Originalmente chamado de Seagull, chegou para o Brasil como Dolphin Mini. Foto: Divulgação |
Um dos lançamentos mais aguardados e comentados de 2024 até agora finalmente está entre nós de maneira oficial. A BYD lançou, nesta quarta-feira (28/02/24), o inédito Dolphin Mini para ser seu novo produto de entrada no Brasil, posicionado imediatamente abaixo do Dolphin. Ele inicia sua caminhada por aqui em versão única, homologado para quatro passageiros e preço tabelado em R$115.800, um valor bem diferente do que vinha se especulando, na faixa dos 99 mil reais.
Até então, o grande chamariz do Dolphin Mini (que é chamado de Seagull em alguns mercados) era justamente a "promessa" de que chegaria por menos de 100 mil reais. Não foram poucos os portais, sites, páginas e influenciadores que divulgaram a "informação" que, segundo eles, era de concessionários que confirmavam tudo veementemente. Alguns foram ainda mais longe e chegaram a anunciar um preço inicial de R$89.000. O que aconteceu?
A exótica cor Sprout Green está disponível no Brasil. Foto: Divulgação |
Na verdade, o grande problema foi esse: não aconteceu nada. O boato começou a se espalhar do nada, as pessoas foram acreditando e repassando do nada, enquanto que, na outra ponta da corda, temos a BYD que também não fez... acertou: absolutamente nada. Todo esse burburinho já tem uns meses, porém, ao meu ver, a postura que a marca deveria ter adotado era confirmar (ou não) o preço, a fim de jogar limpo e permitir que o consumidor optasse por manter sua reserva ou não. De R$99.800 para R$115.800 existem 16 mil reais de diferença, o que é muita coisa nessa faixa, especialmente para quem comprará financiado - uma boa parte, nesse caso.
No fundo, todos nós sabemos porque a BYD não fez nada: para não ameaçar as inúmeras reservas feitas. O impacto causado pela notícia de que "um carro elétrico bem equipado e eficiente de uma marca nova chegará por menos de 100 mil reais" foi tão grande que a chinesa simplesmente optou por agir como uma brasileira, surfando na onda para tirar o máximo proveito. Tanto é que o valor de tabela só foi divulgado no último instante: no lançamento de hoje. A pré-venda teve início no último domingo (dia 25/02/24) e era a oportunidade certa para os boatos caírem por terra e a marca falar tudo... e ela não o fez. Deixou que todos reservassem com os teóricos "menos de 100 mil" na cabeça - e foram mais de 6 mil reservas.
Interior mescla materiais macios ao toque. Foto: Divulgação |
Sim, o carro tem qualidades e não é sobre isso que estamos debatendo nesse momento, até porque ainda não o testamos. Também não importa o fato de que a empresa está dando 10 mil reais de bônus + o wallbox de 7 mil reais para quem concluir a compra iniciada na pré-venda. O lance todo é a falta de transparência e o claro aproveitamento da BYD em cima dos boatos que ajudaram a levar o nome do seu novo lançamento a todos os cantos do Brasil. De tudo o que a marca deveria ter feito para jogar limpo, ela optou por não fazer nada.
Para uma montadora que está engatinhando sua atuação no segmento de carros de passeio no país, é uma maneira muito ruim de demonstrar que pode ser levada a sério e que quer fazer a diferença. Pelo menos, em sua maioria, o povo percebeu e não deixou barato: não foram poucas as críticas negativas (merecidas) feitas durante a live no canal oficial da BYD no YouTube. Como isso vai se reverter na prática, é outra história: o fato é que, depois de hoje, a chinesa deixou claro que já aprendeu o jeitinho brasileiro - e isso poderia ser, mas não é um elogio.