Modelo cedido por Volkswagen do Brasil
T-Cross e a bela paisagem da subida da RJ-116 até o município de Nova Friburgo |
Quem ri por último ri melhor, certo? É o que a Volkswagen está tentando descobrir com o T-Cross, sua última novidade para o segmento dos SUVs - mais precisamente, o dos SUVs compactos. A montadora levou muito tempo para embarcar na onda do momento, pois, só comercializava o Tiguan (que é um médio) e o Touareg (que é grande); o primeiro ganhou uma nova geração ano passado e o segundo foi descontinuado em solo brasileiro.
O nascimento do T-Cross foi um marco: é o primeiro SUV da montadora a ser produzido no Brasil, montado em São José dos Pinhais (PR), e é a principal cartada da alemã para disputar no segmento mais badalado dos últimos tempos. A fim de conhecer mais a fundo suas qualidades e defeitos, nós recebemos uma unidade da versão mais cara, a Highline, para nossa avaliação padrão de uma semana.
Perfil "quadradão" do T-Cross remete a SUVs mais tradicionais e o faz parecer maior nas fotos |
Armas a postos
O T-Cross Highline é o topo-de-linha, custando iniciais R$109.990 e sendo o único da família a usar o motor 1.4 TSI flex de 150cv e 25,5kgfm - é o mesmo propulsor do novo Jetta, disponível somente com câmbio automático convencional de seis marchas. O preço inicial da versão se nivela pelos rivais mais caros e pode aumentar facilmente se forem adicionados os pacotes opcionais e/ou as pinturas metálicas, como é o caso do nosso carro de teste: com a pintura Vermelho Crimson (R$1.400) e os pacotes Sky View (R$4.800), Tech & Beats (R$6.050) e Innovation (R$4.000), o T-Cross mais completo de todos sai por R$126.240.
Por ser uma versão top e se nivelar por cima na categoria, o pacote de equipamentos deve condizer com a cifra pedida. Alguns dos principais itens de série do Highline são: seis airbags, controles de tração e estabilidade, freios a disco nas quatro rodas, ar condicionado digital automático com saídas traseiras, sensores dianteiros e traseiros de estacionamento, bancos em couro, faróis e limpadores com acionamento automático, retrovisor interno fotocrômico e externos com rebatimento elétrico, iluminação ambiente em LED, câmera de ré, monitoramento de pressão dos pneus, piloto automático, chave presencial, entre outros.
Os pacotes opcionais não são baratos, mas deixam o SUV mais atraente ao incluir itens que são raros na categoria, dentre eles: faróis Full LED adaptativos, teto solar panorâmico, sistema de som Beats com seis alto-falantes + subwoofer, painel de instrumentos totalmente digital, seletor de modos de condução, entre outros. Quando equipado com tudo igual ao nosso carro de teste, o T-Cross Highline se posiciona acima das versões mais caras de alguns rivais diretos, contudo, deixa pouco espaço para faltas.
Ainda assim, essas faltas existem. A Volkswagen deveria ter adotado um sistema de ar condicionado dual zone, bem como manter as luzes traseiras de leitura que "somem" ao adicionar o teto panorâmico e, por último mas não menos importante, utilizar o freio de estacionamento eletrônico, o que possibilitaria a presença do "auto hold", recurso cada vez mais útil diante de tantos congestionamentos que enfrentamos no dia-a-dia.
Coração valente
Como dito anteriormente, o T-Cross Highline é o único a utilizar o motor 1.4 turbinado, enquanto os demais usam o 1.0 TSI que hoje equipa Polo e Virtus com seus 128cv e 20,4kgfm. Esse propulsor já fez sua fama por entregar desempenho e economia em níveis surpreendentes e, no caso do SUV compacto, ele consegue se sair ainda melhor por um motivo simples: para a surpresa de muitos, o T-Cross pesa menos do que seus irmãos Golf e Jetta. A configuração mais leve é a de entrada, com motor 1.0 turbo e câmbio manual pesando 1.215kg, enquanto o Highline pesa 1.292kg - tanto Jetta quanto Golf superam os 1.300kg quando equipados com a mesma dupla de motor e transmissão. Menor peso significa melhores relações peso X potência e peso X torque, favorecendo a performance e a economia de combustível. Vale lembrar que a tração do T-Cross é sempre dianteira, não existindo opção 4x4.
O 1.4 se mostra mais do que suficiente para o pequeno utilitário, seja em trecho urbano ou rodoviário, trabalhando em harmonia com o câmbio para garantir uma condução prazerosa. O porém fica para o pedal do acelerador que, assim como no Jetta avaliado por nós há alguns meses, apresenta certo atraso até "entender" a vontade do motorista e atender ao seu desejo. Nossas médias de consumo ficaram entre 12,5km/l e 14,6km/l (urbano e rodoviário, respectivamente), sempre com quatro/cinco pessoas a bordo, gasolina no tanque e ar condicionado ligado. O maior consumo registrado foi de 11,3km/l e o menor foi de 16,4km/l, ambos com ar desligado.
O câmbio cumpre seu papel com decência, garantindo o menor giro possível o tempo todo e respondendo com prontidão aos comandos do motorista, que ainda pode realizar trocas de marcha pelos paddle-shifters no volante ou na própria alavanca. Caso o carro esteja equipado com o pacote Innovation, o condutor ainda poderá escolher entre quatro modos diferentes de condução, sendo que um deles é o Individual e permite ajustes específicos para cada componente da direção, alterando o comportamento do utilitário.
Vida tranquila
O ponto forte do T-Cross Highline é o tratamento que ele dá a seus passageiros. Atrás, há duas saídas de ar condicionado (item que, na categoria, era exclusividade do Hyundai Creta) acompanhadas de duas portas USB, além do espaço para as pernas que é amplo graças ao longo entre-eixos, o mesmo do Virtus. Ainda no banco de trás, há cintos de três pontos e encostos de cabeça para todos, além de sistemas ISOFIX e Top Tether para cadeiras infantis. O que já não é tão bom é o porta-malas de apenas 373 litros, podendo ser expandido para pouco mais de 400 litros através de um mecanismo que reclina o encosto do assento traseiro.
Outro ponto que faz o T-Cross se destacar positivamente é o acerto de suspensão. Equilibrado entre dinamismo e conforto, o utilitário consegue passar por ruas esburacadas sem maltratar os passageiros (mesmo com as rodas aro 17 da versão) e ainda se manter firme em trechos sinuosos de estrada, com pouca rolagem de carroceria. É um comportamento que remete ao HR-V atualizado pra 2019 e mostra que a marca analisou bem o nosso piso ao projetar o carro.
Alguns dos opcionais oferecidos podem tornar a vida com o T-Cross mais agradável. Começamos pelos faróis Full LED presentes no pacote Tech & Beats; montados com projetores, eles trazem ajuste automático de altura do facho e melhoram muito a direção noturna, além de trazer uma barra de LED integrada que funciona como luz diurna (DRL), luz de posição e indicador de direção (seta). No mesmo pacote se encontra o som Beats com 300 watts de potência e seis alto-falantes + subwoofer, ideal pra quem gosta de ouvir música e curte as frequências mais graves.
Já no pacote Innovation se encontram o painel digital customizável e o multimídia Discover Media, itens que trabalham de forma integrada e dão ao motorista um outro panorama sobre seu carro; o painel é completo e exibe tudo o que se precisa saber, enquanto o Discover Media conta com todas as funções esperadas de uma central moderna, além de permitir a configuração de parâmetros diversos do veículo. Sem eles, o T-Cross traz o multimídia Composition Touch (com tela menor e sem navegação GPS), bem como um painel tradicional com tela multifunção ao centro; são eficientes, mas o visual datado passa a impressão de se estar em um carro bem mais barato.
Considerações finais
O T-Cross não quer se destacar como o melhor em nada, mas sim, como bom em quase tudo. Dono de um conjunto equilibrado, ele quer seduzir pela racionalidade da combinação economia + desempenho, entregando ambos na medida certa. Os valores de todas as versões ficam acima da boa maioria dos adversários, porém, ele busca compensar entregando itens que os rivais não trazem sequer como opcionais. A variedade dos pacotes opcionais deixam o SUV compacto mais agradável e tecnológico, mas com valor perigosamente próximo ao do irmão maior Tiguan Allspace em sua versão de entrada "250 TSI", com cinco lugares.
Outra opção dentro da própria casa que fica paralela em preços é o Jetta. No final das contas, cabe a você analisar o que prioriza e decidir pela compra. Se precisa de espaço para a família, gaste um pouco mais e leve o Tiguan por seus R$129.990; se quer fugir da moda SUV, dê uma chance ao Jetta na versão Comfortline que, pelo mesmo preço do T-Cross Highline puro, traz o mesmo conjunto mecânico e alguns itens de série que no irmão SUV são opcionais, como faróis Full LED, multimídia Discover Media e seletor de modos de condução.
Concorrentes diretos (pela categoria SUV compacto): Nissan Kicks SL Pack Tech, Ford EcoSport Storm 4WD, Hyundai Creta Prestige, Jeep Renegade Limited Flex, Renault Captur Intense, Honda HR-V EXL, Chevrolet Tracker Midnight, Citroën C4 Cactus Shine Pack, CAOA Chery Tiggo 5X TXS
Concorrentes indiretos (pelo preço entre 105 e 115 mil): Jeep Compass Sport Flex, Kia Sportage P.162
Obs.: para a análise de concorrentes é tomada como base a versão "pura", sem opcionais
Ficha técnica
Cabine mescla materiais de tons claros e escuros. Iluminação ambiente não muda de cor como nos Jetta R-Line e GLI |
Os pacotes opcionais não são baratos, mas deixam o SUV mais atraente ao incluir itens que são raros na categoria, dentre eles: faróis Full LED adaptativos, teto solar panorâmico, sistema de som Beats com seis alto-falantes + subwoofer, painel de instrumentos totalmente digital, seletor de modos de condução, entre outros. Quando equipado com tudo igual ao nosso carro de teste, o T-Cross Highline se posiciona acima das versões mais caras de alguns rivais diretos, contudo, deixa pouco espaço para faltas.
Ainda assim, essas faltas existem. A Volkswagen deveria ter adotado um sistema de ar condicionado dual zone, bem como manter as luzes traseiras de leitura que "somem" ao adicionar o teto panorâmico e, por último mas não menos importante, utilizar o freio de estacionamento eletrônico, o que possibilitaria a presença do "auto hold", recurso cada vez mais útil diante de tantos congestionamentos que enfrentamos no dia-a-dia.
Ao todo, percorremos 700km ao longo da semana com o T-Cross, alternando entre trecho urbano e rodoviário |
Coração valente
Como dito anteriormente, o T-Cross Highline é o único a utilizar o motor 1.4 turbinado, enquanto os demais usam o 1.0 TSI que hoje equipa Polo e Virtus com seus 128cv e 20,4kgfm. Esse propulsor já fez sua fama por entregar desempenho e economia em níveis surpreendentes e, no caso do SUV compacto, ele consegue se sair ainda melhor por um motivo simples: para a surpresa de muitos, o T-Cross pesa menos do que seus irmãos Golf e Jetta. A configuração mais leve é a de entrada, com motor 1.0 turbo e câmbio manual pesando 1.215kg, enquanto o Highline pesa 1.292kg - tanto Jetta quanto Golf superam os 1.300kg quando equipados com a mesma dupla de motor e transmissão. Menor peso significa melhores relações peso X potência e peso X torque, favorecendo a performance e a economia de combustível. Vale lembrar que a tração do T-Cross é sempre dianteira, não existindo opção 4x4.
Rodando a 110km/h, o conta-giros começa a encostar nos 2.000rpm |
O 1.4 se mostra mais do que suficiente para o pequeno utilitário, seja em trecho urbano ou rodoviário, trabalhando em harmonia com o câmbio para garantir uma condução prazerosa. O porém fica para o pedal do acelerador que, assim como no Jetta avaliado por nós há alguns meses, apresenta certo atraso até "entender" a vontade do motorista e atender ao seu desejo. Nossas médias de consumo ficaram entre 12,5km/l e 14,6km/l (urbano e rodoviário, respectivamente), sempre com quatro/cinco pessoas a bordo, gasolina no tanque e ar condicionado ligado. O maior consumo registrado foi de 11,3km/l e o menor foi de 16,4km/l, ambos com ar desligado.
O câmbio cumpre seu papel com decência, garantindo o menor giro possível o tempo todo e respondendo com prontidão aos comandos do motorista, que ainda pode realizar trocas de marcha pelos paddle-shifters no volante ou na própria alavanca. Caso o carro esteja equipado com o pacote Innovation, o condutor ainda poderá escolher entre quatro modos diferentes de condução, sendo que um deles é o Individual e permite ajustes específicos para cada componente da direção, alterando o comportamento do utilitário.
Cabine agrada no geral, mas as portas de trás não trazem qualquer capricho, assim como no Jetta |
Vida tranquila
O ponto forte do T-Cross Highline é o tratamento que ele dá a seus passageiros. Atrás, há duas saídas de ar condicionado (item que, na categoria, era exclusividade do Hyundai Creta) acompanhadas de duas portas USB, além do espaço para as pernas que é amplo graças ao longo entre-eixos, o mesmo do Virtus. Ainda no banco de trás, há cintos de três pontos e encostos de cabeça para todos, além de sistemas ISOFIX e Top Tether para cadeiras infantis. O que já não é tão bom é o porta-malas de apenas 373 litros, podendo ser expandido para pouco mais de 400 litros através de um mecanismo que reclina o encosto do assento traseiro.
Outro ponto que faz o T-Cross se destacar positivamente é o acerto de suspensão. Equilibrado entre dinamismo e conforto, o utilitário consegue passar por ruas esburacadas sem maltratar os passageiros (mesmo com as rodas aro 17 da versão) e ainda se manter firme em trechos sinuosos de estrada, com pouca rolagem de carroceria. É um comportamento que remete ao HR-V atualizado pra 2019 e mostra que a marca analisou bem o nosso piso ao projetar o carro.
Alguns dos opcionais oferecidos podem tornar a vida com o T-Cross mais agradável. Começamos pelos faróis Full LED presentes no pacote Tech & Beats; montados com projetores, eles trazem ajuste automático de altura do facho e melhoram muito a direção noturna, além de trazer uma barra de LED integrada que funciona como luz diurna (DRL), luz de posição e indicador de direção (seta). No mesmo pacote se encontra o som Beats com 300 watts de potência e seis alto-falantes + subwoofer, ideal pra quem gosta de ouvir música e curte as frequências mais graves.
Já no pacote Innovation se encontram o painel digital customizável e o multimídia Discover Media, itens que trabalham de forma integrada e dão ao motorista um outro panorama sobre seu carro; o painel é completo e exibe tudo o que se precisa saber, enquanto o Discover Media conta com todas as funções esperadas de uma central moderna, além de permitir a configuração de parâmetros diversos do veículo. Sem eles, o T-Cross traz o multimídia Composition Touch (com tela menor e sem navegação GPS), bem como um painel tradicional com tela multifunção ao centro; são eficientes, mas o visual datado passa a impressão de se estar em um carro bem mais barato.
Considerações finais
O T-Cross não quer se destacar como o melhor em nada, mas sim, como bom em quase tudo. Dono de um conjunto equilibrado, ele quer seduzir pela racionalidade da combinação economia + desempenho, entregando ambos na medida certa. Os valores de todas as versões ficam acima da boa maioria dos adversários, porém, ele busca compensar entregando itens que os rivais não trazem sequer como opcionais. A variedade dos pacotes opcionais deixam o SUV compacto mais agradável e tecnológico, mas com valor perigosamente próximo ao do irmão maior Tiguan Allspace em sua versão de entrada "250 TSI", com cinco lugares.
Outra opção dentro da própria casa que fica paralela em preços é o Jetta. No final das contas, cabe a você analisar o que prioriza e decidir pela compra. Se precisa de espaço para a família, gaste um pouco mais e leve o Tiguan por seus R$129.990; se quer fugir da moda SUV, dê uma chance ao Jetta na versão Comfortline que, pelo mesmo preço do T-Cross Highline puro, traz o mesmo conjunto mecânico e alguns itens de série que no irmão SUV são opcionais, como faróis Full LED, multimídia Discover Media e seletor de modos de condução.
Concorrentes diretos (pela categoria SUV compacto): Nissan Kicks SL Pack Tech, Ford EcoSport Storm 4WD, Hyundai Creta Prestige, Jeep Renegade Limited Flex, Renault Captur Intense, Honda HR-V EXL, Chevrolet Tracker Midnight, Citroën C4 Cactus Shine Pack, CAOA Chery Tiggo 5X TXS
Concorrentes indiretos (pelo preço entre 105 e 115 mil): Jeep Compass Sport Flex, Kia Sportage P.162
Obs.: para a análise de concorrentes é tomada como base a versão "pura", sem opcionais
Ficha técnica
Motor: 1.4 turbo, 4 cilindros em linha, 16 válvulas, flex
Potência: 150cv (E/G) a 5.000rpm
Torque: 25,5kgfm (E/G) a 1.400rpm
Transmissão: automática de seis velocidades com trocas na alavanca
Tração: dianteira
Suspensão: independente na dianteira, eixo de torção na traseira
Freios: discos ventilados na dianteira, discos sólidos na traseira
Direção: elétrica
Pneus: 205/55 R17
Comprimento: 4,19m
Largura: 1,76m
Entre-eixos: 2,65m
Altura: 1,57m
Peso: 1.292kg
Porta-malas: 373l
Tanque: 52l