na indústria automotiva. Graças a eles, as montadoras passaram a trabalhar desenhos mais ousados e criativos para seus carros, mas as vantagens dos diodos emissores de luz não são apenas estéticas: eles também permitiram a criação de avançadíssimos sistemas de iluminação frontal, além de reduzir o consumo de energia dos veículos por exigirem muito menos eletricidade para funcionar com o mesmo nível (ou até maior) de luminosidade das lâmpadas incandescentes convencionais.

Mas é claro que nem tudo sobre os LEDs são as mil maravilhas. Os componentes eletrônicos que utilizam LEDs (sejam faróis, lanternas, telas de central multimídia ou painel de instrumentos) também possuem sérias desvantagens que, ao nosso ver, não são devidamente abordadas pela indústria e a imprensa como um todo. Pensando nisso, decidimos fazer um apanhado desses possíveis problemas que envolvem os diodos de luz, a fim de fornecer informações suficientes para que você possa decidir se realmente deseja esse tipo de tecnologia em seu veículo.

Faróis halógenos do Volkswagen Polo Track. Foto: Yuri Ravitz

1 - a manutenção dos LEDs é muito mais complexa (e cara)

Quando uma lâmpada incandescente do seu carro queima, você pode ir em qualquer autopeças para comprar uma reposição gastando muito pouco e substituí-la em sua própria residência, quase sempre sem precisar de nenhuma ferramenta. Na pior das hipóteses, caso não saiba realizar essa troca ou não queira por qualquer motivo, é fácil achar alguém ensinando a trocá-la em uma rede como o YouTube, por exemplo. O X da questão é que na grande maioria das vezes, trocar uma lâmpada incandescente é muito fácil e barato, além de ser rápido.

Por outro lado, quando um LED queima, a situação é completamente diferente. LED são componentes eletrônicos minúsculos que trabalham soldados em uma placa de circuito, aliados a outros componentes diversos - em outras palavras, é quase impossível mexer neles sem mão de obra especializada e ferramental adequado. É verdade que, em situações normais, os LEDs duram muito mais do que as lâmpadas convencionais, mas não é sempre que as coisas seguem uma ordem exata, ou seja: se você der azar, prepare-se para algumas dores de cabeça.

LEDs vão perdendo luminosidade com o passar dos anos. Foto: 83Grummam no promasterforum.com

2 - LEDs também enfraquecem com o tempo

Um dos principais argumentos a favor dos LEDs é a sua vida útil extremamente longa que pode chegar, em média, a 50.000 horas de uso contínuo - é como se você pudesse mantê-los ligados ininterruptamente por 5 anos e 7 meses aproximadamente. Acontece, porém, que isso não significa eficiência máxima o tempo inteiro: assim como as lâmpadas halógenas e de xenônio, os LEDs também se degradam e perdem brilho luminoso conforme são utilizados, precisando ser substituídos com o tempo.

Isso pode não ser um problema ao se adquirir um veículo 0km, entretanto, já é possível encontrar carros usados com 10 anos ou mais que trazem LEDs por diversos lugares, inclusive nos faróis e lanternas, e nunca é possível saber como o antigo dono utilizou os dispositivos. Apenas tenha em mente que ao adquirir um automóvel nessa circunstância, pode ser que suas luzes já não estejam funcionando com a potência que deveriam, sinalizando que é hora de comprar componentes novos.

Diodos esquentam muito e precisam ser arrefecidos. Foto: auxito.com

3 - LEDs também esquentam... e muito

Outra grande vantagem dos LEDs sobre as lâmpadas incandescentes é sua emissão de luz fria. O problema é que apesar da luz emitida ser fria, os diodos em si esquentam muito, afinal, estão sendo energizados por eletricidade. Para contornar isso, os fabricantes instalam dissipadores de calor ou até mesmo coolers por ventiladores parecidos com os que são utilizados em computadores, mas em menor tamanho.

Esses dissipadores e/ou coolers são essenciais para o bom funcionamento dos LEDs, pois o calor excessivo pode encurtar sua vida útil severamente ou até mesmo estragá-los, exigindo a substituição prematura do diodo. Infelizmente não há como verificar a condição desses dissipadores em casa porque, no geral, faróis e lanternas de LED são selados de fábrica, ou seja; é preciso contar com um pouco de sorte.

Faróis de LED costumam trabalhar em um tom puxado para o azul, o que é pior em condições ruins de tempo. Foto: Reprodução/Google

4 - a coloração tipicamente fria é pior em condições adversas

Esse não é um problema especificamente dos LEDs, mas sim da temperatura de cor em Kelvins que os fabricantes costumam trabalhar para os faróis, por exemplo. Essa escala serve para medir a coloração da luz emitida pela fonte luminosa em questão; enquanto as lâmpadas halógenas costumam trabalhar entre 2.700 e 3.200 Kelvins, um amarelo leve, os LEDs usados nos faróis dos carros normalmente ficam entre 6.000 e 6.500 Kelvins, o que já é um branco frio puxado para o azul. A título de curiosidade, os faróis de xenônio amplamente utilizados em carros de luxo dos anos 2000 operavam entre 4.000 e 4.500 Kelvins, o que é um branco quente.

A luz, assim como o som, é formada por ondas emitidas em uma determinada frequência. Quanto mais puxada para o violeta (que vem depois do azul na escala Kelvin), menor é o comprimento da onda de luz, tornando-a mais fácil de ser refratada; em contrapartida, quanto mais puxada para o vermelho (que vem depois do amarelo), maior é o comprimento dessa onda de luz, tornando-a mais difícil de se refratar. Na prática, isso significa que em condições adversas como chuva e neblina, a luz amarela é mais eficiente do que a azulada; por outro lado, em condições boas, a melhor visibilidade tende a ser da fonte de luz mais forte.

Para você entender melhor, encare as gotas da chuva ou a própria neblina como milhares de micro-refratários de luz bem na frente do seu carro; cada um desses refratários acaba por afetar diretamente a emissão de luz dos seus faróis. É uma refração pequena, mas que se torna grande na medida em que a quantidade desses refratários aumenta - ou seja, uma chuva forte ou neblina densa. Com uma fonte de luz azulada, a tendência é que você enxergue cada vez menos conforme a condição climática piora porque a refração é muito maior; já com uma fonte amarelada (que pode ser de LED), essa refração é menor, garantindo mais visibilidade.