Por Redação
Foto: IIHS |
A preocupação com a segurança automotiva ainda é algo muito novo na cabeça do consumidor brasileiro, embora isso já seja um tópico antigo nos países desenvolvidos. A cada novo resultado de algum carro que é vendido no Brasil, surgem inúmeras dúvidas a respeito da prática de colidir os veículos contra obstáculos de diversas maneiras diferentes para atestar o nível de proteção oferecido aos ocupantes.
Visando sanar algumas dessas dúvidas sobre os testes de segurança e colisão, elaboramos um breve artigo para esclarecer aquelas que consideramos as mais frequentes e fizemos isso na forma de "mito X verdade" para esmiuçar os fatos que procedem ou não.
Ao contrário do que muita gente pensa, o crash test não é exigido por lei e não tem impacto algum na venda de veículos novos. O que acontece é que, por questões de pressão popular e imagem da marca/produto diante do consumidor, cada vez mais montadoras buscam submeter seus carros aos testes para mostrar que investem e se preocupam com a segurança automotiva. Faz alguns anos que um projeto de lei tentou tornar obrigatório, aqui no Brasil, a realização de crash tests para todos os carros lançados a partir daquele período, entretanto, a ideia acabou não indo adiante.
Normalmente, os crash tests são realizados pelas muitas divisões da New Car Assessment Program - NCAP (Programa de Avaliação de Novo Carro), uma iniciativa governamental que também recebe apoio do setor privado. Na maioria dos casos, o NCAP responsável por uma região X ou Y adquire o carro na concessionária como se fosse um cliente normal, mas há casos em que a própria montadora cede uma unidade (ou mais de uma) para ser testada pelo órgão.
Foto: handelsblatt |
Unidades diferentes de um mesmo modelo podem apresentar resultados diferentes: VERDADE
Um determinado modelo X ou Y que é vendido em diferentes países também poderá apresentar resultados diferentes em testes de colisão. Isso se deve a dois motivos principais: o primeiro é que, dependendo do país, aquele carro pode contar com determinados itens de segurança ou características construtivas que não estão presentes no mesmo carro vendido em outro país. O segundo é que cada NCAP regional possui seus próprios protocolos e métodos de realização dos testes, apesar dessa diferença ter diminuído consideravelmente nos últimos anos.
Notas baixas no teste significam que o carro é inseguro: DEPENDE
Os órgãos que realizam testes de colisão utilizam um elemento bastante lúdico para classificar os veículos testados: estrelas. De 0 a 5, cada carro avaliado recebe um X número de estrelas de acordo com dois critérios: desempenho daquela unidade nos testes e atendimento dos protocolos vigentes no momento do teste. Para obter a nota máxima, o modelo precisa se sair bem no teste e atender a todos os protocolos da época em que foi testado; acontece que esses protocolos são atualizados com certa regularidade, o que significa que um carro que tirou nota máxima no passado pode não repetir essa nota no futuro - não porque ele se tornou inseguro da noite para o dia, mas sim porque não atende aos protocolos mais atuais.
Foto: GWCars |
Carros que apresentam falhas de construção no crash test precisam passar por recall: MITO
Por vezes, durante os testes, algumas falhas de construção são detectadas por afetarem a segurança do veículo. Normalmente, o órgão executor informa ao fabricante do carro testado sobre a falha percebida e, em alguns casos, chega a recorrer aos meios legais para exigir que a montadora efetue a correção necessária, mas não existe nada que obrigue a empresa a corrigir aquela eventual falha em um primeiro momento.
Quando uma montadora que fabrica carros no Brasil deseja submeter um de seus veículos para teste, ela precisa recorrer ao Latin NCAP, a divisão uruguaia do NCAP responsável pelos testes em toda a América Latina. O problema é que o Latin NCAP é uma das vertentes mais novas do NCAP e, como já dissemos anteriormente, o público latino ainda não se preocupa tanto com segurança quanto os norteamericanos e europeus - que testam carros desde as décadas de 70 e 90, respectivamente. Fundado em 2010, o Latin NCAP ainda não se compara em exigência ao temido Euro NCAP (mercado europeu) e aos testes da IIHS e NHTSA (Estados Unidos) onde até mesmo a eficiência dos faróis é avaliada.