quinta-feira, 5 de setembro de 2019

2019 Volkswagen Polo Highline 1.0 AT6; sacudindo a poeira

Texto e fotos por Yuri Ravitz
Modelo cedido por Volkswagen do Brasil


Retrovisores vermelhos são parte do pacote opcional Beats, disponível pras versões Highline e Comfortline


Quem acompanha o Volta Rápida há mais tempo já está por dentro da mais recente estratégia da Volkswagen para o mercado brasileiro: lançar 20 modelos novos até 2020. É um plano ousado que envolve uma reestruturação quase completa de linha, e nós já avaliamos algumas dessas novidades como a nova geração do Jetta e o SUV inédito T-Cross. Apesar dos carros já citados, faltava vir pra nossa avaliação aquele que foi o primeiro de todos da nova leva: o Polo.

A sexta geração do compacto chegou ao Brasil em 2017 após um longo período de defasagem, pois a quarta geração foi requentada até onde não podia mais. O novo Polo veio totalmente novo e em quatro versões distintas: duas de entrada com motores 1.0 e 1.6 aspirados, uma intermediária Comfortline e a topo-de-linha Highline, ambas com motor 1.0 TSI (turboalimentado). A que recebemos para avaliação foi a Highline equipada com todos os opcionais, inclusive o pacote Beats. Confira mais detalhes e como o alemão se saiu nos parágrafos a seguir.



Cara de um, focinho de todos

Assim que o Polo estreou no Brasil as comparações foram inevitáveis: não demorou pro novato ser chamado de "Golzão" por conta das semelhanças estilísticas. A verdade que poucos sabem é que foi o Gol que, no facelift de 2012, passou a ser inspirado no Polo de quinta geração - que não tivemos aqui e que também serviu de inspiração pro Fox "G2". O novo Polo passou a adotar a plataforma MQB em uma versão reduzida e vem influenciando as linhas gerais de boa parte da gama atual da Volkswagen.

As diferenças visuais entre as versões são pouquíssimas: em comparação com os mais baratos, o Highline adota frisos cromados no para-choque e grade dianteiros, emblema indicativo da versão nos para-lamas dianteiros e luzes diurnas em LED ao lado dos faróis de neblina. Ele vem com rodas diamantadas aro 16 de fábrica, mas pode ser equipado com rodas aro 17 "Razor" por R$1.090 à parte.



Na ponta do lápis

A versão Highline tem preço base de R$76.990 e conta com quatro opcionais. São eles: bancos em couro Native (R$660), rodas aro 17 (citadas acima), pacote Beats Sound (R$2.400) e pacote Tech High (R$4.290), sendo que não é possível colocar bancos de couro em conjunto com o pacote Beats. Nosso exemplar de teste trazia todos os pacotes exceto o dos bancos, além de vir na cor Preto Ninja sem custo, o que faz a conta fechar em R$84.770 - ressaltando que esse valor ainda pode subir mais um pouco caso o cliente opte por pinturas metálicas.

Por essa quantia a variante topo-de-linha se destaca por alguns itens como: freios a disco nas quatro rodas, ar condicionado digital, faróis de neblina com função de luz de conversão, controles de tração e estabilidade com bloqueio eletrônico de diferencial, chave presencial com partida por botão, sensores de ré, saídas traseiras de ar condicionado, retrovisores elétricos, entre outros.


Motor 1.0 TSI é tricilíndrico e flex

Elevando os padrões

O novo Polo veio com muitas novidades interessantes mas a cereja do bolo fica debaixo do capô: as versões Comfortline e Highline utilizam o 1.0 TSI flex, turbinado, capaz de gerar até 128cv (no etanol) e 20,4kgfm e que é gerenciado por uma caixa automática de seis velocidades que permite trocas na alavanca ou nos paddle-shifters no volante. Não é o primeiro motor 1.0 turbinado do mercado e muito menos o primeiro turbinado a vir em um compacto, mas parece ser o primeiro a dar certo, tanto que os principais concorrentes já preparam novos blocos sobrealimentados para bater de frente com o alemão.

Um ponto bastante peculiar desse conjunto mecânico é a caixa de transmissão. Fabricada pela japonesa Aisin, ela "entende e aprende" com a forma que o motorista conduz o carro, deixando seu comportamento mais suave ou mais ríspido na hora de passar as marchas. No geral é uma transmissão de comportamento suave e esperto, não lembrando em nada o malfadado i-Motion, automatizado de embreagem única, que equipava o modelo anterior.


Detalhes internos em vermelho são parte do pacote Beats Sound, mas só no Polo. No Virtus não muda nada.

Andarilho urbano

A adoção da plataforma MQB fez do Polo um carro leve: são 1.147kg nessa versão, o que ajuda no desempenho e na economia de combustível. Por falar em desempenho, os 20,4kgfm do 1.0 TSI são os mesmos com gasolina ou etanol no tanque e já aparecem aos 2.000rpm, o que se traduz em uma condução muito ágil com grande potencial para consumir pouco: nossa média geral ficou entre 13 e 15km/l em percurso misto, gasolina no tanque, três pessoas a bordo e ar condicionado ligado. O pico de economia foi de 17,7km/l e o pico de consumo foi de 9,8km/l.

O "porém" da questão é que o mesmo motivo que faz os pequenos motores turbinados serem brilhantes é, também, o que faz deles um tanto insossos em condução rodoviária. Pelo pico de torque aparecer bem mais cedo que em um aspirado e se estender até cerca de 4 mil giros, a sensação que fica em giro alto é que o motor "perdeu" fôlego. É fato que todo motor começa a perder potência e torque depois de uma certa faixa de rotação mas, nos turbinados, essa perda parece mais forte porque o momento da entrega também foi mais intenso; os aspirados não passam essa sensação por conta dos picos de potência e torque já se manifestarem em giro costumeiramente mais alto mas, ainda assim, o pequeno turbinado ainda entrega mais torque do que uma boa gama de motores aspirados de maior capacidade nas mesmas faixas de rotação.



Questão de prioridades

Além de esperto, o Polo também se move com conforto mesmo em ruas esburacadas mas é importante lembrar que, ao optar por levar os aros 17, o carro ficará mais duro e filtrará bem menos as imperfeições da pista. Também deixará mais evidente os ruídos internos como, por exemplo, o do porta-malas que atormenta proprietários de Polo em geral. Se o seu percurso costumeiro não for dos melhores fique com os aros 16 originais mesmo.

Falando em ruídos internos, o plástico predomina na cabine (como é de praxe no segmento) e há pouquíssimas porções de tecido fora os bancos: somente nos apoios de braço das portas dianteiras para ser mais preciso. Ao menos não há partes mal encaixadas ou com rebarbas e, no caso do Highline, ainda há a porção central do painel (envolvendo o mostrador de instrumentos e o multimídia) em preto brilhante, o que dá um aspecto a mais de sofisticação.

Se a carteira não estiver tão apertada vale a pena levar o pacote Tech High, que acrescenta o painel digital configurável e o multimídia Discover Media com GPS e outras funções. Além de deixar a cabine mais agradável e tecnológica, ambos os equipamentos facilitam bastante a vida do motorista. Sem eles, o painel preserva sua eficiência mas aparenta ser o de um carro bem mais barato.


Bancos com costura vermelha também fazem parte do pacote Beats Sound

Um ponto positivo é que, com ou sem opcionais, o Polo trata bem seus ocupantes. Há cintos de três pontos e encostos de cabeça para todos, além de sistema ISOFIX nos bancos traseiros para fixar cadeirinhas infantis. Os passageiros de trás contam ainda com saídas dedicadas de ar condicionado, item único na categoria e que ficou de fora até mesmo do novo Jetta, bem mais caro que o compacto.

Já o ponto negativo é a falta que alguns equipamentos fazem, dentre eles: rebatimento elétrico dos retrovisores, teto solar e um acabamento mais primoroso no interior, especialmente nas portas traseiras que, assim como nos irmãos Jetta e T-Cross, não trazem qualquer capricho.


Tweeters nas colunas A recebem emblemas Beats

E o Beats?

Uma das perguntas mais feitas pelos leitores em nosso Instagram foi sobre a qualidade/potência do sistema de som Beats. A marca é uma subsidiária da Apple e se especializou na produção de equipamentos de áudio, fazendo parceria recentemente com a Volkswagen para fornecer aparelhagem de som para seus automóveis. No caso do Polo são seis alto-falantes + um subwoofer e amplificador de 300 watts com oito canais, mas que só vale a quantia a mais para quem gosta muito de ouvir música no carro; o sistema original também é bom e atende os ouvintes menos frequentes sem problemas.

Uma característica dos aparelhos da marca Beats é o foco nas frequências graves, o que também acontece aqui mas pode ser amenizado nos ajustes do multimídia. Ainda assim fica a predileção pelos graves, o que pode não agradar aos que procuram um som mais "limpo" e agudo.



Considerações finais

Enquanto os novos Chevrolet Onix e Hyundai HB20 não chegam, o Polo segue como o projeto mais moderno dentre os compactos vendidos atualmente no Brasil. Também está entre os mais equipados e, por consequência, mais caros do segmento. Pode ser uma boa escolha pra quem quer um carro mais recheado para se mover na cidade, mas é importante frisar que nessa faixa de preço já é possível partir para alguns SUVs compactos, segmento que segue em franca expansão por todo o mundo.

Alguns opcionais podem ser deixados de lado por não afetarem tanto a experiência geral do carro, como o pacote Beats e as rodas aro 17. Ambos somam quase 3,5 mil reais juntos, dinheiro que pode ser melhor investido para complementar a aquisição do pacote Tech High que agrega câmera de ré, sensores dianteiros de estacionamento e diversos outros itens de conveniência mais interessantes.

Caso você não goste do Polo é bom lembrar: os novos Chevrolet Onix e Hyundai HB20 serão lançados ainda esse ano, ampliando o leque de opções de quem busca um compacto 0km com um pouco mais de conteúdo, pois ambos virão embalados na onda iniciada pela sacudida de poeira provocada pelo Polo: a de compactos com mais recheio e conjuntos mecânicos mais eficientes.



Concorrentes diretos (pela categoria hatch compacto "premium"): Toyota Yaris XLS, Honda Fit EXL, Fiat Argo HGT.

O modelo avaliado não possui concorrentes indiretos.



Ficha técnica

Motor: 1.0 turbo, 3 cilindros em linha, 12 válvulas, flex
Potência: 128cv (E) / 115cv (G) a 5.000rpm
Torque: 20,4kgfm (E/G) a 2.000rpm
Transmissão: automática de seis velocidades com paddle-shifters
Tração: dianteira
Suspensão: independente na dianteira, eixo de torção na traseira
Freios: discos ventilados na dianteira, discos sólidos na traseira
Direção: elétrica
Pneus: 205/50 R17
Comprimento: 4,05m
Largura: 1,75m
Entre-eixos: 2,56m
Altura: 1,46m
Peso: 1.147kg
Porta-malas: 300l
Tanque: 52l

0 a 100km/h: 9,3 segundos
Velocidade máxima: 190km/h


Fotos (clique para ampliar):