domingo, 3 de julho de 2022

2022 Jeep Commander Overland T270 1.3 AT6; no topo da base

Depois de uma semana ao volante do turbodiesel, chegou a vez de avaliarmos o inédito Jeep Commander com motor turboflex na versão top de linha.

Texto e fotos por Yuri Ravitz
Modelo cedido por Stellantis Brasil

Nosso avaliado Overland veio na mesma cor Cinza Granite do Limited testado anteriormente.

Ele voltou! Depois do primeiro contato que tivemos com o inédito Jeep Commander na versão Limited com motor turbodiesel, o "jipão" americano retorna ao Volta Rápida na configuração Overland, a mais cara, porém, equipada com o conjunto mecânico mais barato composto pelo novo motor 1.3 turboflex, tração dianteira e câmbio automático de seis marchas. É o mesmo conjunto que já avaliamos no Compass e no Fiat Toro reestilizados.

Vale lembrar que o Commander é vendido em duas versões e quatro configurações desde que foi lançado. Tanto a Limited quanto a Overland são oferecidas com motor 1.3 turboflex, câmbio AT6 e tração dianteira ou motor 2.0 turbodiesel, câmbio AT9 e tração integral seletiva. Nossa avaliada da vez se posiciona no meio da gama, sendo oferecida por R$251.990,00, quase 55 mil reais a menos em comparação ao motor diesel.

Interior bicolor pode trazer couro claro na cor Steel Gray ou em marrom, dependendo da cor da carroceria.

Do bom e do melhor

Por conta do seu preço, o Commander já traz um bom nível de equipamentos mesmo na versão Limited, contudo, a Overland oferece ainda mais recheio através de alguns mimos condizentes com o maior preço de tabela. Os itens exclusivos da variante top de linha incluem: teto solar panorâmico, banco do passageiro com ajustes elétricos, sistema de som da Harman Kardon com 9 alto-falantes (incluindo um subwoofer) e 450w de potência. Por fora, a Overland se diferencia pelas rodas de 19 polegadas com acabamento mesclando face diamantada e cinza brilhante, além da porção inferior dos para-choques e saias na mesma cor da carroceria; na Limited, as rodas são aro 18 e todo esse contorno mais baixo vem em preto fosco.

Lembrando que nenhuma configuração do Commander traz opcionais, a lista de itens de série da versão Overland também agrega: sensores dianteiros e traseiros de estacionamento, conjunto ótico externo totalmente em LEDs, câmera de ré, retrovisores externos com rebatimento elétrico e luzes de cortesia, banco do motorista com ajustes elétricos, painel de instrumentos 100% digital, ar condicionado de duas zonas com ajuste individual de ventilação para a segunda fila, Park Assist e muito mais. Ainda há um "arsenal" completo de tecnologias semiautônomas de segurança que engloba piloto automático adaptativo (além do piloto convencional também presente), assistente de permanência em faixa com correção de direção, farol alto automático e assistente de frenagem autônoma de emergência.

Cofre do motor do Commander traz muitas proteções plásticas.

Pequenas grandes surpresas

Como dissemos anteriormente, a mecânica mais barata do Commander é composta pelo novo motor 1.3 turboflex da família GSE/Firefly que estreou no facelift do Fiat Toro, capaz de gerar até 185cv e 27,5kgfm distribuídos unicamente entre as rodas dianteiras, gerenciados pela transmissão automática de seis marchas que oferece trocas manuais na própria alavanca ou nos paddle-shifters atrás do volante. O Commander é o carro mais pesado da família a receber o novo motor, passando ligeiramente dos 1.700kg.

Se você pensou que o pequeno 1.3 deve faltar em um carro desse porte, enganou-se. Com o torque máximo entregue desde 1.750rpm até os 4.000rpm, o Commander se movimenta sem problemas em qualquer circunstância e só não é melhor por uma certa preguiça do pedal eletrônico do acelerador; o motor em si é muito elástico e não deixa que falte força para fazer absolutamente nada. Ainda conseguiu ser relativamente econômico; em percurso misto, com gasolina no tanque e alternando entre lotação máxima e apenas o motorista, nossa média geral foi de 12,7km/l.

Apesar disso, é evidente que o conjunto flex não se compara ao diesel. O 2.0 movido ao óleo combustível entrega muito mais torque e é gerenciado por uma caixa com três marchas a mais, o que melhora bastante o comportamento geral. Além disso, o sistema de tração seletiva com opção de reduzida o deixa muito mais versátil, pois o 1.3 turboflex limita o Commander ao uso no asfalto - embora, isso não seja exatamente um problema para a grande maioria dos compradores.

Com o motor 1.3 turboflex, a suspensão é ligeiramente mais baixa. Vidros escurecidos a partir da coluna B são de fábrica.

Novos padrões

Rodamos cerca de 550km ao longo dos sete dias em que ficamos com o Jeep Commander turboflex, alternando bastante entre uso urbano e rodoviário. Nesse segundo contato, lembramos do quanto o utilitário chama atenção e faz presença nas ruas, mas essas impressões são ainda melhores na versão Overland por conta das rodas maiores e a pintura integral de para-choques, para-lamas e saias; o "jipão" parece mais chique e atrai muitos olhares por onde passa.

Ao entrar, as boas impressões continuam graças ao acabamento ainda melhor da versão top de linha; as porções claras por todos os lados do interior dão um ar de carro premium e deixam a cabine muito bonita, além do enorme teto solar panorâmico que possui acionamento 100% elétrico, o enxerto em suede no painel e os detalhes decorativos que trazem acabamento cromado, prateado e em preto brilhante. O Commander Overland enche os olhos por dentro e por fora, exatamente como se espera de um modelo do seu preço e posicionamento.

Cabine traz muitas superfícies suaves ao toque com material emborrachado ou revestido de tecido.

Falando de como ele anda, as expectativas eram altas para ver como o 1.3 turbo se comporta na carroceria do novato. Esperávamos algo semelhante ao Compass, mas o que encontramos foi um desempenho muito parecido com o do Fiat Toro; as respostas em velocidade baixa são mais preguiçosas, porém, ainda melhores do que na picape. Novamente, um melhor ajuste do pedal do acelerador resolveria a questão.

O que desagradou foi o comportamento do câmbio, pois ele segurou marchas mais baixas em diversas situações sem a menor necessidade, elevando as rotações e o consumo de combustível. Uma vez que estamos diante de um motor com farta entrega de torque, a transmissão deveria ter recebido uma programação melhor que deixaria o Commander 1.3 mais esperto e, consequentemente, econômico.

Assim como na Limited, a Overland traz o teto sempre em preto brilhante.

No mais, tirando as diferenças de motor e transmissão, tudo o que dissemos sobre o Commander no teste com o Limited turbodiesel vale aqui para o Overland turboflex. As acomodações na primeira e segunda fila são excelentes, enquanto que a terceira é mais indicada para crianças; adultos, apenas em passeios mais curtos e rápidos. Sendo uma top de linha, a Overland deveria ter saídas de ar condicionado dedicadas aos últimos assentos.

Achamos os faróis melhores do que no Limited que havíamos reclamado; embora as peças sejam exatamente as mesmas, pode ser que a dessa unidade tenha sido melhor construída. O que nos decepcionou foi o sistema de som da Harman Kardon, pois ele mais parece o Beats que testamos, por exemplo, no antigo Compass Trailhawk - a qualidade geral até agrada, mas os graves são exageradamente fortes mesmo com o equalizador ajustado para o mínimo. Não é uma característica comum ao som dessa marca e com certeza incomodará aos que não apreciam tanto assim as frequências mais baixas.

Commander tem o charme das setas dinâmicas na dianteira que "percorrem" os faróis para fora.

Avaliação geral

Design: o Commander ficou ótimo com as rodas aro 19 e os para-choques com pintura integral. Gostamos tanto da combinação que dá até para relevar a ligeira desarmonia pelo comprimento em relação a altura. Nota: 10

Interior: novamente, por conta da versão, o interior do Commander mais caro melhora consideravelmente. A mescla de cores nos bancos, painel e portas somada ao teto todo em preto e os apliques monocromáticos deu um toque a mais de sofisticação que a versão Limited não oferece. A luminosidade extra garantida pelo grande teto panorâmico ajuda a deixar os passeios mais agradáveis. Ainda assim, continuamos sentindo falta de um sistema de iluminação ambiente, um detalhe que faz a diferença. Nota: 10

Mecânica: o 1.3 turbo é um motor de ponta e se mostrou adequado mesmo no Commander. O câmbio de seis marchas até é bom, mas a caixa de nove marchas do turbodiesel seria muito melhor. No mais, suspensão independente e freios a disco nas quatro rodas garantem o bom comportamento do utilitário o tempo todo. Nota: 8

Tecnologia: o pacote da versão Limited já é muito bom, mas o da Overland é completíssimo e sem oferecer opcionais, o que também é ótimo. Não dá para sentir falta de nada significativo. Nota: 10

Conveniência: tudo o que dissemos sobre esse tópico no teste da versão Limited vale para a Overland, sem mudar uma vírgula. Sendo assim, a nota é a mesma. Nota: 8

Acomodações: mais uma vez, tudo que foi dito para a Limited também vale para a Overland em mais esse quesito, portanto, pontuação igual. Nota: 7

Funcionalidades: apesar de tudo no Commander Overland ter funcionado corretamente, sem travamentos ou bugs, algumas coisas precisam melhorar. Duas delas são referentes ao som: primeiro temos o grave excessivamente forte e em segundo, outra coisa que incomoda é a imprecisão do ajuste de volume que tem dificuldade ao se equilibrar entre baixo demais e alto demais. Os paddle-shifters também não quiseram funcionar em alguns momentos, se recusando/demorando a reduzir ou passar as marchas. Por fim, o sempre presente assistente de frenagem autônoma e toda a sua histeria que assusta os passageiros cada vez que é acionado. Nota: 6

Desempenho: assim como no Fiat Toro, o 1.3 turbo mostrou mais uma vez que dá conta de levar carros maiores e mais pesados, mas que precisa de uma transmissão mais adequada e uma melhor calibragem do pedal eletrônico do acelerador. Como a Jeep já o combinou ao câmbio de nove marchas e tração integral seletiva no facelift do Renegade, acreditamos que é só questão de tempo até o Commander receber o mesmo conjunto - ficará muito melhor, porém, ainda inferior ao turbodiesel. Nota: 8

Segurança: apesar de ser mais caro, o Overland traz os mesmos recursos de segurança passiva e ativa já presentes no Limited. Como a estrutura também é a mesma, ficaremos com a mesma pendência de antes: a falta do crash test pelo Latin NCAP. A nota será a mesma da avaliação do Limited. Nota: 6

Custo X Benefício: por pouco mais de 250 mil reais, o Commander Overland com motor turboflex supera qualquer SUV de sete lugares à venda no Brasil em matéria de custo X benefício, pois é muito bem equipado e custa menos do que os produtos de marca premium, além de ser infinitamente mais barato do que modelos maiores construídos sobre chassi como Mitsubishi Pajero Sport e Toyota SW4, por exemplo. É claro que ele não tem a valentia e a versatilidade da mecânica diesel com tração seletiva, mas isso não será um problema se o seu uso for prioritariamente no asfalto (como na maioria dos casos). A versão Limited turboflex custa cerca de 28 mil reais a menos, abrindo mão do teto solar panorâmico e do sistema de som premium, entre outros mimos; em um montante de mais de 200 mil reais, ao nosso ver, vale a pena fazer o upgrade para o Overland. Nota: 9

Avaliação final: 82/100

Quando equipado com o 1.3 turboflex, o Commander não traz emblemas indicando o motor

Considerações finais

Dirigir o Commander turboflex depois do turbodiesel é um tanto injusto, mas ainda assim, é possível perceber que o utilitário se sai bem mesmo com o motor menor e mais potente. É uma opção muito interessante para famílias numerosas e para quem não faz questão de tração em mais de duas rodas, pois vai pagar menos do que em um modelo movido a diesel e levará um pacote tecnológico no mesmo nível ou melhor - muito melhor, dependendo do caso.

O Overland é a escolha certa para quem quer se sentir em um carro premium sem ter que partir para os importados e, no caso da motorização flex, custa quase 55 mil reais a menos do que a mesma versão com motor diesel. É muito dinheiro que só vale a pena para quem precisa de um 4x4 ou ficará muito tempo com o carro. Com exceção do câmbio que deveria ser melhor, o Commander Overland possui um conjunto que agrada no uso diário e, mesmo sendo de marca generalista, posiciona o proprietário no topo da base, a um degrau da legítima experiência premium.


Concorrentes diretos (pela categoria SUV de sete lugares): Mercedes-Benz GLB 200 Advance, CAOA Chery Tiggo 8 TXS, Mitsubishi Outlander HPE ou HPE-S

Concorrentes indiretos (entre 230 e 270 mil reais): Ford Bronco Sport Wildtrak, Peugeot 3008 Griffe


Ficha técnica

Motor: 1.3 turbo, 4 cilindros em linha, 16 válvulas, flex
Potência: 185cv (E) / 180cv (G) a 5.750rpm
Torque: 27,5kgfm (E/G) a 1.750rpm
Transmissão: automática de seis marchas
Tração: dianteira
Suspensão: independente nas quatro rodas
Freios: discos ventilados na dianteira, discos sólidos na traseira
Direção: elétrica
Pneus: 235/50 R19
Comprimento: 4,76m
Largura: 1,85m
Entreeixos: 2,79m
Altura: 1,68m
Peso: 1.715kg
Porta-malas cinco lugares: 661l
Porta-malas com sete lugares: 233l
Carga útil: 540kg
Tanque: 61l

0 a 100km/h: 10 segundos
Velocidade máxima: 203km/h


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