quarta-feira, 17 de outubro de 2018

2012 Audi A7 Sportback Ambiente 3.0 V6 AT7; mistura de sensações

Texto e fotos por Yuri Ravitz
Modelo cedido por Costallat Automobile




Quando você decide comprar um carro novo, normalmente há uma necessidade ou um gosto que se sobrepõe aos demais. Em suma: há um objetivo primário, afinal, paga-se caro e ninguém está interessado em rasgar dinheiro. Felizmente há algumas opções que conseguem conciliar tudo de melhor que existe, e a melhor parte é que elas já não precisam, obrigatoriamente, causar um rombo no seu bolso. Dá pra cumprir sua meta sem gastar uma fortuna, e ainda por cima levar o bônus de ter um veículo que entrega muito mais do que você precisava.

A primeira geração do Audi A7 Sportback é um bom exemplar desse grupo. Nascido oficialmente em meados de 2010, chegou aqui pouco tempo depois (já em 2011) e era, essencialmente, uma versão mais atraente do sisudo A6, tal qual acontece entre a dupla A4 e A5. Nosso carro de teste é ano-modelo 2012 e foi cedido pela Costallat Automobile, nossa parceira oficial; pode ser seu por R$139.990.


Confronto não tão direto

O Audi A7 nasceu com uma missão clara: enfrentar o bem-sucedido Mercedes-Benz CLS (que nasceu bem antes, em 2004) e o BMW Série 5 GT na categoria dos "coupés de quatro-portas", só que com uma proposta mais esportiva do que luxuosa. Enquanto o CLS tem mais jeito de sedan e o Série 5 GT era o patinho feio do trio, o A7 queria chocar populares com sua linha de teto que escorria até a extremidade traseira, tal qual nos coupés tradicionais. Deu muito certo: o A7 atrai olhares por onde passa, parecendo ser muito mais caro do que é.

Além da silhueta exótica, o A7 chama atenção por outros detalhes como as grandes rodas aro 19 de fábrica, a grade dianteira com filetes cromados, os faróis com ar de R8 e o aerofólio eletrônico na traseira. A marca bem que tentou oferecê-lo com foco na discrição (das 11 cores do catálogo original, apenas uma era chamativa, de nome Vermelho Granada), mas não teve como. Seus 4,66m de comprimento e quase 2m de largura, combinados com os elementos característicos, o tornam impossível de passar despercebido.


Vida boa

Voltando ao ano de 2011, quando o A7 chegou aqui, seu preço base era de R$323.900 e a Audi oferecia três opcionais: o pacote Advanced (R$20.000) que acrescentava faróis Full LED, piloto automático adaptativo, visão noturna, Head-Up Display, entre outros, além dos sistemas de som da Bose (R$8.000) ou da Bang & Olufsen (R$36.000). Nosso exemplar não traz nenhum deles, mas isso não significa que seja mal-equipado; lembre-se que ainda é um carro que custava mais de 300 mil reais.

De série ele vem com um vasto arsenal; faróis bi-xenon adaptativos, bancos dianteiros elétricos com memória e múltiplos ajustes lombares, teto solar elétrico, ar condicionado de duas zonas, volante multifuncional com ajuste elétrico de altura e profundidade, sensores de estacionamento dianteiros e traseiros com múltiplas câmeras (traseira, dianteira e de quinas), multimídia completa, retrovisores fotocrômicos, Park Assist e muito mais. Além do preço, outro motivo da farta lista de equipamentos é a hierarquia, pois o A7 só fica um degrau abaixo do A8, que é o topo-de-linha da montadora.


Bipolaridade bem-vinda

O A7 chegou pra nós em uma única configuração mecânica; um 3.0 V6 TFSI associado a uma caixa automatizada S tronic de dupla embreagem com sete velocidades e tração integral quattro. Esse conjunto gera 300cv a 5.250rpm e 44,9kgfm a 2.900rpm, números capazes de levar o alemão de 0 a 100km/h em 5,6 segundos e atingir máxima de 250km/h (limitada eletronicamente). Os quatro freios usam discos ventilados e a suspensão é independente tanto na dianteira quanto na traseira.

Um fato curioso é que, apesar do 3.0 V6 usar a nomenclatura "TFSI", não há uma turbina ali e sim um supercharger (compressor). Pra quem não sabe, TFSI significa Turbo Fuel Stratified Injection, sigla que faz menção ao fato do motor ser turbinado e utilizar injeção estratificada de combustível. Não existe (ou não conseguimos descobrir) uma razão específica pra Audi ter mantido o nome e, na verdade, nem há tanto problema assim, uma vez que, de qualquer maneira, estamos falando de sistemas de sobrealimentação por indução forçada.


Misto de sentimentos

O A7 é um daqueles carros que mima o proprietário de todas as formas. Para entrar, basta segurar a maçaneta que as portas são destravadas (se a chave estiver por perto); após se acomodar no banco, o volante se ajustará eletronicamente na última posição deixada assim que a partida for dada pelo botão à sua direita. Do topo do console central, surge a tela do multimídia que deve ser operada pelos atalhos rápidos próximos à alavanca do câmbio, pois não é sensível ao toque; por falar em câmbio, basta colocar no D e seguir adiante. Pelo Audi drive select, o motorista pode escolher quatro formas de guiar: comfort, auto, dynamic e individual, cada qual conferindo personalidade própria ao alemão de luxo.

O mais intrigante no A7 é a forma como anda. Apesar dos aros 19 e da suspensão naturalmente baixa, prevalece o conforto ao rodar mesmo em pisos ruins, e esse conforto também se deve ao câmbio que mantém o motor sempre abaixo dos 1.500rpm. Se pisar fundo, o coupé responde prontamente, avançando com rapidez e firmeza; além da tração quattro ser referência no segmento, a transmissão de dupla embreagem se encarrega das trocas imperceptíveis e esconde os pesados 1.770kg.


Vale a pena?

O A7 se gaba de ocupar uma posição onde há pouco espaço para críticas, pois o valor elevado do carro o obriga a ser quase perfeito. É exatamente por conta disso que você pode pensar em ter um, mas deve ficar atento a um detalhe elementar: por mais que esteja barato hoje, lembre-se que continua sendo um carro pensado para custar mais de 300 mil reais. Não espere que a manutenção mais séria (se necessária) seja uma pechincha, especialmente porque há bastante eletrônica embarcada; você pode se surpreender negativa ou, quem sabe, positivamente.

A única certeza ao colocar um A7 na garagem, mesmo já não sendo tão atual, é a de ter um carro que manteve intacto seu poder de sedução tanto com quem olha quanto com quem anda. Dono de um rodar sublime, ele foi pensado para oferecer a agradável experiência de um legítimo alemão premium.


Ficha técnica

Motor: 3.0, 6 cilindros em V, 24 válvulas, supercharged
Potência: 300cv a 5.250rpm
Torque: 44,9kgfm a 2.900rpm
Transmissão: automatizada de dupla embreagem com sete marchas
Tração: integral
Suspensão: independente nas quatro rodas
Freios: discos ventilados nas quatro rodas
Direção: hidráulica
Pneus: 255/40 R19
Comprimento: 4,66m
Largura: 1,91m
Entre-eixos: 2,91m
Altura: 1,42m
Peso: 1.770kg
Porta-malas: 535l
Tanque: 65l
0 a 100km/h: 5,6 segundos
Velocidade máxima: 250km/h (limitada eletronicamente)