quarta-feira, 7 de junho de 2023

2023 Hyundai HB20 Platinum Plus 1.0 AT6; quem te viu, quem te vê

Continuando seu processo evolutivo, Hyundai HB20 muda mais uma vez e quer a liderança dos hatches compactos. Testamos a versão mais cara por uma semana.

Texto e fotos por Yuri Ravitz
Modelo cedido por Hyundai Motor Brasil

Nossa unidade veio na cor Prata Brisk, disponível por R$1.600 à parte.

Fazia um bom tempo que o famigerado HB20 não aparecia aqui no Volta Rápida; nosso último contato com o coreano foi no final de 2019 quando a segunda geração fez sua estreia e causou polêmica por conta do visual bastante inusitado, longe de ser bem acertado como seu antecessor. Na ocasião, avaliamos a versão top de linha da carroceria sedan que, apesar do visual que dividia opiniões, trazia novidades muito bem-vindas como a motorização turbinada e um pacote tecnológico de fazer inveja a outros compactos.

Agora, para a linha 2023, o HB20 retorna ao Volta Rápida com a primeira reestilização da segunda geração e, mais uma vez, na versão mais cara e completa do portfólio atual, denominada Platinum Plus, Tabelada atualmente em R$119.590, ela chegou para nossa avaliação padrão de uma semana e, é claro, para mostrar como as atualizações impactaram o convívio com o compacto coreano.

Versão de topo traz detalhes do para-choque em preto brilhante e luzes diurnas em guias de LED.

O que mudou?

Na parte externa, o HB20 teve a dianteira e traseira completamente redesenhadas, adotando novos faróis, lanternas e para-choques. A grade frontal manteve o aspecto de hexágono, porém, passou a se dividir em dois estágios, interligando os faróis (que diminuíram de tamanho) e trazendo as luzes de seta destacadas nas extremidades. Também há novos faróis com luzes diurnas (finalmente) para todas as versões e, é claro, novas opções de calotas e rodas.

Na traseira, as novas lanternas se interligam por uma régua decorativa que corta toda a traseira horizontalmente, mas que não se acende por inteiro - apenas no sedan. O para-choque traseiro também é novo e traz a saia inferior em preto fosco, além de abrigar as luzes de seta e ré na parte mais baixa, o que gerou uma nova polêmica por conta da visibilidade reduzida, dependendo do ângulo e a distância de quem olha.

No mais, você pode conferir todas as alterações do HB20 reestilizado aqui no site, na matéria de lançamento com o conteúdo de cada versão.

Motor TGDi é o mesmo utilizado pelo atual Creta.

Se está bom, então, tudo bem

Não há novidades mecânicas para a linha 2023, o que significa que o HB20 top de linha continua sendo equipado com o motor 1.0 turbo "TGDi" flex de três cilindros, capaz de gerar até 120cv e 17,5kgfm, atrelado a uma transmissão automática de seis velocidades. Dotado de injeção direta, o pequeno turbinado entrega todo seu torque já aos 1.500rpm e o melhor: sem diferença sobre o tipo de combustível, rendendo a mesma coisa com gasolina ou etanol.

O câmbio permite trocas manuais na própria alavanca ou nos paddle-shifters atrás do volante e faz um casamento excelente com o motor, realizando trocas abaixo dos 2.000rpm e respondendo as solicitações do motorista prontamente. Rodando com etanol e gasolina misturados, nossa média geral ficou na casa dos 14km/l em percurso misto e uso alternado de ar condicionado.

Cabine trouxe mudanças mínimas em relação ao modelo pré-facelift.

Acompanhando as tendências

Posicionada no topo da gama e sem oferecer opcionais, a versão Platinum Plus traz alguns itens de série como: seis airbags, controles de tração e estabilidade, sensores traseiros de estacionamento, câmera de ré, painel de instrumentos digital, volante multifunção com ajustes de altura e profundidade, central multimídia com espelhamento via cabo para smartphones, ar condicionado digital, faróis de neblina por projetores halógenos, rodas aro 16 com acabamento diamantado, chave presencial com partida por botão, retrovisores com rebatimento elétrico, entre outros.

Alguns itens são exclusivos da variante top de linha como: monitoramento de pontos cegos, frenagem autônoma de emergência, farol alto automático, assistente de permanência em faixa com correção de direção, monitoramento de tráfego cruzado na traseira e de saída segura (detecta veículos se aproximando antes de abrir a porta). É uma lista de fazer inveja aos HB20 mais antigos e até a alguns rivais, porém, não é infalível: sentimos falta de sensores dianteiros de estacionamento e de saídas traseiras de ar condicionado, por exemplo.

No hatch, lanternas não se acendem por inteiro, apenas no sedan.

Sob pressão, mantenha a calma

Rodamos cerca de 350km com o HB20 2023 e o grande destaque do coreano é a paz ao volante. Embora o 1.0 turbo seja cheio de força para mover os pouco mais de 1.100kg do compacto, seu funcionamento é bastante suave e faz um casamento perfeito com a transmissão automática; não há, por exemplo, a vibração excessiva que observamos no Creta reestilizado. Outro ponto que, ironicamente, se mostrou melhor no hatch do que no SUV compacto foi o trabalho da suspensão: é a primeira vez que o HB20 sai com rodas aro 16 de fábrica, calçadas em pneus 195/55, e isso não afetou negativamente o conforto de rodagem.

Outro ponto que se sobressai no coreano é a interface do usuário; são muitas as possibilidades de configuração de diversos parâmetros do veículo, tanto pelo painel de instrumentos quanto pela central multimídia. O melhor é que é tudo fácil de mexer e compreender, operado por comandos no volante (no caso do cluster de instrumentos) ou na própria tela (no caso da central multimídia). Sendo direto ao ponto, o grande ponto fraco do HB20 continua sendo o mesmo de sempre, desde a primeira geração - o espaço interno bastante limitado. O porta-malas de 300 litros não chega a ser ruim, porém, levar quatro adultos pode se tornar uma tarefa bastante complicada.

Espaço para as pernas de quem vai atrás é bastante limitado.

Ainda assim, o interior do HB20 agrada bastante pela montagem correta, sem rebarbas ou peças desalinhadas, e pela sensação de qualidade proporcionada pelos comandos justos e a iluminação toda uniforme da cabine. Há até um certo capricho que, pasmém, é difícil de se encontrar em carros superiores: as portas traseiras repetem o acabamento das dianteiras com a região do apoio de braço revestida em couro e a maçaneta cromada.

Por fim, mais um detalhe que merece destaque é o conjunto ótico feito todo por projetores; os principais são de ação dupla, com farol baixo e alto no mesmo canhão, e os de neblina complementam para garantir a visibilidade na condução noturna. É uma pena que não tragam ajuste eletrônico de altura do facho, um ponto importante em um carro que tem tendência a abaixar a suspensão traseira quando está mais cheio.

Versão Platinum Plus é a única a trazer faróis com projetor.

Avaliação geral

Design: o facelift da segunda geração do HB20 foi um "pedido de desculpas" apropriado pela estranheza do design do modelo pré-facelift. Na nossa opinião, o coreano ficou bonito, bem composto e a versão top de linha melhora ainda mais com as lanternas em LED, as rodas aro 16 e os faróis por projetor. Só não conseguimos entender uma coisa: por que não trazer as lanternas do sedan que, além de se acenderem por inteiro, conjugam as luzes de ré e seta na posição mais adequada? Ser diferente é legal, mas às vezes, é melhor apostar no convencional. Nota: 9

Interior: a cabine do HB20 de segunda geração já agradava no começo; agora, só melhorou. O cluster digital pode não estar entre os mais bonitos, porém, é bastante funcional e interativo, o que é ótimo. O painel sem superfícies de toque suave está na média do segmento e o coreano ainda agrada pelo capricho até nas portas traseiras, esquecidas por inúmeras montadoras. Gostamos. Nota: 10

Mecânica: o motor 1.0 turbo caiu como uma luva no HB20 e, junto da transmissão automática de seis marchas, faz com que ele seja um dos mais espertos da categoria. No mais, a pobreza padrão da suspensão traseira por eixo de torção e os freios a disco somente na dianteira. Nota: 7

Tecnologia: o HB20 2023, em sua configuração mais cara, traz quase tudo o que um compacto "premium" poderia oferecer. Não levará 10 por ausências bestas como os já citados sensores dianteiros de estacionamento e difusores traseiros de ar condicionado. Nota: 9

Conveniência: há abertura e fechamento remoto de janelas, rebatimento elétrico dos retrovisores, luzes de cortesia para todos, portas USB na frente e atrás, muitas opções de configuração... e a incoerente necessidade de se apertar um botão para travar ou destravar o carro, um contraste de solução arcaica que não condiz com todo o restante tecnológico. Os sensores na maçaneta são bem mais intuitivos e não devem ser tão mais caros assim para a linha de produção. Nota: 8

Acomodações: mesmo tendo trocado de geração, o HB20 continua apertado como sempre, sendo suficiente para, no máximo, dois adultos com crianças no banco traseiro. Apesar de não ter ajuste, o apoio de braço na dianteira até consegue ser útil independentemente da posição do banco e o porta-malas de 300 litros é bom. Nota: 6

Funcionalidades: tudo no HB20 2023 funcionou como deveria, sem bugs ou travamentos de qualquer espécie. Nota: 10

Desempenho: não bastasse o motor entregar todo seu torque já aos 1.500rpm, o pedal do acelerador ainda conta com uma calibragem excelente. Para ser curto e grosso, o HB20 2023 é um dos melhores carros do mercado brasileiro atual quando o assunto é dirigibilidade. Nota: 10

Segurança: chegamos ao tópico mais polêmico dessa segunda geração. Ela foi avaliada em 2020 pelo Latin NCAP e simplesmente zerou o teste. O problema todo é que, segundo o instituto, embora a estrutura tenha sido classificada como estável, muitos dos equipamentos de segurança (como o controle de estabilidade) não eram oferecidos em todas as versões e, além disso, determinadas regiões do corpo do dummy (boneco de teste) receberam classificação "pobre" como o pescoço no teste do efeito chicote (whiplash) e o tórax no teste com a barreira lateral móvel. Para 2023, todas as versões receberam os recursos mais básicos de segurança como os 6 airbags e o ESP, entretanto, a Hyundai não relata alterações estruturais, ou seja: um novo teste seria muito interessante. Pode ser que os novos recursos melhorem a avaliação do coreano, porém, isso é apenas especulação nossa. A nota se dará pelo investimento da marca na oferta dos equipamentos para todas as versões. Nota: 5

Custo X Benefício: dentre os hatches compactos turbinados de hoje, o HB20 2023 é o mais caro deles. Dentre todos os concorrentes, é o terceiro mais caro, porém, um dos melhores no quesito desempenho. Também oferece um pacote tecnológico muito bom, deixando a desejar em espaço interno e economia de combustível (se comparado a alguns desses rivais). No geral, na nossa opinião, ele só deve ser desconsiderado se espaço interno for uma de suas prioridades; se não for, considere-o com carinho, pois é muito bom. Nota: 8

Avaliação final: 82/100

Para-choque traseiro conta com toda a parte inferior em preto fosco.

Considerações finais

Novos tempos pedem novos produtos. Por quase 120 mil reais, o HB20 nunca esteve tão caro, porém, nunca foi tão recheado. Se vale ou não, só você pode dizer de acordo com seus gostos e necessidades, entretanto, ninguém pode negar o fato de que o coreano acompanhou o mercado e as tendências para se adaptar... e que fez isso com louvor. Seu conjunto mecânico oferece um comportamento geral excelente, seja no uso urbano ou rodoviário, e seu pacote tecnológico deixa pouquíssimo espaço para que se sinta falta de alguma coisa.

Seu grande ponto fraco ainda é o espaço interno limitado, contudo, nem isso parece ser um obstáculo para esse que continua sendo o best-seller da marca no Brasil. A Hyundai, inclusive, tem oferecido-o em condições especiais por conta das últimas medidas governamentais de incentivo aos carros 0km, tudo para que ele volte a reinar mediante a concorrência acirrada. De versões básicas a recheadas, mas todas com uma boa lista de recursos, mal dá para lembrar de quando o coreano disputava com os hatches mais baratos do mercado. Quem te viu, quem te vê!


Principais concorrentes diretos (na categoria hatch compacto "premium"): Volkswagen Polo Highline, Peugeot 208 Griffe, Honda City hatch EXL, Toyota Yaris XLS


Ficha técnica

Motor: 1.0 turbo, 3 cilindros em linha, 12 válvulas, flex
Potência: 120cv (E/G) a 6.000rpm
Torque: 17,5kgfm (E/G) a 1.500rpm
Transmissão: automática de seis velocidades
Tração: dianteira
Suspensão: independente na dianteira, eixo de torção na traseira
Freios: discos ventilados na dianteira, tambores na traseira
Direção: elétrica
Pneus: 195/55 R16
Comprimento: 4,01m
Largura: 1,72m
Entre-eixos: 2,53m
Altura: 1,47m
Peso: 1.110kg
Porta-malas: 300l
Tanque: 50l

0 a 100km/h: 10,2 segundos
Velocidade máxima: 190km/h


Matéria em vídeo



Fotos (clique para ampliar):