Texto e fotos por Yuri Ravitz
Modelo cedido por Stellantis Brasil
Modelo cedido por Stellantis Brasil
A cor de nosso carro de teste se chama Cinza Silverstone e custa R$1.800. |
Ele voltou! Dois anos após nosso último contato com o Fiat Argo na versão Trekking, de apelo aventureiro, a Stellantis nos cedeu um exemplar da variante Drive S-Design para o teste padrão de uma semana. Lançado em 2019 como um pacote opcional, o S-Design ganhou status de versão na linha 2022 do compacto italiano e se posiciona entre a Drive com motor 1.0 e a Trekking com motor 1.3, sendo oferecido sem opcionais a não ser as pinturas metálicas e a única opção perolizada.
Custando R$78.290, o Drive S-Design é apenas 700 reais mais barato que o Trekking e se diferencia pela proposta: a ideia dele é ser uma versão 100% urbana e de visual que se destaca pela sobriedade da ausência de detalhes brilhantes. Emblemas, apliques e frisos são de uma cor tipo bronze bem fechado com acabamento acetinado, o que resultou em um visual que foi alvo de elogios e olhares nas ruas.
Emblema discreto nos para-lamas dianteiros indicam a versão e trazem a bandeira da Itália estilizada. |
Não parece, mas é
Ao olhar para o Argo S-Design, é difícil dizer que se trata de uma versão intermediária. O visual bem acertado é composto por rodas aro 15 com acabamento grafite, retrovisores e um discreto aerofólio traseiro em preto brilhante, luzes de posição em LED nos faróis (que, inexplicavelmente, continuam sem função de luz diurna) e faróis de neblina. Uma diferença significativa entre o antigo S-Design (como pacote) e o atual (como versão) é a já citada troca de detalhes pretos pelos tons de bronze fechado, o que deu um ar a mais de sofisticação.
No interior não é diferente. Há mais detalhes em bronze no mesmo tom dos elementos externos, a tela "flutuante" da central multimídia com 7 polegadas e espelhamento para smartphones, ar condicionado digital, volante com ajuste de altura (sem profundidade), painel de instrumentos com tela de computador de bordo ao centro, entre outros. Teto e colunas são pintados de preto e deixam a cabine visualmente agradável, mas o acabamento continua tipicamente pobre com portas inteiramente em plástico.
Cabine é bonita e agrada, mas ainda falta capricho nas portas. Não há porções em tecido ou mínimos detalhes diferenciados. |
Quase perfeito
O Argo Drive S-Design 2022 é movido pelo conhecido motor 1.3 aspirado flex da família Firefly, um bloco capaz de gerar até 109cv e 14,2kgfm quando abastecido com etanol. Não são números empolgantes, contudo, dão conta do recado em boa parte das situações e, como bônus, o Argo consegue ser muito econômico independente da circunstância de uso: nossa média geral com gasolina foi de 15,7km/l, sendo 18,3km/l o pico de economia e 12,6kml o pico de consumo.
Para gerenciar o 1.3 aspirado há uma transmissão manual de cinco velocidades e notamos boas novidades nessa linha 2022. Ambos os pontos que havíamos reclamado no teste com o Trekking 1.3 2020 melhoraram consideravelmente no modelo 2022: pedal de embreagem e engates/relação do câmbio. O acionamento da embreagem melhorou muito, bem como os engates do câmbio que agora estão mais diretos e firmes. A relação das marchas também melhorou, mas a primeira e a quinta continuam desnecessariamente curtas.
Rodamos cerca de 400km com o Argo Drive S-Design, alternando entre trechos urbanos e rodoviários, e relembramos as principais virtudes do compacto italiano. É um carro gostoso de dirigir, fácil de ser operado e projetado adequadamente para encarar os conhecidos desafios das ruas brasileiras. A suspensão traz a manjada configuração de eixo de torção na traseira com sistema independente na dianteira, mas cumpre seu papel na absorção de buracos e defeitos da pista.
Com a melhora na embreagem e nos engates da transmissão, o Argo também ficou mais agradável de ser guiado. As informações na tela do computador de bordo, apesar de ser pequena, são de fácil leitura e bastante completas; a divisão entre o Trip A e o Trip B permite ao condutor acumular dados de duas conduções diferentes, o que é útil para comparar médias ao se dividir o carro com alguém ou, por exemplo, comparar entre um período semanal e outro mensal, hábito muito comum entre os motoristas brasileiros.
Painel de instrumentos traz marcador de temperatura e de combustível por LEDs. |
Por não ser um carro grande, ele também se mostra muito à vontade nos apertados centros urbanos e nos estacionamentos de prédios, shoppings, etc. Sensores de ré fazem parte do pacote e ajudam na hora de estacionar, porém, o gráfico de proximidade seria melhor visto na tela do multimídia ao invés da tela do computador de bordo. Falando em gráfico, sentimos falta de uma câmera de ré.
O banco do motorista conta com regulagem de altura e não é difícil achar uma boa posição. A melhor parte é que, mesmo sendo um compacto, o Argo oferece espaço razoável para os passageiros traseiros e bagagens: são 2,52m de entre-eixos e 300 litros de porta-malas que, somados ao bom aproveitamento de espaço, deixam a cabine confortável.
Na nossa opinião, o Argo Drive S-Design é a melhor configuração do compacto italiano disponível atualmente. Dotado de uma boa lista de equipamentos, preço atraente e visual interessante, ele deixa pouco espaço para faltas e se mostrou um ótimo companheiro de uso diário ao longo dos 400km que percorremos nos sete dias de teste. Seria uma boa compra se a Fiat não tivesse lançado o Pulse, seu primeiro SUV compacto no Brasil que chegou com preço inicial de R$79.990 e uma lista de equipamentos mais interessante.
Diante da novidade apresentada nesta semana, o Argo passou a fazer sentido unicamente para os que não querem entrar na moda dos SUVs compactos - acredite, nem todo mundo gosta disso. O toque da linha S-Design fez muito bem e deve sustentar o fôlego do hatch até seu primeiro facelift que, apesar de ainda não rodar em testes, não deve demorar para chegar ao mercado, visto que o Argo já está há quatro anos sem alterações significativas. Pelo menos, a Fiat corrigiu algumas falhas incompreensíveis como a falta dos controles de tração e estabilidade - que agora são de série.
Concorrentes diretos (pela categoria hatch compacto): Volkswagen Polo 1.6 MSI, Chevrolet Onix LT Turbo ou LTZ, Hyundai HB20 Platinum, Renault Sandero Zen 1.0 ou GT Line 1.0
Concorrentes indiretos (pelo preço entre 73 mil e 83 mil reais): Fiat Pulse Drive 1.3 manual, Renault Logan Life ou Zen 1.0, Hyundai HB20S Evolution
Ficha técnica
Motor: 1.3, 4 cilindros em linha, 8 válvulas, flex
Potência: 109cv (E) / 101cv (G) a 6.250rpm
Torque: 14,2kgfm (E) / 13,7kgfm (G) a 3.500rpm
Transmissão: manual de cinco velocidades
Tração: dianteira
Suspensão: independente na dianteira, eixo de torção na traseira
Freios: discos sólidos na dianteira, tambores na traseira
Direção: elétrica
Pneus: 185/60 R15
Comprimento: 3,99m
Largura: 1,72m
Entre-eixos: 2,52m
Altura: 1,50m
Peso: 1.140kg
Porta-malas: 300l
Tanque: 48l
0 a 100km/h: 10,7 segundos
Velocidade máxima: 182km/h
Velocidade máxima: 182km/h
Matéria em Vídeo
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