sábado, 6 de outubro de 2018

2019 Hyundai HB20S Premium 1.6 AT6; lutando pelo segundo lugar

Texto e fotos por Yuri Ravitz
Modelo cedido por Hyundai Motor Brasil




Quando falamos dos carros mais vendidos no Brasil, alguns nomes já surgem de imediato: Chevrolet Onix, campeão invicto há anos e, numa constante briga pelo segundo lugar, Ford Ka e Hyundai HB20. A vantagem do americano sobre o coreano no ranking de vendas de Setembro, por exemplo, foi de pouco mais de 50 carros, e essa disputa se estende mês após mês. Cada um possui suas próprias armas pra tentar conquistar o consumidor e, dessa vez, nós tivemos a oportunidade de conhecer as do coreano.

O HB20 começou sua vida em 2012, mais precisamente no mês de Setembro, e já passou por dois facelifts ao longo do tempo: um em 2016, mais abrangente, e outro mais leve agora para a linha 2019. O que permanece inalterado é o coração do compacto, pois até a transmissão automática foi atualizada, passando de quatro para seis marchas. A versão que recebemos para avaliação é a Premium, topo-de-linha, que sai hoje por R$ 70.690 ou, se vier com bancos de couro como o nosso avaliado, R$72.290 (sem as cores metálicas, que custam R$650 à parte). As demais novidades você confere a seguir.

Mudanças pra linha 2019 foram poucas, mas deixaram o HB20 mais elegante

O que mudou?

Para 2019, o HB20 adota uma nova grade Mesh Type sem os filetes horizontais, mantendo o formato hexagonal com friso cromado de acabamento no contorno. A versão mais cara agrega faróis com projetores bi-halógenos (baixo e alto) e LEDs para as luzes de posição (sem função DRL), além de novas rodas diamantadas Blender aro 15 e faróis de neblina também com projetores e aros cromados. As lanternas redesenhadas do facelift de 2016 seguem inalteradas na linha 2019.

Outra novidade interessante é a adoção do multimídia blueMedia, que traz TV digital e era exclusividade da série Copa do Mundo FIFA. Não foi dessa vez que ele ganhou controles de tração e estabilidade e nem há razão para continuar esperando por ambos, pois uma nova geração do HB20 está prevista para 2020, o que mina as possibilidades de novas atualizações da atual.

As lanternas redesenhadas "Clear Type", introduzidas em 2016, são ligadas por uma régua cromada

Topo da cadeia

Como dissemos anteriormente, a oferta de motores pro HB20 segue inalterada. Há o 1.0 Kappa de três cilindros em versão aspirada ou turbo e, no caso do nosso carro, o conhecido 1.6 Gamma de quatro cilindros, também aspirado, com 128/122cv (E/G) a 6.000rpm e 16,5/16kgfm (E/G) a 5.000rpm. Não é dos mais modernos, mas figura entre os mais potentes/torcudos da categoria e confere bastante disposição aos 1.086kg do coreano. A tração é sempre dianteira e os freios trazem discos ventilados na dianteira com tambores na traseira.

Uma das maiores, se não a melhor novidade do facelift de 2016 que continua aqui é a transmissão automática de seis velocidades, que veio substituir a antiga de quatro e funciona de forma muito suave o tempo todo graças às trocas imperceptíveis. Quem quiser pode fazê-las manualmente na própria alavanca, mas a maioria dos donos dificilmente usará tal recurso. Uma outra alteração na lista das mais bem-vindas foi a adoção dos já citados faróis com projetores, comuns em carros de categoria superior e bem mais eficientes que os refletores; melhoraram o visual do carro e a direção noturna.

Cabine mistura linhas arrojadas a cores sóbrias e usa bastante plástico, mas é bem montada e não faz barulho

Hábito japonês

Uma prática comum das montadoras japonesas é a de oferecer carros em pacotes fechados, sem opcionais. A Hyundai, coreana, seguiu a mesma linha e agora só vende o HB20 em versões fechadas. A Premium vem de fábrica com: quatro airbags (frontais e laterais), vidros elétricos com um-toque nas quatro portas, multimídia com TV digital/bluetooth/USB/Aux e espelhamento para smartphones, retrovisores com rebatimento e ajustes elétricos, coluna de direção com ajuste de altura e profundidade, ar condicionado digital automático de uma zona, computador de bordo multifuncional, volante com comandos de rádio e telefone, banco traseiro bipartido, sistema ISOFIX para fixação de cadeiras infantis e chave canivete com acionamento remoto de portas e janelas.

Também há mimos como espelho e iluminação individual nos quebra-sóis, sensores traseiros de estacionamento, iluminação interna no porta-luvas e porta-malas, detalhes cromados nas maçanetas e porção inferior das janelas, apoio de braço para o motorista e faróis com acendimento automático. Contempla quase tudo que um carro de mais de 70 mil pede, mas deixa de fora itens necessários como cinto de três pontos e encosto de cabeça para o quinto ocupante, controles de tração e estabilidade, freios traseiros a disco, luzes diurnas (que já podiam estar ali, conjugadas nas luzes de posição em LEDs) e GPS nativo no blueMedia. Para usar a navegação nele, só através de aplicativos como o Google Maps ou o Waze, espelhando o smartphone pelo Android Auto ou Apple CarPlay.

Os bancos do HB20 são confortáveis, mas parte do conforto se perde no espaço interno limitado

Um pouco mais

Alguns equipamentos faltantes podem incomodar pelo preço, mas a maior fraqueza do HB20 continua sendo o espaço interno limitado. Para uma família de pessoas pequenas está OK mas, caso o motorista possua 1,80m de altura (como este que vos escreve), já não sobrará muito espaço para quem vai atrás. O entre-eixos de exatos 2,5m nem é dos menores, mas o painel é bem avançado no interior, o que obriga a instalação mais recuada dos assentos dianteiros, roubando valioso espaço das pernas de quem vai atrás. Em contrapartida, os passageiros da frente vão bem acomodados e os bancos são confortáveis.

Também sentimos falta de uma regulagem de altura decente para o banco do motorista. O único ajuste presente mexe na inclinação do assento (independente do encosto) sem mexer na altura; bom pra quem gosta de dirigir com as pernas mais retas, ruim para os mais baixos. Por falar em dirigir, a direção hidráulica não incomoda em movimento, mas o sistema elétrico cairia bem nas horas das manobras pela leveza maior. Pra finalizar, o computador de bordo é completo e alterna entre várias informações relevantes, mas exibe pouca coisa na tela; podia ter aproveitado melhor a área útil do display, facilitando a vida do motorista.


Observar é fundamental

Com o decorrer da vida de um modelo, a montadora pode coletar o retorno dos usuários e analisar onde precisa melhorar para continuar vendo seu produto nas cabeças. Além do espaço interno, uma das maiores queixas do HB20 era a suspensão que batia demais, especialmente na traseira. Batia, no passado, pois o facelift resolveu a questão; mesmo com rodas aro 15, o compacto está bem mais confortável e até mais seguro do que antes. Não há mais batidas secas e, consequentemente, menos ruídos internos. Os passageiros agradecem.

Outro ponto polêmico era a transmissão automática de quatro velocidades que limitava o desempenho e não favorecia a economia de combustível. Com a nova caixa de seis velocidades, o HB20 agora consegue um rodar silencioso, bem disposto e médias melhores; na contramão de nossos testes feitos sempre com gasolina, rodamos apenas com etanol e conseguimos entre 8km/l (urbano) e 12km/l (rodoviário). O motor se mantém abaixo dos 2.000rpm na maior parte do tempo, contribuindo com os números na média do segmento.



Vale a pena?

Com uma concorrência tão acirrada, o HB20 busca conquistar pela emoção; seu design arrojado é um dos maiores chamarizes e, combinado com o bom desempenho do 1.6 aliado à nova caixa de seis marchas, garante um rodar esperto e convincente. O coreano se mostra uma boa escolha para solteiros e/ou pais de filhos pequenos, que irão rodar em percurso urbano na maior parte do tempo, querem um carro que faça boa vista e não necessitam de tanto espaço. Quem procura tecnologia a bordo, prioriza a segurança, economia de combustível ou precisa de mais espaço interno deverá olhar para os rivais.

Além disso, como foi dito acima, ele receberá uma nova geração em breve. Se não estiver com pressa de trocar de carro, talvez valha a pena esperar e ver se a Hyundai corrigirá os pontos fracos do modelo atual. Se for proprietário de um HB20 pré-facelift e quiser trocar para o pós, sentirá boas diferenças e notará a evolução do produto.


Ficha técnica

Motor: 1.6, 4 cilindros em linha, 16 válvulas, flex
Potência: 128cv (E) / 122cv (G) a 6.000rpm
Torque: 16,5kgfm (E) / 16kgfm (G) a 5.000rpm
Transmissão: automática de seis velocidades
Tração: dianteira
Suspensão: independente na dianteira, eixo de torção na traseira
Freios: discos ventilados na dianteira, tambores na traseira
Direção: hidráulica
Pneus: 185/60 R15
Comprimento: 4,23m
Largura: 1,68m
Entre-eixos: 2,50m
Altura: 1,47m
Peso: 1.086kg
Porta-malas: 450l
Tanque: 50l
0 a 100km/h (estimado): 11 segundos
Velocidade máxima: 191km/h


Fotos (clique para ampliar):