segunda-feira, 15 de janeiro de 2024

Em 2024, carregar um carro elétrico está mais fácil... ou menos difícil

Por Yuri Ravitz

"Nosso" primeiro veículo de 2024: Renault Megane E-Tech.

A popularidade dos carros elétricos segue crescendo no mercado brasileiro, porém, um dos grandes entraves ainda é a rede de pontos de recarga. Afinal de contas, não adianta comprar um veículo qualquer que seja e não ter condições de utilizá-lo, não é? Pois bem. Aproveitamos nossa primeira viatura de 2024 para nos aprofundarmos nessa questão e averiguar, em tempo real, como está a oferta (e a operação) de estações de recarga nas ruas... pelo menos as da região metropolitana do Rio de Janeiro.

O escolhido para essa nobre missão foi o Renault Megane E-Tech, um SUV 100% elétrico que a montadora francesa lançou em Setembro do ano passado e que, mesmo custando quase 300 mil reais, não vem com um carregador portátil/doméstico, o que nos impossibilitou de carregá-lo em nossa base. Sendo assim, fomos forçados a partir para as estações públicas que aos poucos vão chegando a postos de combustível, restaurantes e outros comércios parecidos. No caso, optamos pela estação localizada no posto Amigão de Itaboraí, na altura do km 284 da rodovia Governador Mário Covas, famosa BR-101, sentido Campos.

Tomadas rápidas deixam a operação menos demorada, contudo, ainda podem tomar um tempo precioso da viagem.

A escolha por essa estação se deu por dois motivos principais: localização e condições do lugar. Estando a cerca de 64km de nossa base, era um dos pontos mais próximos disponíveis e, além disso, trata-se de um local inaugurado há menos de um ano, equipado com duas tomadas CCS 2 (Tipo 2) de recarga rápida de 70kW. Para usar, basta parar seu carro com a porta de recarga o mais próximo possível da estação (pois os cabos são pesados e pouco flexíveis), conectá-lo a uma das tomadas e gerenciar a operação através do aplicativo dedicado - nesse caso, é o Tupinambá Eletropostos.

Após um breve cadastro de dados pessoais e forma de pagamento, a recarga se inicia e pode ser monitorada em tempo real pelo próprio aplicativo, o que, como você pode imaginar, demanda uma conexão com a internet. São cobrados R$2,40 por cada kWh e, no caso de haver dois veículos carregando ao mesmo tempo, a potência de recarga cai pela metade - ou seja, daria 35kWh para cada um, porém, na prática, vai um pouco menos. É um ponto fraco que não é exclusividade dessa estação e que pode deixar a operação ainda mais demorada. Outra observação válida é que o custo por kWh varia de um local para o outro.

No Megane E-Tech, o LED indicador em azul piscante próximo ao conector significa que a recarga está acontecendo.

Chegamos ao posto com 42% de carga e queríamos sair com 100%, portanto, paramos o carro e aproveitamos para recarregar as energias do próprio corpo em uma lanchonete próxima. Após 58 minutos e 17 segundos, bem como 36,83kWh recarregados, nosso Megane E-Tech chegou aos 100% de sua bateria de 60kWh e estava pronto para seguir viagem. O custo total foi de R$88,39, ou seja: recuperamos mais da metade da carga completa com menos de 100 reais e aproximadamente uma hora. Para nossa sorte, o BYD Tan que recarregava assim que chegamos não demorou a sair, logo, tivemos quase o tempo inteiro de potência máxima - pouco antes de sairmos, um Volvo XC40 P8 parou para recarregar na outra tomada.

No geral, a experiência foi boa? Depende. A recarga, de fato, foi consideravelmente rápida em vista de nossa necessidade e do tempo folgado - se fosse uma ocasião de horário mais apertado, teria sido bastante desconfortável. Outro ponto que merece atenção é o clima: estava um dia de sol e poucas nuvens, porém, a falta de uma mínima cobertura pode impossibilitar a operação em dias de chuva, especialmente se ela vier acompanhada de ventos moderados a fortes. Também tivemos sorte de chegar com pelo menos uma vaga disponível: são apenas duas e, caso estejam ocupadas, você precisará esperar ainda mais para recarregar seu veículo. Por fim, devido a potência do carregador, o cabo da tomada é muito espesso e pesado, o que dificultará a operação por pessoas de mais idade ou com alguma dificuldade de locomoção; deveria haver um funcionário dedicado a esse atendimento.

No final das contas, nosso veredito é: carregar um veículo eletrificado nas ruas está, de fato, ficando um pouco mais fácil a cada dia, entretanto, ainda consideramos uma medida emergencial com a qual não se deve "ficar contando" - o ideal é ter como recarregá-lo em casa ou, pelo menos, no ponto em que você chegará ao fim de seu passeio/viagem. Ter um carregador doméstico/portátil (como o que deveria ter vindo no "nosso" Megane E-Tech) ajudará a evitar grandes dores de cabeça, perda de tempo e gastos financeiros extras.