domingo, 5 de maio de 2024

2025 Renault Kardian Première Edition 1.0 AT6; recalculando a rota

Modelo 100% inédito quer começar a "virada de chave" da Renault no Brasil. Rodamos com a versão mais cara por uma semana e mais de 750km.

Texto e fotos por Yuri Ravitz
Modelo cedido por Renault do Brasil

Nosso exemplar testado veio na cor de lançamento Laranja Energy, disponível por R$1.900. Nessa versão, o teto sempre vem em preto.

Quando a francesa Renault começou a atuar no Brasil, em 1993, ela queria oferecer produtos que iam além do que o nosso mercado conhecia até então, apostando em inovação, tecnologia, segurança e ousadia, fugindo do lugar comum que os fabricantes já estabelecidos no país comercializavam. Com o passar do tempo, os planos foram mudando e a estratégia passou a ser focada em volume de vendas; qualidade ou refinamento já não estavam entre as prioridades, pois a ideia era ganhar participação de mercado com modelos acessíveis e rentáveis pela quantidade.

Acontece que, mais uma vez, a estratégia sofreu alterações e a Renault brasileira dos tempos atuais deseja, aos poucos, voltar a ser conhecida pelos atributos que fizeram seu nome por anos dourados. A vitrine dessa nova fase é o inédito Megane E-Tech, um fantástico SUV compacto 100% elétrico de pegada premium que avaliamos no começo do ano e que deixou a expectativa pelos futuros lançamentos nas alturas, mas o verdadeiro carro-chefe da nova etapa também é inédito e atende pelo nome de Kardian, um SUV compacto que quer, literalmente, virar a chave da marca no Brasil e recolocá-la no caminho do sucesso.

A fim de conhecer as qualidades e os defeitos da novidade francesa, a montadora cedeu um exemplar da versão Première Edition, a mais cara do portfólio atual, para nossa avaliação padrão de uma semana. Ela é tabelada atualmente em R$132.790 e compõe o trio de configurações que ainda tem a versão de entrada Evolution por R$112.790 e a intermediária Techno por R$122.990; não há pacotes opcionais para nenhuma delas e a variante top de linha vem sempre com o teto em preto.

Lanternas trazem acabamento estilo cristal, com lentes transparentes e molduras em máscara negra.

Tudo novo pelo novo

O Kardian é um carro inteiramente novo, sem quaisquer ligações com outros Renault. Começa pela plataforma denominada RGMP (Renault Global Modular Platform) que é uma evolução da conhecida CMF-B na variante LS (low spec), mais barata do que a HS (high spec), passando pelo conjunto mecânico até a linguagem visual tanto interna quanto externa. Ele é fabricado em São José dos Pinhais (PR), na mesma planta que abastecerá outros mercados da América Latina, e se posiciona abaixo do Duster na gama atual da Renault por conta de seu porte e preço; apesar disso, supera o irmão maior e mais caro em inúmeros pontos. É uma relação parecida com a que existe entre o Nivus e o T-Cross na Volkswagen, ou entre o Pulse e o Fastback na Fiat - a diferença é que o Kardian não traz semelhança alguma com o Duster em sua concepção geral, nem é derivado de um hatch compacto como o Argo para os Fiat ou o Polo para os VW.

Desde que começou a aparecer, o Kardian levantou dúvidas sobre ter relação com o atual Dacia Sandero não oferecido no Brasil, ou mesmo sobre ser uma espécie de evolução do Stepway que promete sair de linha em breve. Na verdade, ambos os questionamentos não fazem o menor sentido: além da mecânica inédita no país, a arquitetura RGMP não é utilizada por nenhum outro produto da Renault no planeta. O Kardian é o primeiro e a marca já confirmou que lançará outros modelos construídos sobre ela, uma vez que se trata de uma estrutura modular que pode ser adaptada para fazer até mesmo carros maiores - lembra da Volkswagen com a MQB, por exemplo, que atende do compacto Polo até o Tiguan com seus sete lugares? É apenas um dos muitos exemplos de modularidade de plataformas nos dias de hoje. Apesar da estética do Kardian lembrar o Stepway, não existe nada além disso.

Motor 1.0 turbo traz o código H5Dt na Renault e HR10DDT na Nissan.

Para chegar chegando

O Kardian conta com uma única opção de conjunto mecânico para as três versões da gama atual, composta por um novo motor 1.0 turbo flex de três cilindros da família TCe que gera até 125cv e 22,4kgfm de potência e torque máximos (no etanol), aliado a uma igualmente nova transmissão automatizada de dupla embreagem com seis marchas. Dotado de injeção direta de combustível, o motor é inédito em solo nacional, mas já equipa outros carros lá fora como a segunda geração do Nissan Juke, o Dacia Jogger e a terceira geração do Sandero; a diferença no Kardian é que, pela primeira vez, ele passa a ser flex.

Já a transmissão, de codinome DW23, compõe a família EDC (Efficient Dual Clutch) da marca e é inédita no mercado global, fazendo sua estreia no Kardian. Diferentemente das versões mais baratas (e problemáticas) dos câmbios das famílias Powershift da Ford e DSG do grupo Volkswagen, que operavam a seco, a nova caixa de marchas da Renault é banhada a óleo e sua operação se dá pelo que a montadora chama de e-shifter, um pequeno joystick que é totalmente eletrônico, do tipo drive-by-wire, sem conexão física com a transmissão em si.

Volante traz pegada em couro e acabamento prateado imitando alumínio. Há ajustes de altura e profundidade.

Cesta básica da comodidade

Desde a versão de entrada, o Kardian conta com uma lista de equipamentos interessante para sua categoria e preço. Sem opcionais, ela traz recursos como: faróis Full LED com luzes diurnas e ajuste elétrico de altura, seis airbags, central multimídia de 8 polegadas com espelhamento sem fio, cluster de instrumentos 100% digital com tela de 7 polegadas, piloto automático, sensores traseiros de estacionamento, câmera de ré, retrovisores com ajustes elétricos e repetidores de seta, bancos em tecido, portas USB tipo C na frente e atrás, ar condicionado digital automático, racks de teto funcionais e modulares, paddle-shifters para trocas manuais no volante, entre outros.

A versão intermediária acrescenta recursos como: frenagem autônoma de emergência, rodas aro 17 diamantadas, detalhes em vinil no painel e portas dianteiras, console central com apoio de braço e freio de estacionamento eletrônico. Já a nossa top de linha traz exclusividades como: piloto automático adaptativo (ACC), faróis de neblina por projetores de LED, sensores dianteiros de estacionamento, câmeras em 360º, iluminação ambiente customizável, sistema Multi-Sense de modos de condução, monitoramento de pontos cegos e carregador de smartphones por indução.

Bancos são em tecido com algumas porções menores em couro.

Me note, me olhe, me deseje

Rodamos mais de 750km com o novo Renault Kardian e as expectativas eram muito altas, afinal, trata-se de um carro inteiramente novo para o mercado brasileiro e, além disso, ele carrega a difícil missão de tentar fazer o público tupiniquim voltar a olhar com real carinho e interesse pelos produtos da montadora. Logo de cara, o Laranja Energy que foi escolhido como cor de lançamento faz escândalo e atrai a todos os olhares - lembra o Laranja Ocre já usado nos Kwid e Stepway, porém, é mais saturado e levemente perolizado, "explodindo" sob luz direta do sol. Para os que não gostam, há os tradicionais preto, branco, prata e cinza como alternativas; a versão top de linha traz detalhes prateados pelo exterior para dar um ar mais "nobre" ao conjunto.

A impressão que o Kardian passa no primeiro contato presencial é a de ser um Nivus da Renault - embora seja chamado de SUV, é baixinho e mais parece um hatchback esticado, integrando a turma dos "SUVs para quem não quer um SUV" como gostamos de falar. As linhas arrojadas fazem boa vista, tendo a dianteira com estilo semelhante ao adotado na reestilização do Kwid com as luzes diurnas/posição/seta acima e os faróis logo abaixo, enquanto a traseira aposta em uma solução famosa na era do tuning nos anos 2000: lanternas com lente cristal, deixando que as próprias lâmpadas façam as cores dos elementos luminosos - vermelho para os freios e âmbar para as setas. As luzes de posição traseiras são por LEDs vermelhos que mostram sua cor quando acesos.

De lado, o Kardian parece mais hatch do que SUV.

Os assentos frontais trazem abas laterais ao estilo dos bancos concha, "abraçando" o condutor e aumentando o conforto a bordo, sendo que o motorista traz ajuste de altura e nos lembrou o do novo C3 por causa da grande amplitude de regulagens; é possível deixar o banco bem baixo ou alto, favorecendo a ergonomia para todos os tipos físicos e estaturas. O volante também conta com ajustes de altura e profundidade, porém, é daqueles que despenca quando se aciona a alavanca de ajuste, solução normalmente aplicada a projetos de baixo custo e que não combina com a proposta do Kardian. Falando em alavanca, o seletor eletrônico do câmbio é uma solução comum em importados caros, mas é raridade nesse segmento; é fácil e interessante de operar, porém, quem não tem costume pode levar algum tempo até pegar o jeito.

Não é difícil achar a melhor posição para se dirigir e, no ato da partida, o SUV compacto francês volta a mostrar capricho com a tela onde os instrumentos são exibidos: é uma interface simples, porém, bastante funcional e completa, com os dados dispostos em um display de qualidade quase tão boa quanto a do painel do Megane E-Tech, mantendo tudo às claras mesmo sob luz direta do sol; você pode escolher mostrar o conta-giros, consumo médio, odômetro parcial ou apenas a velocidade sem mais nada. A central multimídia é oriunda do Duster e segue a mesma linha de aliar simplicidade com funcionalidade; até permite que alguns parâmetros do carro sejam configurados, mas não espere grandes possibilidades como no sistema OpenR do irmão maior e elétrico.

Console central é todo em plástico. Molduras decorativas nas laterais são finalizadas em cinza brilhante.

Ao sair da concessionária, o Kardian surpreende pela esperteza e fluidez com a qual se movimenta desde as velocidades mais baixas. O pedal do acelerador tem a sensibilidade correta e a transmissão não exita ao avançar as marchas para fazer o carro "crescer" rápido sem que seja necessário pisar fundo; o melhor é que as trocas de marcha, além de imediatas, são absolutamente imperceptíveis tanto para avançar quanto para reduzir, mostrando que a Renault dedicou atenção especial a esse ponto. Não notamos uma única ocasião onde o sistema segurasse marchas mais baixas para manter as rotações em alta sem necessidade, o que contribuiu para a média de ótimos 14,2km/l usando somente etanol em percurso misto, start-stop desligado e rodando com dois a quatro ocupantes.

Já o motor merece algumas observações específicas: trata-se do 1.0 turbo mais "torcudo" já oferecido até hoje no Brasil, entretanto, todo esse torque só começa a aparecer em uma faixa consideravelmente acima da média; a partir de 2.500rpm no etanol e de 3.000rpm na gasolina, enquanto que a maioria dos motores desse segmento começa a entregar seus picos de torque entre 1.750 e 2.000rpm. Na teoria, isso significa que existe uma margem maior de "limite de impulso" (do inglês boost threshold) no TCe do que nos rivais - essa é a faixa onde a turbina ainda não consegue gerar pressão suficiente para entregar todo seu poder extra.

Na prática, mesmo dentro dessa faixa de limite, o 1.0 TCe mostrou que já consegue entregar desempenho mais do que suficiente para mover o Kardian, atendendo todas as exigências do condutor, e a transmissão de dupla embreagem tem papel fundamental nisso - um CVT ou mesmo um automático convencional talvez atrapalhasse nessa circunstância. Vale acrescentar uma informação que consta no manual do proprietário, afirmando que o motor só passará a entregar todo seu desempenho a partir dos 3 mil km rodados; como recebemos nossa unidade com cerca de 730km, mediante o que rodamos, não foi possível conferir todo o potencial do francês, o que significa que ele se sairá ainda melhor quando estiver mais amadurecido.

Rodas aro 17 trazem acabamento em diamantado escurecido com preto brilhante.

Em suma, o Kardian anda muito bem e mostrou que não deve absolutamente nada aos concorrentes mais experientes com motores semelhantes. Isso também vale para o acerto dinâmico que se mostrou mais voltado ao desempenho do que ao conforto, mas que cumpriu seu papel deixando o compacto francês nas mãos o tempo inteiro; se você, por outro lado, prefere carros mais macios, talvez não se sinta tão à vontade nele... ou opte pela versão de entrada com rodas aro 16 e pneus mais altos ao invés dos aros 17 que equipam nosso topo de linha avaliado, calçados em pneus mais baixos.

No mais, a novidade francesa agradou por pontos diversos. O interior não esbanja espaço, contudo, é possível acomodar quatro adultos sem aperto - melhor do que no Nivus e no Pulse, por exemplo. O ar condicionado é eficiente e traz os mesmos controles do atual Duster; o ruim é que não conta com saídas traseiras. O sistema de som não possui assinatura de grife, porém, é de ótima qualidade e distribui a música corretamente pela cabine. O piloto automático adaptativo, por sua vez, também mostrou ter sido muito bem calibrado, algo raro entre os modelos nacionais, mas que é um luxo exclusivo da versão top; certos rivais já incluem o item por valores menores e a Renault deveria pensar nisso, nem que fosse apenas como pacote opcional nas variantes mais baratas.

O seletor Multi-Sense oferece três modos de condução: Eco, Sport e MySense. Eles alteram o comportamento do motor, da transmissão e da direção, além da iluminação ambiente nas guias de LED das portas dianteiras que conta com oito opções de cores; você pode programar cada modo com uma cor específica dele e essa cor também se replica no painel de instrumentos e na interface do multimídia, ou pode deixar no branco padrão (incolor) e desabilitar as guias luminosas das portas se preferir, visando um ambiente mais discreto. No modo Eco, o Kardian fica bem mais dócil e até um pouco moroso, enquanto o Sport o deixa um tanto escandaloso - para o uso cotidiano, o MySense é o mais adequado e você pode regular a sensibilidade da direção elétrica entre Conforto (mais macia), Normal e Sport (mais ríspida).

Guias de LED das luzes diurnas/de posição dão continuidade ao friso cromado superior da grade.

Avaliação geral

Design: o Kardian não é muito fotogênico, entretanto, faz boa vista pessoalmente e foi alvo de elogios nas ruas. A cor nada discreta dividiu opiniões - particularmente, até achamos bonita, mas não a escolheríamos para um eventual carro nosso. O conjunto ficou harmonioso e tem personalidade própria, não se parecendo com carros de outras marcas e deixando claro ser um Renault. A marca merece aplausos por continuar oferecendo pelo menos uma opção de cor que foge dos 50 tons de cinza e pela criatividade das lanternas em cristal, contudo, é muito difícil chamá-lo de SUV; deveria ser um pouco mais alto para isso. Nota: 7

Interior: sentimos um certo quê de Hyundai na cabine do Kardian e isso não é ruim - a cabine do novo HB20, na nossa opinião, ficou muito bem acertada. O Kardian puxa o "time de acesso" da Renault para os tempos atuais, trazendo multimídia em estilo flutuante e cluster de instrumentos digital, bem como um console central alto e decorações diferenciadas como as partes em preto brilhante na parte frontal do cockpit, os detalhes laranja nas costuras e bancos e, por fim, a iluminação ambiente customizável que é exclusividade dele no segmento. Os elogios só acabam quando se senta no banco de trás, pois as portas são inteiramente em plástico, sem nenhum dos elementos decorativos que deixam a cabine mais interessante na dianteira. Nota: 7

Mecânica: motor 1.0 turbo é figurinha carimbada entre os SUVs compactos que mais vendem - resta saber se o Kardian entrará nesse grupo. Já o câmbio de dupla embreagem é raridade na categoria, contribuindo para a eficiência energética do mini SUV urbano e deixando a condução bastante empolgante. No resto, o combo padrão de freios a disco somente na dianteira e suspensão traseira por eixo de torção. Nota: 8

Tecnologia: desde a versão de entrada, o Kardian já traz itens que alguns concorrentes mais caros não oferecem sequer como opcionais - como os faróis Full LED, ar condicionado digital, multimídia com espelhamento sem fio, entre outros. A versão top de linha traz ainda mais recheio que ajuda a reforçar a aura de "brinquedo novo da casa", nada que seja indispensável ao condutor, mas que deixa o convívio diário mais interessante e divertido. Na nossa opinião, o pacote de recursos é excelente em vista do preço. Nota: 10

Conveniência: a chave presencial traz partida e remota e basta ser aproximada do veículo para destravá-lo (ou afastada para trancá-lo), porém, não conta com abertura e fechamento remoto de janelas. Há luzes de cortesia para todos, inclusive nos dois quebra-sóis (que também oferecem espelhos), porta-objetos nas portas e console central, portas USB na frente e atrás, entre outros. Pontuaria mais alto se permitisse a configuração de mais parâmetros do carro através do multimídia e, claro, a abertura e o fechamento remoto das janelas. Nota: 6

Acomodações: os bancos são confortáveis e não cansam mesmo em viagens longas. A grande amplitude de ajustes do assento do motorista promete agradar dos mais baixos aos mais altos e, diferentemente do que acontece no Duster, a Renault conseguiu equilibrar os 2,60m de entre-eixos do Kardian entre uma cabine comedida e um porta-malas minimamente decente para um dito SUV compacto. Por fim, nossos agradecimentos ao time da Renault por não ter abolido as alças de teto, contudo, também deixaremos uma queixa específica: as molduras horizontais em cinza que adornam o console central fazem o joelho direito doer após horas dirigindo por causa do formato protuberante. Nota: 7

Funcionalidades: por um breve momento, a central multimídia se recusou a reproduzir o som do smartphone emparelhado via bluetooth. Em outro momento, os controles de velocidade do ACC não quiseram funcionar, nos obrigando a desligar o equipamento e religá-lo em seguida, o que fez os botões voltarem ao normal. Fora essas duas ocorrências, tudo funcionou como deveria, sem travamentos ou bugs. Nota: 7

Desempenho: mesmo com a quilometragem ainda abaixo do que o manual da Renault indica para a entrega máxima de desempenho do motor, o Kardian não decepcionou quando foi mais exigido por nós. Na rodovia, se comporta com a mesma eficiência dos outros 1.0 turbo da categoria; no urbano, entretanto, foi simplesmente brilhante, mostrando mais agilidade e leveza do que os rivais. Adoramos. Nota: 10

Segurança: o Kardian ainda não passou pelo Latin NCAP e sequer é possível fazer uma estimativa de seu desempenho, uma vez que a arquitetura RGMP é tão nova quanto o carro em si. Os recursos de segurança estão presentes e ele tem tudo para obter boas avaliações, porém, só o teste de colisão poderá bater o martelo. Atualizaremos a nota caso isso aconteça. Nota: 5

Custo X Benefício: pelos R$132.790 da tabela atual, o Kardian Première Edition é um top de linha que custa o mesmo ou até menos do que as versões intermediárias da maioria esmagadora dos rivais. Com muitas qualidades e nenhum contraponto sério que afete o convívio diário, é um dos melhores conjuntos da categoria no cenário atual. Apenas tenha em mente que, por mais interessante que seja, não espere sentir-se em um SUV - se é o que procura, fuja dele. Por outro lado, se conseguir deixar isso de lado em favor de um produto com forte potencial de agradar, acredite: será muito feliz. Nota: 8

Avaliação final: 75/100

Versão top de linha também conta com detalhes externos prateados nos para-choques e racks de teto.

Considerações finais

O Kardian é a prova de que a Renault observou o mercado brasileiro, buscou aprender com seus erros e quer voltar a ser verdadeiramente competitiva - ou talvez, quem sabe, de uma maneira que jamais foi no país. Ele não traz nenhuma revolução perante os concorrentes como um acabamento luxuoso ou um desempenho de tirar o fôlego, porém, era o produto com o nível de tecnologia, eficiência e modernidade (e preço) que a montadora precisava para entrar na briga do acirradíssimo segmento dos SUVs compactos. Como dissemos anteriormente, chega a superar o veterano Duster com folga em vários aspectos, mesmo diante das novidades introduzidas recentemente após o fim de linha do Captur.

Depois de passar anos buscando volume com os finados e simplórios Sandero e Logan, a Renault quer voltar a ser vista no Brasil como uma montadora que busca ir além do trivial. O Kardian não é um produto global como um Creta, Kicks ou T-Cross, mas é, definitivamente, um modelo que a marca pode expor aos montes nos showrooms em suas diferentes versões de acabamento, na certeza de que conseguirá agradar os clientes que desejam começar a elevar o nível de sua experiência automotiva. Por fim, o mais legal de tudo é que ele representa apenas o começo do recálculo de rota da francesa pelo solo nacional e, se os futuros lançamentos seguirem essa mesma rota, as coisas ficarão interessantes.


Concorrentes: Fiat Pulse, Volkswagen Nivus, Nissan Kicks, Volkswagen T-Cross, Fiat Fastback, Jeep Renegade, Peugeot 2008, Citroën C3 Aircross, CAOA Chery Tiggo 5X, Chevrolet Tracker

Versão Première Edition é a única a trazer aplique decorativo nos para-lamas dianteiros.

Ficha técnica

Motor: 1.0 turbo, 3 cilindros em linha, 12 válvulas, flex
Potência: 125cv (E) / 120cv (G) a 5.000rpm
Torque: 22,4kgfm (E) a 2.500rpm / 20,4kgfm (G) a 3.000rpm
Transmissão: automatizada de dupla embreagem com seis velocidades
Tração: dianteira
Suspensão: independente na dianteira, eixo de torção na traseira
Freios: discos ventilados na dianteira, tambores na traseira
Pneus: 205/55 R17
Comprimento: 4,11m
Largura: 1,74m
Entre-eixos: 2,60m
Altura: 1,59m
Peso: 1.166kg
Porta-malas: 410l
Tanque: 50l

0 a 100km/h: 10 segundos
Velocidade máxima: 180km/h


Fotos (clique para ampliar):