Modelo cedido por Renault do Brasil
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Nossa unidade testada veio na cor Laranja Energy, disponível por R$1.900 à parte. |
Ele está de volta! O inédito Renault Kardian retorna ao Volta Rápida para mais uma avaliação completa, porém, o teste do momento é com a versão de entrada Evolution equipada com transmissão manual; além de ser a única configuração desse tipo na gama do modelo francês, trata-se de um raríssimo exemplar de SUV compacto que ainda oferece pelo menos uma variante com câmbio manual. Vale lembrar que nós já testamos a novidade da Renault na versão topo-de-linha Première Edition - confira através desse link.
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Versão Evolution dispensa detalhes prateados no exterior, bem como o teto contrastante em preto. |
O poder da escolha
A versão Evolution é a mais barata da gama do Kardian, posicionada abaixo da intermediária Techno, com preço tabelado atualmente em R$106.990 com câmbio manual ou R$118.090 com o automatizado de dupla embreagem, o que representa 11.100 reais de diferença entre as opções de transmissão. Já o visual e a lista de equipamentos são os mesmos independentemente da transmissão escolhida - você verá os detalhes dos itens de série mais abaixo.
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Motor 1.0 TCe estreou no Kardian e deve chegar a outros Renault no futuro. |
Mesmo na versão mais barata, o Renault Kardian traz o motor 1.0 turbo flex da família TCe que equipa as demais versões, de três cilindros em linha, capaz de gerar até 125cv e 22,4kgfm de potência e torque máximos. Nesse caso, ele é atrelado a um câmbio manual de seis velocidades com escalonamento pensado para entregar um equilíbrio correto entre desempenho para os trechos urbanos e economia em percursos rodoviários. Ele leva o Kardian de 0 a 100km/h em 11 segundos contra 9,9s da transmissão de dupla embreagem, mas a velocidade máxima de 180km/h é a mesma.
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Cabine traz acabamento mais simples com bancos em tecido e portas dianteiras com revestimento no apoio de braço. |
De entrada? Tem certeza?
A lista de equipamentos do Kardian Evolution não traz opcionais. Ela inclui: faróis Full LED com ajuste elétrico de altura, luzes diurnas em LED, seis airbags, painel de instrumentos 100% digital, ar condicionado digital, sensores traseiros de estacionamento, câmera de ré, central multimídia de 8" com espelhamento para smartphones, piloto automático, retrovisores com ajustes elétricos, racks de teto funcionais, rodas aro 16 em aço estampado com calotas em estilo diamantado, entre outros. O freio de estacionamento é por alavanca ao invés do eletrônico das variantes mais caras e ele dispensa assistentes semiautônomos de segurança.
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Calotas que imitam rodas de liga leve; tendência que ganha força no cenário automotivo. |
Tudo sob controle
Rodamos cerca de 500km a bordo do Kardian com câmbio manual e tivemos boas surpresas. Para começar, as rodas aro 16 calçam pneus de perfil 60 contra os perfis 55 dos pneus das versões mais caras que equipam as rodas de 17 polegadas; pode parecer pouco, mas são 11mm de diferença que se traduzem em um rodar consideravelmente mais confortável e silencioso - para o modelo de entrada, é claro. O acerto da suspensão do SUV compacto francês já é muito bom, entretanto, ficou ainda melhor com as rodas menores. Já as calotas que imitam aros de liga leve dividem opiniões; nós gostamos da solução, mas sabemos que muitos pensam diferente.
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Manopla de câmbio traz acabamentos prateados que imitam alumínio. |
Já a condução com o câmbio manual é muito agradável. O pedal de embreagem tem o peso correto, não deixando que a experiência se torne cansativa mesmo após horas dirigindo; de igual modo, a alavanca de transmissão traz engates precisos e firmes, o que deixa o nível da dinâmica de pilotagem lá no alto. A única queixa nesse sentido é que a operação poderia ser um pouco mais justa e curta como nas transmissões manuais dos Volkswagen modernos, mas ainda assim, a transmissão desenvolvida pela HORSE cumpre seu papel com maestria.
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Painel de instrumentos exibe conta-giros, velocímetro e outras informações pertinentes. |
Em movimento, o Kardian demora um pouco até "pegar no embalo" e isso se deve ao fato do 1.0 turbo entregar seu pico de torque somente a partir dos 2.500rpm - com etanol, pois essa faixa vai para 3.000 na gasolina. Embora isso seja constantemente atribuído a um suposto "turbolag", o que acontece na verdade é o fenômeno do limite de aumento (do inglês boost threshold), a faixa de rotações onde o motor sobrealimentado ainda não é capaz de entregar todo seu poder. Passada essa linha de giro, o motor já consegue despejar toda sua cavalaria e torque nas rodas dianteiras, levando o francês com muita esperteza mesmo quando carregado.
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No close, o botão de desligamento do start-stop e o controle do ajuste de altura dos faróis. |
A Renault declara ter privilegiado relações mais curtas nas marchas iniciais, como a 1ª e a 2ª, mas não espere nada como um Chevrolet Celta - e isso não é uma crítica. Na prática, estamos dizendo que você consegue conduzir o Kardian mesmo nas marchas mais baixas sem se irritar com um câmbio excessivamente curto que faz o carro parecer afobado. Nas marchas mais altas, a coisa muda de figura e as relações foram pensadas para manter o giro baixo mesmo em altas velocidades; viajando a 110km/h em sexta marcha, o motor se mantém quase a 2.000rpm, privilegiando o silêncio a bordo e o consumo de combustível. Nossa média foi basicamente a mesma do teste com o Kardian top de linha, nas mesmas circunstâncias.
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Espaço interno é adequado para a maioria dos compradores. |
No mais, é o mesmo Kardian que já conhecíamos e isso é muito bom, pois o modelo é repleto de qualidades. As acomodações são agradáveis, é fácil achar a melhor posição para se dirigir e o espaço interno é bastante adequado para a maioria dos possíveis compradores - muito melhor do que em rivais como Fiat Pulse, Fastback e Volkswagen Nivus, por exemplo. Tivemos a grata surpresa da versão de entrada Evolution não ter recebido a moldura decorativa na lateral do console central que, no teste da Première Edition, machucava o joelho direito ao se dirigir por longos períodos; por outro lado, é uma pena que ele não ofereça saídas traseiras de ar ou portas USB para quem viaja na segunda fila.
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Faróis são inteiramente em LEDs; luzes diurnas, de posição e indicadoras de direção ficam acima, também sempre por LEDs. |
Considerações finais
O Kardian é, sem rodeios, uma das melhores compras no segundo escalão dos SUVs compactos de hoje. Apesar de parecer mais um hatch do que um SUV, o vão livre de quase 210mm do solo é muito bom e o francês apresenta um conjunto muito equilibrado com poucas falhas. O câmbio manual, contudo, só faz sentido se você fizer questão de ter um carro assim ou se quiser muito economizar; o Evolution com transmissão DCT anda melhor, é tão econômico quanto e será melhor de mercado na hora de passá-lo adiante. De todo modo, foi interessante ter mais esse contato com a novidade francesa que mostra que a Renault do Brasil aprendeu muito com o passado, visando acertar no presente e melhorar ainda mais no futuro.
Fotos (clique para ampliar):