quarta-feira, 15 de janeiro de 2025

2025 Range Rover Sport Autobiography PHEV 3.0 AT8; querer é poder

Conheça a intimidade de um dos SUVs mais caros e luxuosos à venda no Brasil, agora equipado com um poderoso sistema híbrido plug-in de mais de 500cv.

Texto e fotos por Yuri Ravitz
Modelo cedido por Jaguar Land Rover

Nosso exemplar testado veio na cor Cinza Carpathian com o teto em preto. Dependendo do tom escolhido, é possível levá-lo na cor da carroceria.

Falar sobre o preço das coisas nunca é uma tarefa simples, especialmente quando se trata sobre carros e, para piorar, no mercado brasileiro. Muito se discute sobre justiça dos valores cobrados e o que, de fato, se leva naquele veículo em questão de tecnologia embarcada, motorização, acabamento, conforto... Falando de forma mais direta, tudo se resume a adquirir um produto condizente com o alto investimento que se faz por ele; é o que todos nós queremos, certo?

Esse debate, contudo, costuma acontecer nas faixas mais acessíveis do mercado automotivo, até uma média de 200 a 300 mil reais; acima disso, os carros começam a se configurar de outras maneiras, entregando muito mais "recheio" e atendendo a essas expectativas de um modo mais convincente. O Range Rover Sport é um dos representantes dessa casta de elite e nós tivemos a chance de conhecê-lo durante dez dias e mais de 2.000km de testes.

As enormes ponteiras trapezoidais de escape são funcionais. Conjunto ótico é inteiramente feito por LEDs.

Seguindo bons exemplos

O Range Rover Sport nasceu em 2005 para ser uma versão mais descolada do Range Rover original. Hoje, vinte anos depois, o SUV de grande porte está em sua terceira geração e mantém a essência original, entretanto, está mais próximo do irmão maior do que nunca, o que pode ser observado desde o lado de fora através do visual no melhor estilo "batmóvel". Os faróis e as lanternas ficaram ainda mais afilados em relação a geração passada, deixando o utilitário com um ar mais futurista e agressivo.

Atualmente ele é oferecido no Brasil em duas versões: Dynamic HSE e Autobiography. Nós testamos justamente a opção mais cara que parte de R$1.185.500 pela tabela atual, mas pode custar muito mais à medida em que você configura o carro do seu jeito. Nossa unidade de teste, por exemplo, trazia opcionais como as enormes rodas de 23 polegadas com enxertos em fibra de carbono, telas individuais para os passageiros de trás, acabamento interno com apliques de carbono forjado e muito mais.

Como de costume em modelos premium, o cofre do motor é quase inteiramente coberto por acabamentos plásticos.

Dupla poderosa

A grande novidade da linha 2025 do Range Rover Sport é o conjunto mecânico identificado pela marca como P550e, escolhido para substituir o antigo D350 a diesel. Temos aqui um motor 3.0 de seis cilindros em linha, a gasolina e turbinado, atrelado a um conjunto elétrico para entregar nada menos do que 550cv e 81,5kgfm de potência e torque máximos. Todo esse poder de fogo leva o grandalhão de luxo a 242km/h de velocidade máxima, bem como de 0 a 100km/h em 4,9 segundos, tempo ótimo para um carro de quase 3 toneladas.

A parte elétrica do Range Rover Sport é do tipo plug-in, ou seja, pode ser recarregada por tomada, inclusive com suporte a cargas rápidas. Há uma bateria de 31,8kWh que garante até 69km de autonomia segundo o PBEV, do Inmetro, mas que consegue entregar algo entre 80 e 90km no uso contínuo. No nosso percurso, alternando as fontes energéticas, conseguimos médias de 13 a 15km/l, porém, dependendo do seu trajeto, dá para utilizar somente o modo elétrico e poupar a gasolina para viagens, por exemplo.

Nós chamamos de "cabine", mas também dá para chamar de "sala de estar".

Motorhome em escala

O Range Rover Sport Autobiography é o carro mais caro que já testamos no Volta Rápida até hoje e traz uma lista de equipamentos condizente com seu preço de tabela. Alguns de seus itens de série são: faróis Full LED adaptativos, direcionais e com projeção digital de imagens, ar condicionado de quatro zonas ajustáveis em temperatura, ventilação e direção, suspensão a ar adaptativa com altura e rigidez configuráveis, modos de condução customizáveis, esterçamento das rodas traseiras, Head-Up Display, teto solar panorâmico, iluminação ambiente por toda a cabine, faróis de neblina em LED, freios Brembo, bancos dianteiros com ajustes elétricos, almofadas de cabeça ajustáveis, climatização completa e massagem, entre muitos outros.

Nossa unidade testada ainda trazia opcionais como o pacote Black, responsável por trocar os detalhes externos em bronze por peças em preto brilhante, bem como o sistema de som Meridian Signature com nada menos do que 30 alto-falantes (sendo um subwoofer) e 1.430w de potência máxima, sistema de entretenimento traseiro com telas individuais de 11,4 polegadas, pacote Comfort com geladeira no console central e muito mais. Por fim, há um arsenal completo de assistências semiautônomas de segurança, além de opções quase infinitas de customização tanto para o exterior quanto para o interior. Os bancos traseiros também contam com inclinação elétrica do encosto e almofadas de cabeça ajustáveis.

Interior pode ser customizado de diversas formas: padrões de tecido, acabamentos, apliques, cores...

Na dúvida entre um e outro, leve ambos

Nosso teste com o Range Rover Sport foi um pouco diferente do habitual, pois fomos até a cidade de São Paulo para retirá-lo e trazê-lo para nossa base no Rio de Janeiro. É claro que aproveitamos a oportunidade para estabelecer todas as impressões possíveis sobre o SUV de luxo tanto em percursos urbanos quanto nos trechos rodoviários. Logo de cara, o primeiro obstáculo se apresentou ainda na capital paulista: um longo e demorado congestionamento entre as marginais Pinheiros e Tietê, um importante trecho do nosso caminho até o pedaço da rodovia Presidente Dutra (BR-116) que interliga ambos os estados.

Levamos nada menos do que três horas para percorrer os 20km do ponto de retirada do "nosso" Range Rover Sport até o começo da Via Dutra. Na grande maioria dos carros, isso poderia se traduzir em uma situação desconfortável e que fatalmente acabaria com o combustível do veículo, entretanto, além dos inúmeros recursos de conforto, o utilitário britânico mostrou um dos principais argumentos de vendas dos híbridos plug-in: a propulsão elétrica de maior capacidade do que nos híbridos convencionais (ou híbridos plenos, como preferir chamar). Durante essas três horas, rodamos unicamente no modo elétrico, sem gastar uma gota sequer de gasolina.

São quase 5 metros de comprimento. Há espaço de sobra para cinco adultos.

Terminada a odisséia pelas marginais, chegamos na rodovia com o tanque ainda cheio, mas a energia praticamente esgotada; aproveitamos uma parada de aproximadamente 40 minutos para nos alimentarmos e fazermos uma recarga rápida em uma estação de 120kW - nesse tempo, o RR Sport recuperou cerca de 23kWh de energia e o custo foi de R$52,98; fazendo as contas, foram recuperados aproximadamente 72% de energia nesse tempo, o suficiente para mais alguns quilômetros sem consumir combustível.

O SUV de luxo conta com três opções de condução. A primeira é a Hybrid onde ele prioriza a direção 100% elétrica, mas aciona o motor a combustão caso seja necessário em ultrapassagens e coisas do tipo. A segunda é a Save onde ele roda unicamente na gasolina, visando poupar a energia elétrica; por fim, há o modo EV no qual ele utilizará unicamente a energia elétrica até que ela acabe, independentemente do quanto você pise no acelerador. A escolha é feita pela central multimídia.

Atrás, conforto e mimos dignos da primeira classe. Há saídas de ar no teto e cortinas retráteis que protegem dos raios solares.

O interessante é que mesmo quando roda unicamente no modo elétrico, o Range Rover Sport tem disposição suficiente para fazer tudo o que é necessário, inclusive ultrapassagens. Embora não seja o mais forte, o motor elétrico é o que oferece a experiência de direção mais prazerosa de maneira geral; quando utilizado com o motor a gasolina, há uma transmissão automática de oito marchas que insiste em segurar as marchas mais baixas sem necessidade, fazendo o carro parecer "amarrado" como se estivesse constantemente tentando subir uma ladeira.

Mas não pense que falta força. Muito pelo contrário: o utilitário é capaz de acelerações surpreendentemente rápidas para um veículo desse tamanho e peso, deixando claro que a questão inicial pode ser facilmente resolvida com uma atualização ou reprogramação do software do câmbio. Quando conduzido no modo Hybrid, todo o poder de fogo do sistema PHEV é despejado nas quatro rodas, fazendo com que os mais de 500cv e 80kgfm do conjunto levem o Range Rover Sport quase tão rápido quanto a antiga versão SVR, de concepção esportiva, disponível na geração anterior.

Volante traz ajustes elétricos de altura e profundidade, bem como botões capacitivos que podem mudar de função.

No mais, o Range Rover Sport impressiona pelo silêncio quase absoluto na cabine, não importando o nível de barulho externo, bem como pela eficiência de componentes como a suspensão a ar ajustável: você pode controlar a altura pela central multimídia, variando o vão livre do solo em até 11 centímetros (110mm). Parece pouca coisa ao se colocar dessa forma, mas na prática significa que ele vai de um vão livre de 160mm na posição mais baixa até 273mm na mais alta, tornando-se capaz de vencer obstáculos que fariam a grande maioria dos carros ficarem agarrados. Por outro lado, quando está na posição mais baixa, o visual fica mais esportivo e agressivo, facilitando ainda o acesso dos ocupantes ao entrar e sair do carro - não por acaso, quando o carro é desligado, o sistema o rebaixa automaticamente.

Outros recursos igualmente impressionantes são as telas de altíssima resolução e a boa taxa de atualização das informações, além dos faróis Digital LED que projetam até mesmo faixas de rodagem na pista e outras informações relevantes. O som opcional Meridian é um espetáculo à parte não só pela qualidade, mas pela quantidade de alto-falantes espalhados por todos os cantos da cabine; em conjunto com a climatização completa dos quatro principais assentos, transforma o Range Rover Sport em um verdadeiro lounge de luxo sobre rodas, que é o mínimo a ser esperado de um veículo desse preço. Em suma, o SUV britânico premium faz quase tudo com uma excelência quase ímpar, mas nem mesmo ele é imune a deslizes e algumas observações que não podem passar batido. Confira na seção de notas abaixo.

Faróis Digital LED são itens de série e também contam com função Matrix.

Avaliação geral

Design: o Range Rover Sport nunca teve a mesma elegância do Range Rover original, mas isso foi mudando com o passar dos anos e as alterações estéticas a cada geração ou facelift. Agora, o cenário é outro e o RR Sport esbanja opulência por todos os cantos do desenho externo, mesclando-a com um ar futurista e aristocrático que nenhuma geração passada consegue replicar. As enormes rodas aro 23, disponíveis apenas como opcionais, casaram como uma luva no conjunto. Nota: 10

Interior: se você é do tipo que vive condenando os interiores dos carros repletos de superfícies em plástico rígido, o Range Rover Sport foi pensado para você. Praticamente tudo o que seus olhos vêem ou seu corpo toca na cabine do SUV inglês traz algum material nobre, seja alcantara, couro ou um aplique decorativo em cromo escurecido com tons de bronze, preto brilhante... Em suma, ele consegue deixar claro onde os sete dígitos do preço na etiqueta foram gastos. O sistema de iluminação ambiente está presente no painel, nas quatro portas e até mesmo nos pés, deixando a cabine com uma ambientação bastante especial nos passeios noturnos. Nota: 10

Mecânica: suspensão a ar adaptativa e ajustável, independente nas quatro rodas, tração integral dotada de diferenciais blocantes nos dois eixos, além de um conjunto híbrido plug-in de mais de 500cv e 80kgfm atrelado a uma caixa automática de oito marchas, freios Brembo, rodas traseiras esterçantes... Precisa dizer mais? Nota: 10

Tecnologia: o Range Rover Sport traz tudo e mais um muito, principalmente na versão Autobiography que testamos. É uma pena que alguns recursos sejam opcionais, mas acredite: de maneira geral, a qualidade da experiência de propriedade não é afetada caso eles não sejam adquiridos. O SUV britânico tem muita, mas muita coisa e é provável que você não descubra tudo o que ele pode fazer durante o tempo em que for dono de um. Nota: 10

Conveniência: portas USB e luzes de cortesia para todos, inúmeros nichos para objetos variados, funções programáveis pela central multimídia, recursos dedicados ao off-road com "capô invisível" para enxergar obstáculos, câmeras em 360º com vistas até mesmo em terceira pessoa... Resumindo a ópera, seria mais fácil listar o que ele não faz. Nota: 10

Acomodações: os bancos dianteiros trazem ajustes elétricos, climatização completa, três memórias e diversos tipos de massagem com intensidade regulável. Os bancos de trás dispensam apenas a massagem, pois também contam com ajuste elétrico (de inclinação do encosto) e climatização completa. Parece perfeito, mas não é: sentimos falta dos extensores de assento nos bancos dianteiros, muito úteis para os mais altos por permitirem o repouso das pernas. Nota: 9

Funcionalidades: vez ou outra, o carro se recusou a utilizar o modo EV (somente elétrico) sem nenhum motivo aparente ou dar qualquer mensagem no painel ou na central multimídia, mesmo estando carregado, nos obrigando a usar o motor a combustão por alguns minutos/quilômetros. Também notamos que, por vezes, a função Matrix dos faróis Digital LED não conseguia identificar os veículos adiante, causando ofuscamento e nos obrigando a desativar o sistema. Fora essas ocorrências, tudo funcionou como deveria. Nota: 7

Desempenho: o conjunto motriz do Range Rover Sport é quase perfeito, pois entrega um ótimo nível de performance. Quem não parece acompanhar é a transmissão automática que, como dissemos anteriormente, segura marchas sem necessidade ocasionalmente. Também notamos um certo tranco que acontece esporadicamente quando o sistema aciona o motor a combustão por qualquer motivo. Pode ser mera questão de software, mas precisa ser vista; fora isso, de fato, o SUV britânico não deixa a desejar quando é requisitado. Nota: 8

Segurança: o Range Rover Sport já passou pelo rígido Euro NCAP e saiu com cinco estrelas. Não é nenhuma surpresa, pois além da qualidade estrutural, o utilitário de grande porte traz praticamente todos os recursos possíveis e imagináveis de segurança que um automóvel atual pode oferecer. Nota: 10

Custo X Benefício: quando você desembolsa mais de um milhão de dinheiros (seja qual moeda for) por um veículo, o mínimo que se espera é que ele seja perfeito em quase tudo, ou quase perfeito em tudo. O Range Rover se encaixa na primeira opção - é perfeito em quase tudo. O modelo está em sua melhor forma e o novo conjunto mecânico deu um considerável salto qualitativo em relação ao antigo; apesar disso, ainda há claros espaços para melhorias que devem ser feitas o quanto antes. São pouquíssimos os carros 0km à venda no Brasil hoje que, por esse valor, entregam tanto luxo e conforto quanto o britânico, mas há várias opções mais voltadas a esportividade e "ostentação", algo tão cobiçado pelos brasileiros nos dias atuais. O conjunto da obra ficou muito bom e convence naquilo em que se propõe. Nota: 8

Avaliação final: 91/100

Antenas duplas servem para diversas funções: GPS, rádio, conexão à internet, entre outras.

Considerações finais

Andar com o Range Rover Sport é, sem trocadilhos, se sentir parte da realeza britânica. Não é comum vermos veículos que conseguem entregar excelência de tantas formas distintas e não é apenas uma questão de valores: existem várias opções automotivas milionárias que deixam a desejar de diferentes formas. O Range Rover Sport de hoje é resultado de anos de evolução e aperfeiçoamento, tornando-se o melhor de sua linhagem histórica.

A adoção do conjunto híbrido plug-in faz dele o carro familiar quase perfeito, seja para uso urbano ou rodoviário. Como se não fosse o bastante, você ainda pode configurá-lo do jeito que quiser, optando por cores, acabamentos, estilos e equipamentos que deixam a experiência mais personalizada e individual, fazendo jus ao nome Autobiography. Como dizem por aí, querer é poder e com o SUV britânico você pode ter (quase) tudo o que desejar.



Ficha técnica

Motor: 3.0 turbo, 6 cilindros em linha, 24 válvulas, gasolina
Potência: 400cv a 5.500rpm
Torque: 56,1kgfm a 2.000rpm
Motor elétrico: 218cv e 45,9kgfm
Bateria: 38,2kWh (31,8kWh usáveis)
Transmissão: automática de oito marchas
Tração: integral permanente
Suspensão: independente por bolsas de ar nas quatro rodas
Freios: discos ventilados nas quatro rodas
Direção: elétrica
Pneus: 285/40 R23 (quando equipado com as rodas opcionais)
Comprimento: 4,94m
Largura: 2,04m
Entre-eixos: 2,99m
Altura: 1,82m (com a suspensão no nível normal - vão livre do solo de 209mm)
Peso: 2.810kg
Porta-malas: 647l
Tanque: 71,5l

0 a 100km/h: 4,9 segundos
Velocidade máxima: 242km/h


Fotos (clique para ampliar):