terça-feira, 20 de fevereiro de 2024

Testamos: Fiat Strada Ultra 2024 estreia motor turbo e melhorias variadas

Picape compacta recebeu o aguardado motor 1.0 turbo e outras melhorias para aumentar sua competitividade. Rodamos mais de 900km para conferir o resultado.

Texto e fotos por Yuri Ravitz
Modelo cedido por Stellantis Brasil

Nossa unidade veio na cor Prata Bari, disponível por R$2.290.

Sentimos uma enorme alegria quando vemos as empresas corrigindo pontos fracos apontados por nós durante as inúmeras avaliações que fazemos. Não é raro percebermos um bom produto que poderia ficar ainda melhor mediante pequenas correções, seja na lista de equipamentos ou na escolha do conjunto mecânico, tópicos sempre relevantes na hora de escolher um carro novo.

Pois bem: nossa avaliação da vez é com a nova geração do Fiat Strada, um dos maiores sucessos do mercado brasileiro nos últimos anos e que finalmente recebeu o aguardado motor turbinado, dentre outros mínimos retoques para deixá-lo ainda mais competitivo. É o nosso quarto contato com a picape: já a avaliamos nas versões Volcano com câmbio manual, Freedom cabine simples e Volcano com câmbio CVT.

Faróis de neblina em LED são os mesmos usados no Pulse, Fastback e Toro facelift, além do Jeep Renegade reestilizado.

Facelift ou atualização?

Embora alguns digam se tratar de um facelift, não é bem assim. A linha 2024 da picape teve a estreia do motor 1.0 turbo como grande novidade, o famoso "Turbo 200" que estreou no Pulse e também está no Fastback. O novo motor substituiu o 1.3 aspirado na variante Ranch e também inaugurou a versão Ultra para a gama da picape compacta; como forma de diferenciar as configurações turbinadas das outras, equipadas com o 1.3 Firefly, a Fiat adotou um novo para-choque frontal exclusivo para elas... e só.

A versão Ranch também ganhou novas rodas aro 16 com pneus de uso misto e estilo mais "country", enquanto a Ultra busca passar uma discretíssima pitada de esportividade urbana através de rodas escurecidas (também com 16 polegadas) e de detalhes vermelhos como o friso no para-choque e as costuras no interior. O novo para-choque também acompanha novos faróis de neblina em LED; as outras versões com motor aspirado não tiveram alterações nesse sentido.

Motor 1.0 turbo ficou justo no cofre do Strada.

Força de trabalho

Demorou, mas aconteceu. Finalmente o novo Strada conta com uma motorização para quem precisa levar carga sem perder eficiência e segurança ao rodar. O 1.0 turbo flex de três cilindros em linha gera até 130cv e 20,4kgfm, números muito melhores do que os 107cv e 13,7kgfm de potência e torque máximos do 1.3 aspirado das variantes mais baratas. Além disso, a entrega de torque máximo começa bem mais cedo, aos 1.700rpm contra 3.500rpm do 1.3, o que faz uma diferença gigante na condução e na esperteza do utilitário.

São cerca de 9,5 segundos para ir de 0 a 100km/h, uma boa melhora diante dos 12 segundos (em média) do Strada 1.3 aspirado, além das retomadas que também melhoraram consideravelmente. Os 650kg de capacidade de carga são os mesmos de sempre, porém, o novo motor permite que eles sejam bem melhor explorados do que com o 1.3 aspirado; a picape já não "sofre" tanto quando é mais exigida, especialmente porque o novo conjunto mecânico acrescentou meros 36kg ao total.

Por dentro, o volante oriundo do Mobi se despediu e o acabamento melhorou... pouco.

Mais um pouco, porém, não o bastante

Custando R$135.990, o Strada Ultra não possui opcionais e traz itens como: faróis Full LED com luzes diurnas integradas, ar condicionado digital automático, central multimídia com tela de 7 polegadas e espelhamento sem fio para smartphones, carregador por indução, volante multifuncional com ajuste de altura, trio elétrico (vidros, travas e retrovisores), computador de bordo, sensores traseiros de estacionamento, câmera de ré, faróis de neblina em LED, entre outros.

O acabamento traz apliques em preto brilhante no console central e couro para os assentos e apoios de braço das portas dianteiras. Sentimos falta de coisas como: ajuste de profundidade do volante, controle de altura dos faróis, sensor crepuscular, piloto automático, saídas traseiras de ar condicionado e outras coisas que deveriam estar em um veículo desse preço. Tais ausências são aceitáveis nas versões de entrada, não em uma top de linha.

Santo-antônio, capota marítima e protetor de caçamba são itens de série.

A benção do caracol

Foram mais de 900km percorridos ao longo dos oito dias com o Strada Ultra e, sem exageros, foram quilômetros muito bem percorridos. O 1.0 turbo casou como uma luva na picape, entregando o desempenho que ela merecia desde o lançamento e fazendo bonito em qualquer circunstância de uso. É mais ruidoso do que outros blocos semelhantes do mercado, porém, trabalha suave e é pouco audível de dentro do carro, que é o que importa.

Seu casamento com a transmissão CVT funciona muito bem no Strada, garantindo respostas rápidas e um comportamento bastante tranquilo. Vale lembrar que a caixa conta com simulação de sete marchas no modo manual, podendo ser trocadas pela própria alavanca ou nos paddle-shifters atrás do volante. Há ainda o modo Sport que pode ser ativado por um botão vermelho no volante e faz a transmissão segurar rotações mais altas, a fim de manter o motor mais próximo de sua faixa de entrega de potência máxima.

Bancos em couro trazem costuras vermelhas e há apoio de braço para o motorista.

A única reclamação que fica é sobre o acerto dinâmico. Por conta do motor mais forte e o desempenho superior, a Fiat precisou recalibrar a suspensão, aumentando a firmeza em detrimento do conforto; não chega a ser um carro duro e que bate à toa, porém, é evidente que não tem a mesma suavidade ao lidar com os defeitos da pista do que os irmãos com motor 1.3 aspirado. Parte da culpa vai para as rodas de 16 polegadas com pneus comuns; provavelmente a Ranch com pneus de uso misto se sai melhor nesse aspecto.

Por outro lado, o comportamento em curvas melhorou e o Strada ficou mais afiado do que nunca, mostrando pouca rolagem de carroceria e passando mais confiança - desde que você não abuse, afinal, ainda é um carro com vão livre do solo maior do que a média e uma traseira bem leve. Os freios também foram revistos para lidar com o desempenho extra, entretanto, mantiveram os tambores na traseira, configuração comum em utilitários desse tipo.

Versões turbinadas adotaram a inscrição "TURBO" nos apliques dos para-lamas dianteiros.

Considerações finais

Não há muito o que dizer sobre esse quarto contato com o Fiat Strada, além, é claro, da estreia do novo conjunto mecânico. A picape mantém qualidades como o rodar seguro e confortável, espaço interno razoável para quatro pessoas e uma apertada no centro do banco traseiro, bem como uma lista de equipamentos igualmente razoável. Para quem já gostava do modelo e sentia falta de mais desempenho, o 1.0 turbo chegou para resolver a questão. O resultado ficou muito bom e, na nossa opinião, esse conjunto deveria estar disponível em mais versões como a Freedom e a Volcano.

Por outro lado, apesar das discretas melhorias no acabamento interno e em tecnologia embarcada, a picape ainda fica devendo nesses dois pontos, além da segurança a bordo. Não há nenhum assistente autônomo de prevenção a acidentes ou falhas na direção, um ponto controverso em pleno 2024, especialmente quando lembramos que o Strada não é nenhuma referência em qualidade estrutural, de acordo com os testes do Latin NCAP. Se desconsiderar esse tópico e não sentir falta de alguns itens, terá um ótimo companheiro de garagem.


Concorrentes: Renault Oroch, Volkswagen Saveiro, Chevrolet Montana


Ficha técnica

Motor: 1.0 turbo, 3 cilindros em linha, 12 válvulas, flex
Potência: 130cv (E) / 125cv (G) a 5.750rpm
Torque: 20,4kgfm (E/G) a 1.750rpm
Transmissão: automática tipo CVT
Tração: dianteira
Suspensão: independente na dianteira, eixo de torção na traseira
Freios: discos sólidos na dianteira, tambores na traseira
Direção: elétrica
Pneus: 205/55 R16
Comprimento: 4,44m
Largura: 1,73m
Entre-eixos: 2,73m
Altura: 1,57m
Peso: 1.251kg
Caçamba: 844l
Carga útil: 650kg
Capacidade de reboque com freio/sem freio: 400kg
Tanque: 55l

0 a 100km/h: 9,6 segundos
Velocidade máxima: 179km/h


Fotos (clique para ampliar):