terça-feira, 4 de março de 2025

2025 Volkswagen Amarok Extreme 3.0 V6 AT8; fortes argumentos

Reestilização da picape alemã não trouxe tantas novidades, mas manteve o poderoso motor V6 e a dirigibilidade de alto nível. Rodamos cerca de 500km em uma semana.

Texto e fotos por Yuri Ravitz
Modelo cedido por Volkswagen do Brasil

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Nosso exemplar testado veio na cor Branco Puro, a única sem custo adicional.

Carros de passeio são produtos complexos que têm o poder de motivar a compra (ou a repulsa) por diversos fatores diferentes, mas existem casos onde determinados modelos trazem características tão marcantes que elas acabam atuando como o "voto de Minerva" da situação, fazendo o consumidor bater o martelo quando está na dúvida entre ficar com a opção X ou a Y. É exatamente o que acontece com a viatura que testamos recentemente.

Estamos falando do Volkswagen Amarok, a sempre polêmica picape alemã que foi lançada no mercado brasileiro em 2010 e agora, quinze anos depois, segue sem alterações tão expressivas. As últimas novidades vieram na linha 2025, na forma de um facelift que trouxe retoques visuais e algumas poucas novidades tecnológicas. Será que ainda vale a pena? Nós rodamos cerca de 500km ao longo de uma semana para descobrir a resposta.

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Lanternas ganharam máscara em preto brilhante. O "lettering" na tampa da caçamba também é novo.

O que mudou?

O Amarok 2025 recebeu peças novas como: para-choque dianteiro, faróis principais e de neblina, grade frontal, rodas, emblemas na tampa da caçamba e lanternas. De frente, a picape agora traz faróis Full LED de série em todas as versões, equipados com luzes diurnas integradas e ajuste elétrico de altura, substituindo os halógenos do pré-facelift nas versões mais baratas e os bixenon nas mais caras. A variante Extreme traz ainda a barra superior da grade iluminada por LED, criando um visual distinto à noite.

No mais, novas rodas de 20 polegadas com acabamento diamantado, lanternas com máscara em preto brilhante e um novo "lettering" finalizam os retoques externos. Já na parte interna, as alterações foram muito mais discretas, limitando-se a novas costuras e acabamentos em pontos específicos. Muitos questionaram o porquê da picape não receber elementos como o cluster de instrumentos 100% digital "Active Info Display" e coisas do tipo; a questão se resume a limitações de projeto e arquitetura eletrônica.

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Motor V6 é o mais forte na categoria das picapes médias.

Entre as cinco mais

O Amarok já teve diversas opções de conjunto mecânico ao seu dispor, mas a linha 2025 chegou para mudar isso. As três versões do utilitário trazem o motor 3.0 V6 "TDI", turbinado e a diesel, capaz de gerar até 258cv e 59,1kgfm, atrelado a um câmbio automático de oito marchas. É o mesmo motor que estreou na picape em 2017, já com a reprogramação de fábrica que foi introduzida a partir da linha 2021.

Com todo esse poder de fogo, o Amarok vai de 0 a 100km/h em apenas 7,4 segundos, posicionando-se entre as cinco picapes mais rápidas do Brasil. Para completar, o sistema de tração integral 4MOTION é do tipo AWD, gerenciado eletronicamente e sem intervenção do motorista, além de não contar com opção de reduzida. Há bloqueio eletrônico de diferencial e trocas manuais na alavanca ou no volante.

Ambiente é praticamente o mesmo há quinze anos. As alterações foram mínimas.

Merecia (bem) mais...

A lista de equipamentos do Amarok 2025 contempla itens como: seis airbags, faróis Full LED com luzes diurnas e ajuste elétrico de altura, bancos dianteiros com ajustes elétricos (incluindo lombar), faróis de neblina em LED, sensores dianteiros e traseiros de estacionamento, câmera de ré, rodas aro 17, central multimídia com tela de 9 polegadas e espelhamento sem fio para smartphones, assistente de descida, entre outros.

A versão intermediária Highline acrescenta ar condicionado digital de duas zonas, rebatimento elétrico dos retrovisores, volante multifuncional com paddle-shifters, bancos em couro, guia de LED na grade frontal, entre outros. Por fim, a top de linha Extreme agrega rodas aro 20, monitoramento de pressão dos pneus, santo-antônio decorativo, estribos laterais e pedaleiras esportivas. Os preços vão de R$313.990 a R$354.990.

Bancos dianteiros contam com ajustes elétricos, mas não há memórias.

Músculos à prova

Os 500km que rodamos com o Amarok 2025 privilegiaram trechos rodoviários, divididos em uma proporção de 70/30 com percursos urbanos. De cara, as impressões da reestilização da picape alemã se mostram mais agradáveis ao vivo do que por foto; o Amarok manteve sua imponência e a capacidade de chamar atenção nas ruas, especialmente à noite por conta do filete de LED que interliga os faróis e os grandes aros de 20 polegadas. Os faróis de neblina são os mesmos utilizados no Nivus pré-facelift e no atual Virtus.

Por outro lado, o interior causa frustração por ter mantido o acabamento excessivamente simples, usando e abusando de plástico rígido (nem sempre de bom aspecto visual) por todos os lados. O painel com instrumentos analógicos traz uma pequena tela colorida ao centro para as funções do computador de bordo e a nova central multimídia de 9 polegadas é simplória demais. Resumindo a ópera: em vista do preço de tabela, a nítida sensação é a de que a picape merecia muito mais, especialmente na parte interna - por fora, agradou.

Versão Extreme traz adesivos decorativos nas portas.

As sensações seguem mistas até o momento em que você dá a partida no V6 e começa a andar com o utilitário. O seis-cilindros acorda manso e chega a ser bem discreto, mas leva as mais de duas toneladas sem qualquer dificuldade; o câmbio é que merecia um escalonamento melhor, pois as marchas menores parecem excessivamente curtas e fazem a picape parecer um tanto "amarrada". Na estrada, por outro lado, o Amarok vira um míssil e deixa vários outros carros para trás.

Os pouco mais de 59kgfm de torque aparecem desde os 1.400rpm e vão até 3.000rpm quando começam a cair, porém, essa queda de torque é compensada pelos 258cv de potência máxima que se manifestam a partir dos 3.250rpm e se mantém nesse pico até os 4 mil giros, cortando as rotações a 5 mil rpm. Em outras palavras, sobra força o tempo inteiro, o que deixa a condução altamente prazerosa e segura, pois o Amarok faz tudo o que o motorista deseja sem deixar dúvidas.

A melhor parte é que a picape alemã consegue esbanjar desempenho sem maltratar o bolso na hora de abastecer. Nós andamos em praticamente 100% do tempo sem nos preocuparmos em conduzir de maneira econômica e, ainda assim, a média geral ficou em 10,8km/l - ou seja, os números podem ser bem melhores durante uma direção mais comedida. Ao final do teste, com cerca de 500km rodados, o marcador do tanque de combustível estava apenas um pouco abaixo da metade.

Espaço traseiro é bastante adequado.

O acerto dinâmico e a dirigibilidade também são muito bons, fazendo o Amarok ser uma das picapes que mais se assemelham a um carro qualquer ao volante - e esse sempre foi um forte argumento de vendas da alemã. É uma experiência muito diferente do que se tem, por exemplo, em concorrentes como o Fiat Titano e o Mitsubishi L200 Triton que mostram uma pegada muito mais rústica e "raiz". Se isso é um defeito ou uma qualidade, como sempre falamos, depende unicamente dos gostos pessoais de quem dirige, mas a qualidade da experiência ao volante do Amarok é inquestionável.

No mais, o Amarok mantém os acertos e erros de sempre. Embora a picape não seja referência em tecnologia embarcada, tudo está ao alcance do condutor e funciona corretamente, mas precisamos deixar uma ressalva quanto ao "Safer Tag", o pequeno display redondo no centro do painel que exibe meros alertas: mudança indevida de faixa, possível colisão, entre outros. Pelo menos a versão Extreme e seus mais de 350 mil reais deveriam ter recebido alguns mínimos assistentes semiautônomos de condução que estão presentes em inúmeros modelos mais em conta.

Conjunto ótico totalmente em LEDs deixou a picape com um ar mais sofisticado.

Avaliação geral

Design: o design original do Amarok era, na nossa opinião, impecável. A reestilização não manteve esse desenho indefectível, mas não ficou de todo ruim. No geral, agradou e faz boa vista. Nota: 8

Interior: o que mudou na cabine do Amarok ao longo de quinze anos? Quase nada, para ser exato. Sabemos que compradores de picapes médias costumam ser mais conservadores, porém, não dá para pedir mais de 300 mil reais em um ambiente de aspecto visual (e tátil) tão barato. Pelo menos ele cumpre com a obrigação de ser bem montado, sem peças desalinhadas ou rebarbas. Nota: 4

Mecânica: motor V6, câmbio de oito marchas e tração AWD são características dignas de produtos do primeiro escalão. A suspensão traseira por eixo de torção com feixes de molas é padrão, mas há freios a disco nas quatro rodas, uma solução incomum entre picapes. Nota: 10

Tecnologia: o Amarok Extreme tem todo o "kit dignidade" de hoje em dia, entretanto, deixa bastante a desejar quando lembramos dos 354.990 reais que são cobrados pela versão de topo. Nota: 4

Conveniência: a chave canivete traz abertura e fechamento remoto tanto das janelas quanto dos retrovisores. Os estribos laterais são muito úteis para o embarque e desembarque, pois o Amarok é bastante alto; há capota marítima e protetor de caçamba disponíveis de série, ajuste elétrico de altura dos faróis, alças nas colunas A e B para facilitar o acesso... Enfim, muito bom. Nota: 9

Acomodações: os bancos são agradáveis e o espaço é adequado para quatro adultos + uma criança no meio da segunda fila. Há portas USB suficientes para todos, porém, sentimos falta de saídas traseiras de ar condicionado. Há apoios de braço na frente e atrás. Nota: 8

Funcionalidades: tudo no Amarok Extreme 2025 funcionou como deveria o tempo inteiro, sem travamentos ou bugs. Nota: 10

Desempenho: o Amarok V6 é, sem exageros, um brutamontes. A condução da picape alemã é deliciosa e, caso os números já vistosos do seis-cilindros não sejam suficientes, há uma função Overboost que é acionada ao se pisar fundo no acelerador, elevando o pico de potência para 272cv. Pode não ser a mais aventureira de todas, mas não deixa nada a desejar no asfalto e chega a "humilhar" diversos modelos menores. Nota: 10

Segurança: o Amarok 2025 passou pelo crivo do Latin NCAP no ano passado e saiu com três estrelas de cinco possíveis. Segundo o órgão, a picape mostrou boa qualidade estrutural e proteção para os passageiros, contudo, deixou a desejar por não oferecer assistentes semiautônomos de segurança, apenas alertas visuais e sonoros - através do Safer Tag que condenamos alguns parágrafos acima. Resumindo a ópera, há potencial para gabaritar o teste, mas é imprescindível investir em segurança ativa. Nota: 7

Custo X Benefício: o Amarok nunca foi barato, entretanto, hoje parece estar mais caro do que nunca. Tenha em mente que o grande apelo da picape alemã está debaixo do capô; se você analisar qualquer outro aspecto, a chance de encontrar exatamente o que procura em algum dos rivais mais em conta é grande. Se, por outro lado, o prazer ao dirigir fala mais alto ao ponto de lhe fazer ignorar outros tópicos, pode ser que o Amarok se torne o companheiro perfeito da sua garagem. O fato é que, no conjunto da obra, a picape alemã deveria ser mais barata (ou mais equipada) para realmente valer a pena mediante um ponto de vista geral de atributos. Ruim? Longe de ser, contudo, é o tipo de produto que nos faz questionar onde foi parar toda a quantia investida na aquisição e essa sensação nunca é agradável. Nota: 6

Avaliação final: 76/100

Lanternas são totalmente feitas por lâmpadas halógenas.

Considerações finais

Faz muito tempo que as picapes deixaram de ser meros veículos de trabalho. Hoje, na verdade, servem muito mais como objeto de ostentação do que qualquer outra coisa; não é por acaso que existem inúmeros tipos de picapes no mercado atual. De compactas a gigantes, com motores aspirados ou turbinados, flex ou diesel, você pode comprar o tipo de picape que quiser mesmo que nunca vá utilizar uma caçamba na sua vida - e isso não é nenhum crime, afinal, nada melhor do que poder usufruir do nosso direito de escolha.

O Amarok 2025 é uma excelente opção para quem faz questão de uma picape média e precisa de um alto nível de performance em qualquer situação. Se, entretanto, você não precisa necessariamente de uma média, já existem várias alternativas menores e mais interessantes, mais baratas e com muito mais tecnologia embarcada e/ou um acabamento um pouco mais sofisticado. Apesar disso, precisamos ser justos: ao volante, o V6 de mais de 250 cavalos é um forte argumento de vendas e uma boa justificativa de compra.

Para-barros são de série.

Ficha técnica

Motor: 3.0 turbo, 6 cilindros em V, 24 válvulas, diesel
Potência: 258cv a 3.250rpm (272cv com overboost)
Torque: 59,1kgfm a 1.400rpm
Transmissão: automática de oito marchas
Tração: integral sob demanda (AWD)
Suspensão: independente na dianteira, eixo de torção na traseira
Freios: discos ventilados na dianteira, discos sólidos na traseira
Direção: hidráulica
Pneus: 255/50 R20
Comprimento: 5,35m
Largura: 1,95m
Entre-eixos: 3,09m
Altura: 1,85m
Peso: 2.191kg
Caçamba: 1.280l
Carga útil: 1.104kg
Capacidade de reboque: até 2.700kg (com freio)
Tanque de combustível: 80l

0 a 100km/h: 8,0s (dado de fábrica)
Velocidade máxima: 190km/h


Fotos (clique para ampliar):