Modelo cedido por Honda Automóveis do Brasil
Mesmo sendo um topo-de-linha, o Touring traz as mesmas rodas diamantadas das demais versões |
Desde que a Honda anunciou que faria uma versão Touring do HR-V, em 2017, muita gente ficou na expectativa de ter, pelo menos, uma opção do SUV compacto com o moderno motor 1.5 turbo que estreou na atual geração do Civic um ano antes. Acontece que, apesar do HR-V Touring ter saído do papel, ele trazia poucos diferenciais em relação ao EXL e o mesmíssimo motor 1.8 flex de sempre, sem qualquer diferencial mecânico, o que gerou frustração. O tempo passou, o HR-V recebeu um facelift e as coisas mudaram para melhor.
Nosso contato com o pequeno utilitário japonês se deu em três momentos: em novembro de 2017 com o primeiro Touring, em abril de 2019 com o atualizado EXL e agora, em outubro desse ano, com o Touring renovado e, finalmente, turbinado. Como de costume, passamos uma semana inteira com o carro para atestar o que mudou, o que melhorou ou piorou e descobrir se é uma compra que vale a pena.
Faróis baixos, altos, de neblina e setas direcionais: é tudo em LED de série, como no Civic Touring |
Mudanças bem-vindas
Você já deve ter notado que o "olhar" do HR-V Touring é diferente dos demais. Isso porque, assim como nos irmãos mais caros de portfólio, os faróis são inteiramente em LEDs montados em pequenos refletores individuais - no antigo HR-V Touring, havia um projetor LED de lente dupla para a luz baixa e refletor com lâmpada halógena para a alta. Além disso, a grade dianteira (abaixo da grande régua cromada) é em preto brilhante e os faróis de neblina também são em LED.
O Touring traz alguns itens interessantes que são exclusividade dele e que muitos consumidores pediam há tempos como, por exemplo, o teto solar panorâmico, o interior em dois tons (dependendo da cor externa), chave presencial com partida por botão, sistema LaneWatch de câmera no retrovisor direito e, por conta do motor, escape duplo na traseira com emblema TURBO na tampa do porta-malas. São mimos que melhoram o convívio com o carro e dão um ar diferenciado.
O problema é que não existe almoço grátis. O HR-V Touring 2020 é tabelado em R$139.900, o que o faz bem mais caro do que todos os seus concorrentes diretos e mais caro até do que o Civic Touring - um carro de construção/mecânica superior e mais equipado. Mesmo sendo um tipo de veículo que está na moda, é difícil explicar o que leva a Honda a cobrar mais por um produto que entrega menos no conjunto da obra.
O HR-V é fabricado no Brasil, mas o motor 1.5 turbo vem de fora |
Coração estrangeiro
A grande estrela do HR-V Touring 2020 vem de fora do Brasil, mais precisamente, de dois lugares: Japão e Estados Unidos. O motor 1.5 "EarthDreams" turbinado gera até 173cv e 22,4kgfm, trabalhando somente com gasolina e sendo controlado por uma caixa automática CVT que conta com simulação de sete marchas. É a mesmíssima configuração utilizada no Civic Touring, exceto pela calibragem do câmbio que vamos falar mais adiante, e é mais do que suficiente pra mover o HR-V com eficiência de sobra, mesmo estando carregado.
A adoção do motor turbinado trouxe outras mudanças como o escape retrabalhado e a suspensão mais rígida, mas não pense que esses elementos fazem dele um esportivo, até porque não é esse o objetivo: o novo HR-V Touring é bastante silencioso como as outras versões e a suspensão melhorou muito o comportamento dinâmico sem comprometer o conforto no uso urbano e diário. O motivo de seu retrabalho se deve à força maior do motor e ao peso elevado do carro: são 1.380kg - 104kg a mais que o EXL e 54kg a mais que o Civic Touring.
Briga de família
Falamos sobre o fato do Civic Touring ser mais equipado e ainda custar menos, mas quais os itens dele que ficaram de fora do HR-V? A gente lista para você: banco elétrico para o motorista, saídas traseiras de ar condicionado, carregamento de smartphones por indução, sistema de som premium com 10 alto-falantes e 452 watts, ar condicionado dual zone, painel digital, partida remota na chave e um multimídia com tela maior e funcionamento superior. Não é nenhum equipamento de extrema necessidade, contudo, são mimos que deveriam estar presentes em um carro que custa mais - o Civic Touring é tabelado em R$134.900, ou 5 mil reais a menos.
Embora ambos sejam muito parecidos em preço e proposta, o HR-V atrai mais possíveis compradores pela posição elevada de dirigir e o apelo de pertencer ao segmento da moda, enquanto que o Civic conquista as garagens dos que buscam fugir do padrão e/ou desejam uma condução mais esportiva. É importante lembrar que o HR-V é montado na plataforma do Fit, enquanto o Civic possui plataforma própria e compartilhada pelos irmãos CR-V e Accord, o que o deixa mais refinado e melhor de dirigir.
Companhia agradável
Quem leu nossa avaliação com o HR-V EXL 2019 vai lembrar dos elogios que fizemos sobre o convívio diário com o SUV. Rodamos mais de 600km com o Touring e constatamos que todos eles também cabem aqui, exceto por um detalhe: a programação do câmbio. Ter um motor mais forte debaixo do capô implica em ter um carro com comportamento diferenciado e mais esperto, contudo, não é o que acontece; na verdade, em uso estritamente urbano, o japonês se comporta exatamente igual aos irmãos mais baratos com motor 1.8 aspirado, chegando a ser letárgico em momentos como saídas de semáforo, por exemplo. Isso acontece porque, diferentemente do Civic, a programação do câmbio do HR-V Touring foi feita para deixar a condução mais tranquila - é algo com o qual dá para se acostumar, mas o acerto do Civic poderia ser mantido. Ao menos, o modelo se comporta muito bem na estrada, atendendo prontamente quando se pisa no acelerador com mais vontade, realizando ultrapassagens com rapidez e segurança.
No mais, o HR-V Touring é suave de dirigir como os irmãos, confortável e econômico: nossa média geral de consumo foi de 15,2km/l, sendo 12,8km/l o pico de consumo e ótimos 18,3km/l como pico de economia. O câmbio mantém o motor em 1.500rpm o tempo todo, encostando nos 2.000rpm quando se viaja a 110km/h e podendo simular marchas por alguns segundos quando se pressiona alguma das aletas atrás do volante com o câmbio em D. Caso o motorista queira controlar o carro somente pelas marchas simuladas o tempo todo, basta colocar a alavanca do câmbio em S e pressionar qualquer uma das aletas para ativá-las.
Outros detalhes que merecem atenção são o espaço traseiro e o porta-malas: devido ao novo escape, a capacidade do compartimento de bagagens caiu de 437 para 393 litros. Sobre o espaço traseiro, a presença do teto solar panorâmico diminuiu o espaço para a cabeça de quem vai atrás, fazendo com que os mais altos se sintam incomodados em passeios mais longos. Para compensar isso, a presença do equipamento deixa a cabine muito mais agradável por permitir a entrada de mais luz e vento, além da Honda ter instalado novas luzes de cortesia inteiramente em LEDs, mais eficientes.
Considerações finais
O que a Honda quer com o novo HR-V Touring? No mundo óbvio seria encarar a concorrência de SUVs compactos, porém, o preço pedido pelo japonês o deixa um tanto perdido no mercado. É fato que ele está entre os mais fortes e equipados da categoria, contudo, no cenário atual, é possível encontrar rivais tão equipados/bem dispostos quanto e custando menos, além de esse valor o colocar para disputar contra modelos de categoria superior. Nem mesmo a boa fama de confiabilidade e revenda dos Honda consegue justificar a quantia pedida.
Adotar o mesmo pacote de itens de série do Civic Touring seria uma boa forma de amenizar a situação; caso contrário, 10 mil reais a menos no valor tabelado ainda deixariam o HR-V Touring mais caro que todos os rivais, mas mais aceitável e até mais comercial. Cobrar mais por menos é algo que não faz sentido e é na busca desse sentido que a Honda deve correr atrás para convencer o mercado a comprar a versão mais cara de seu SUV compacto.
Concorrentes diretos (pela categoria SUV compacto): Jeep Renegade Longitude ou Trailhawk, Mitsubishi ASX HPE-S AWD, Suzuki S-Cross 4STYLE-S
Concorrentes indiretos (entre 130 e 150 mil reais): Peugeot 3008 Allure, Jeep Compass Longitude ou Limited 2.0 Flex, Kia Sportage P.262, Chevrolet Equinox LT, Hyundai Tucson GLS "GBPK"
Ficha técnica
0 a 100km/h: 8,7 segundos
A grande estrela do HR-V Touring 2020 vem de fora do Brasil, mais precisamente, de dois lugares: Japão e Estados Unidos. O motor 1.5 "EarthDreams" turbinado gera até 173cv e 22,4kgfm, trabalhando somente com gasolina e sendo controlado por uma caixa automática CVT que conta com simulação de sete marchas. É a mesmíssima configuração utilizada no Civic Touring, exceto pela calibragem do câmbio que vamos falar mais adiante, e é mais do que suficiente pra mover o HR-V com eficiência de sobra, mesmo estando carregado.
A adoção do motor turbinado trouxe outras mudanças como o escape retrabalhado e a suspensão mais rígida, mas não pense que esses elementos fazem dele um esportivo, até porque não é esse o objetivo: o novo HR-V Touring é bastante silencioso como as outras versões e a suspensão melhorou muito o comportamento dinâmico sem comprometer o conforto no uso urbano e diário. O motivo de seu retrabalho se deve à força maior do motor e ao peso elevado do carro: são 1.380kg - 104kg a mais que o EXL e 54kg a mais que o Civic Touring.
Acabamento interno faz boa vista e é superior ao da maioria dos rivais diretos |
Briga de família
Falamos sobre o fato do Civic Touring ser mais equipado e ainda custar menos, mas quais os itens dele que ficaram de fora do HR-V? A gente lista para você: banco elétrico para o motorista, saídas traseiras de ar condicionado, carregamento de smartphones por indução, sistema de som premium com 10 alto-falantes e 452 watts, ar condicionado dual zone, painel digital, partida remota na chave e um multimídia com tela maior e funcionamento superior. Não é nenhum equipamento de extrema necessidade, contudo, são mimos que deveriam estar presentes em um carro que custa mais - o Civic Touring é tabelado em R$134.900, ou 5 mil reais a menos.
Embora ambos sejam muito parecidos em preço e proposta, o HR-V atrai mais possíveis compradores pela posição elevada de dirigir e o apelo de pertencer ao segmento da moda, enquanto que o Civic conquista as garagens dos que buscam fugir do padrão e/ou desejam uma condução mais esportiva. É importante lembrar que o HR-V é montado na plataforma do Fit, enquanto o Civic possui plataforma própria e compartilhada pelos irmãos CR-V e Accord, o que o deixa mais refinado e melhor de dirigir.
O escape exclusivo da versão trouxe um abafador aparente que pode raspar em lombadas irregulares |
Companhia agradável
Quem leu nossa avaliação com o HR-V EXL 2019 vai lembrar dos elogios que fizemos sobre o convívio diário com o SUV. Rodamos mais de 600km com o Touring e constatamos que todos eles também cabem aqui, exceto por um detalhe: a programação do câmbio. Ter um motor mais forte debaixo do capô implica em ter um carro com comportamento diferenciado e mais esperto, contudo, não é o que acontece; na verdade, em uso estritamente urbano, o japonês se comporta exatamente igual aos irmãos mais baratos com motor 1.8 aspirado, chegando a ser letárgico em momentos como saídas de semáforo, por exemplo. Isso acontece porque, diferentemente do Civic, a programação do câmbio do HR-V Touring foi feita para deixar a condução mais tranquila - é algo com o qual dá para se acostumar, mas o acerto do Civic poderia ser mantido. Ao menos, o modelo se comporta muito bem na estrada, atendendo prontamente quando se pisa no acelerador com mais vontade, realizando ultrapassagens com rapidez e segurança.
No mais, o HR-V Touring é suave de dirigir como os irmãos, confortável e econômico: nossa média geral de consumo foi de 15,2km/l, sendo 12,8km/l o pico de consumo e ótimos 18,3km/l como pico de economia. O câmbio mantém o motor em 1.500rpm o tempo todo, encostando nos 2.000rpm quando se viaja a 110km/h e podendo simular marchas por alguns segundos quando se pressiona alguma das aletas atrás do volante com o câmbio em D. Caso o motorista queira controlar o carro somente pelas marchas simuladas o tempo todo, basta colocar a alavanca do câmbio em S e pressionar qualquer uma das aletas para ativá-las.
Teto panorâmico deixa a cabine mais arejada e iluminada, mas reduz o espaço para a cabeça dos ocupantes traseiros |
Outros detalhes que merecem atenção são o espaço traseiro e o porta-malas: devido ao novo escape, a capacidade do compartimento de bagagens caiu de 437 para 393 litros. Sobre o espaço traseiro, a presença do teto solar panorâmico diminuiu o espaço para a cabeça de quem vai atrás, fazendo com que os mais altos se sintam incomodados em passeios mais longos. Para compensar isso, a presença do equipamento deixa a cabine muito mais agradável por permitir a entrada de mais luz e vento, além da Honda ter instalado novas luzes de cortesia inteiramente em LEDs, mais eficientes.
Escape duplo na traseira e emblema TURBO identificam a versão top de linha |
Considerações finais
O que a Honda quer com o novo HR-V Touring? No mundo óbvio seria encarar a concorrência de SUVs compactos, porém, o preço pedido pelo japonês o deixa um tanto perdido no mercado. É fato que ele está entre os mais fortes e equipados da categoria, contudo, no cenário atual, é possível encontrar rivais tão equipados/bem dispostos quanto e custando menos, além de esse valor o colocar para disputar contra modelos de categoria superior. Nem mesmo a boa fama de confiabilidade e revenda dos Honda consegue justificar a quantia pedida.
Adotar o mesmo pacote de itens de série do Civic Touring seria uma boa forma de amenizar a situação; caso contrário, 10 mil reais a menos no valor tabelado ainda deixariam o HR-V Touring mais caro que todos os rivais, mas mais aceitável e até mais comercial. Cobrar mais por menos é algo que não faz sentido e é na busca desse sentido que a Honda deve correr atrás para convencer o mercado a comprar a versão mais cara de seu SUV compacto.
Concorrentes diretos (pela categoria SUV compacto): Jeep Renegade Longitude ou Trailhawk, Mitsubishi ASX HPE-S AWD, Suzuki S-Cross 4STYLE-S
Concorrentes indiretos (entre 130 e 150 mil reais): Peugeot 3008 Allure, Jeep Compass Longitude ou Limited 2.0 Flex, Kia Sportage P.262, Chevrolet Equinox LT, Hyundai Tucson GLS "GBPK"
Botão de partida acende em branco ou vermelho, e "pulsa" a luz como nos Jaguar |
Ficha técnica
Motor: 1.5 turbo, 4 cilindros em linha, 16 válvulas, gasolina
Potência: 173cv a 5.550rpm
Torque: 22,4kgfm a 1.700rpm
Transmissão: automática CVT com sete marchas simuladas
Tração: dianteira
Suspensão: independente na dianteira, eixo de torção na traseira
Freios: discos ventilados na dianteira, discos sólidos na traseira
Direção: elétrica
Pneus: 215/55 R17
Comprimento: 4,32m
Largura: 1,77m
Entre-eixos: 2,61m
Altura: 1,65m
Peso: 1.380kg
Porta-malas: 393l
Tanque: 51l