Fotos: Yuri Ravitz/Caio Mattos
Evento a convite da Honda Automóveis do Brasil LTDA
O Si herda o para-choque dianteiro e as rodas agressivas do modelo hatchback. Foto: Yuri Ravitz |
O mercado automotivo brasileiro é conhecido por algumas características em particular, como a escassez de modelos verdadeiramente esportivos. As poucas opções que existem são caras e/ou inutilizáveis no dia-a-dia, seja pelo custo de uso proibitivo ou pelo nível de desempenho alto demais, o que complica as coisas no uso cotidiano. O bom é que mesmo com toda a onda de utilitários, algumas marcas ainda arriscam oferecer uma alternativa mais emocional do que racional, como é o caso da Honda e o Civic Si.
A nova geração do esportivo japonês mudou bastante em relação ao modelo que ganhou os corações de milhares de gearheads tupiniquins: abandonou o motor aspirado e girador em prol de um propulsor menor, mas turboalimentado e, consequentemente, mais "torcudo". Será que as mudanças fizeram bem a ele? É o que fomos descobrir no evento regional de lançamento que a marca promoveu no Rio de Janeiro, no último dia de Julho.
Tudo sob medida
Se o visual agressivo do Civic G10 convencional ficou "exagerado" para muitos, no Si caiu como uma luva. O para-choque dianteiro da versão é o mesmo da carroceria hatchback, não disponível no Brasil e mais ousado que nas demais versões, com detalhes em preto mais pronunciados. As rodas diamantadas aro 18 também vieram do hatch, enquanto na traseira há um aerofólio expressivo e uma grande saída central de escape. As lanternas são unidas por uma "régua" na porção superior da tampa do porta-malas, conferindo um ar distinto e futurista ao japonês.
Para reforçar o caráter esportivo, a Honda trouxe o Si em carroceria coupé (tal qual fez na geração anterior), com apenas duas portas, o que também confere exclusividade, visto a pouca oferta de coupés em nosso país. Por falar em pouco, a montadora trará apenas 60 unidades para o Brasil e, ao menos por enquanto, não há previsão de um segundo lote. Se quiser um em sua garagem, é melhor correr!
Uma nova essência
Como dissemos anteriormente, o Si abandonou o motor aspirado em prol de um turboalimentado. Sai o 2.4 "K24" de 206cv e entra o 1.5 "L15B7" de 208cv. Pode parecer que não houve diferença, mas basta analisar o restante da ficha técnica pra mudar isso: a potência que antes aparecia aos 7.000rpm, agora surge em 5.700rpm. Além disso, o torque saltou de 23,9kgfm a 4.400rpm para 26,5kgfm a apenas 2.100rpm, ou seja, se manifestando bem mais cedo e em maior quantidade. A turbina no 1.5 do Si trabalha a 1,4bar, enquanto que no Civic Touring, a pressão é de 1,1bar; o intercooler também é maior, e as mudanças mecânicas não acabam por aí.
A geração 10 também trouxe uma nova plataforma, ligeiramente mais leve e, no caso do Si, suspensão com amortecedores adaptativos e buchas mais rígidas vindas do Type R (o irmão ainda mais agressivo). Os freios são maiores e usam discos nas quatro rodas, sendo que os traseiros possuem as mesmas medidas dos dianteiros do Touring. Em suma: o Civic Si está mais refinado e afiado do que jamais foi.
Pacote completo
Diferente dos demais, o Civic Si vem importado do Canadá, o que o deixa bem mais caro que os irmãos produzidos aqui por conta da política abusiva de impostos vigente no país. A pedida por um 0km é de R$162.990; ao menos o esportivo repete o bom nível de equipamentos do Touring. A lista contempla teto solar elétrico, sistema de som com 10 alto-falantes, faróis Full LED, amortecedores adaptativos (programáveis pelo botão Sport no console), multimídia com GPS e espelhamento para smartphones, ar condicionado dual zone, painel semi-digital, faróis de neblina halógenos (com lâmpadas convencionais), freio de estacionamento eletrônico, partida por botão e acabamento interno exclusivo da versão.
Os bancos de tecido e o volante multifuncional trazem costura vermelha, enquanto que os pedais são de alumínio e a manopla do câmbio manual de seis marchas conta com aço escovado, além de acabamento em couro com costura vermelha. O painel traz apliques que imitam fibra de carbono, e o forro escuro do teto cria um ambiente mais sofisticado na cabine.
Hora da diversão
Apresentado na teoria, é hora de saber como o Si 2018 se sai na prática. A marca preparou um percurso 100% urbano, alternando entre pisos bons e mais acidentados, com subidas e descidas para que os jornalistas pudessem testar a novidade em uma simulação de uso cotidiano, visto que a cidade do Rio de Janeiro não conta mais com nenhum autódromo que permita explorar o potencial desse tipo de carro. Ao entrar no coupé, basta estar com a chave dentro da cabine, apertar o botão de partida para acordar o 1.5 turbo e se acomodar no banco que "abraça" o condutor.
A posição de dirigir, já naturalmente baixa no Civic, parece ainda mais baixa no Si, algo que pode ser amenizado pela regulagem de altura do assento. Apesar do caráter esportivo, os pedais e a direção são bem leves e fazem contraste com a alavanca de câmbio e seus engates ligeiramente duros, porém curtos e precisos; isso mostra que a Honda se preocupou em fazer um carro que possa servir também como um conveniente "daily driver", o que é algo positivo e não amortiza o lado divertido.
Já falamos em outras matérias que o Civic é dono de uma das melhores suspensões da linha atual da Honda, e isso não se perdeu no Si. Mesmo com as rodas de 18 polegadas, suspensão mais firme e pneus de perfil baixo, pouco se sente das imperfeições da pista. Talvez, em um circuito, isso se traduza em menos comunicação com o motorista, mas a impressão inicial que ficou no curto trajeto urbano planejado para o test-drive foi positiva. O câmbio trabalha em harmonia com o 1.5 turbo que, graças ao seu torque integral em giro baixo, confere muita esperteza ao esportivo e um avanço rápido entre uma marcha e outra.
Os engates curtos tornam as trocas rápidas, diretas e nos fazem agradecer por alguém ainda manter as transmissões manuais vivas; por mais que as caixas automáticas e automatizadas modernas sejam mais leves, econômicas e ágeis, todo esportivo deveria oferecer a opção dos três pedais, e é isso que diferencia o Si de seu eterno rival direto: o Golf GTI e seu automatizado DSG com dupla embreagem. Não é preciso ser gênio pra saber que, nessa disputa, o alemão sai na frente do japonês (ao menos em linha reta), mas é exatamente a diferença de transmissões que começa a distinção de ambos. A escolha por manter o Si com caixa manual é a de fazer dele um "sopro de alívio" em meio a tantos robotizados que dominaram o mercado.
Nem tudo são flores
Apesar do breve contato, o Civic Si se mostrou passível de muitos elogios. Entretanto, ninguém é perfeito; para um esportivo, ele é silencioso demais e merecia um sistema de escape mais trabalhado com difusor eletrônico (a famosa válvula que abre e fecha, alterando o ronco). A troca de configuração de motor o deixou muito mais disposto, mas os saudosistas sentirão falta de levá-lo aos limites dos giros, pois a "redline" do 1.5 turbo sequer chega aos 7.000rpm (corta giro em cerca de 6.500rpm).
Outro ponto polêmico é a lista de equipamentos que agrada, mas que poderia trazer mais itens de tecnologia para não deixá-lo para trás perante o já citado GTI, cuja comparação é inevitável. A montadora perdeu uma ótima oportunidade de testar a receptividade do pacote Sensing disponível em outros países, que traz piloto automático adaptativo, assistente de permanência em faixa, sistema CMBS (que detecta possíveis colisões e intervém na condução pra minimizar os efeitos do impacto) e assistente de mudança involuntária de faixa. Com mais itens, o comprador do Si teria a satisfação de ter não apenas um produto exclusivo, mas também em concordância com as últimas tendências do mercado.
Veredito
Nesse primeiro contato, o Civic Si 2018 se mostrou um produto evoluído e com boas novidades em relação aos antepassados, inclusive seguindo a boa média que toda a família G10 do modelo japonês conquistou com seus predicados. Contudo, só poderemos colocar suas qualidades à prova na avaliação padrão que faremos em um futuro próximo, visto que o Si se trata de um produto diferenciado com características exclusivas. Para não perder nada, não deixe de nos acompanhar também no YouTube e, principalmente, em nossa página no Instagram!
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A nova geração do esportivo japonês mudou bastante em relação ao modelo que ganhou os corações de milhares de gearheads tupiniquins: abandonou o motor aspirado e girador em prol de um propulsor menor, mas turboalimentado e, consequentemente, mais "torcudo". Será que as mudanças fizeram bem a ele? É o que fomos descobrir no evento regional de lançamento que a marca promoveu no Rio de Janeiro, no último dia de Julho.
Saída central de escape e lanternas unidas na parte superior se destacam na traseira. Foto: Yuri Ravitz |
Tudo sob medida
Se o visual agressivo do Civic G10 convencional ficou "exagerado" para muitos, no Si caiu como uma luva. O para-choque dianteiro da versão é o mesmo da carroceria hatchback, não disponível no Brasil e mais ousado que nas demais versões, com detalhes em preto mais pronunciados. As rodas diamantadas aro 18 também vieram do hatch, enquanto na traseira há um aerofólio expressivo e uma grande saída central de escape. As lanternas são unidas por uma "régua" na porção superior da tampa do porta-malas, conferindo um ar distinto e futurista ao japonês.
Para reforçar o caráter esportivo, a Honda trouxe o Si em carroceria coupé (tal qual fez na geração anterior), com apenas duas portas, o que também confere exclusividade, visto a pouca oferta de coupés em nosso país. Por falar em pouco, a montadora trará apenas 60 unidades para o Brasil e, ao menos por enquanto, não há previsão de um segundo lote. Se quiser um em sua garagem, é melhor correr!
Rodas diamantadas são calçadas em pneus Goodyear 235/40 R18. Foto: Yuri Ravitz |
Uma nova essência
Como dissemos anteriormente, o Si abandonou o motor aspirado em prol de um turboalimentado. Sai o 2.4 "K24" de 206cv e entra o 1.5 "L15B7" de 208cv. Pode parecer que não houve diferença, mas basta analisar o restante da ficha técnica pra mudar isso: a potência que antes aparecia aos 7.000rpm, agora surge em 5.700rpm. Além disso, o torque saltou de 23,9kgfm a 4.400rpm para 26,5kgfm a apenas 2.100rpm, ou seja, se manifestando bem mais cedo e em maior quantidade. A turbina no 1.5 do Si trabalha a 1,4bar, enquanto que no Civic Touring, a pressão é de 1,1bar; o intercooler também é maior, e as mudanças mecânicas não acabam por aí.
A geração 10 também trouxe uma nova plataforma, ligeiramente mais leve e, no caso do Si, suspensão com amortecedores adaptativos e buchas mais rígidas vindas do Type R (o irmão ainda mais agressivo). Os freios são maiores e usam discos nas quatro rodas, sendo que os traseiros possuem as mesmas medidas dos dianteiros do Touring. Em suma: o Civic Si está mais refinado e afiado do que jamais foi.
O nosso Si tem faróis Full LED, diferente de outros mercados onde usa projetores halógenos. Foto: Yuri Ravitz |
Pacote completo
Diferente dos demais, o Civic Si vem importado do Canadá, o que o deixa bem mais caro que os irmãos produzidos aqui por conta da política abusiva de impostos vigente no país. A pedida por um 0km é de R$162.990; ao menos o esportivo repete o bom nível de equipamentos do Touring. A lista contempla teto solar elétrico, sistema de som com 10 alto-falantes, faróis Full LED, amortecedores adaptativos (programáveis pelo botão Sport no console), multimídia com GPS e espelhamento para smartphones, ar condicionado dual zone, painel semi-digital, faróis de neblina halógenos (com lâmpadas convencionais), freio de estacionamento eletrônico, partida por botão e acabamento interno exclusivo da versão.
Os bancos de tecido e o volante multifuncional trazem costura vermelha, enquanto que os pedais são de alumínio e a manopla do câmbio manual de seis marchas conta com aço escovado, além de acabamento em couro com costura vermelha. O painel traz apliques que imitam fibra de carbono, e o forro escuro do teto cria um ambiente mais sofisticado na cabine.
O Si sempre se destacou nas ruas, e com o atual não foi diferente. Foto: Caio Mattos |
Hora da diversão
Apresentado na teoria, é hora de saber como o Si 2018 se sai na prática. A marca preparou um percurso 100% urbano, alternando entre pisos bons e mais acidentados, com subidas e descidas para que os jornalistas pudessem testar a novidade em uma simulação de uso cotidiano, visto que a cidade do Rio de Janeiro não conta mais com nenhum autódromo que permita explorar o potencial desse tipo de carro. Ao entrar no coupé, basta estar com a chave dentro da cabine, apertar o botão de partida para acordar o 1.5 turbo e se acomodar no banco que "abraça" o condutor.
A posição de dirigir, já naturalmente baixa no Civic, parece ainda mais baixa no Si, algo que pode ser amenizado pela regulagem de altura do assento. Apesar do caráter esportivo, os pedais e a direção são bem leves e fazem contraste com a alavanca de câmbio e seus engates ligeiramente duros, porém curtos e precisos; isso mostra que a Honda se preocupou em fazer um carro que possa servir também como um conveniente "daily driver", o que é algo positivo e não amortiza o lado divertido.
O vermelho "Rallye Red" ficou bonito no contraste com o ambiente urbano. Foto: Caio Mattos |
Já falamos em outras matérias que o Civic é dono de uma das melhores suspensões da linha atual da Honda, e isso não se perdeu no Si. Mesmo com as rodas de 18 polegadas, suspensão mais firme e pneus de perfil baixo, pouco se sente das imperfeições da pista. Talvez, em um circuito, isso se traduza em menos comunicação com o motorista, mas a impressão inicial que ficou no curto trajeto urbano planejado para o test-drive foi positiva. O câmbio trabalha em harmonia com o 1.5 turbo que, graças ao seu torque integral em giro baixo, confere muita esperteza ao esportivo e um avanço rápido entre uma marcha e outra.
Os engates curtos tornam as trocas rápidas, diretas e nos fazem agradecer por alguém ainda manter as transmissões manuais vivas; por mais que as caixas automáticas e automatizadas modernas sejam mais leves, econômicas e ágeis, todo esportivo deveria oferecer a opção dos três pedais, e é isso que diferencia o Si de seu eterno rival direto: o Golf GTI e seu automatizado DSG com dupla embreagem. Não é preciso ser gênio pra saber que, nessa disputa, o alemão sai na frente do japonês (ao menos em linha reta), mas é exatamente a diferença de transmissões que começa a distinção de ambos. A escolha por manter o Si com caixa manual é a de fazer dele um "sopro de alívio" em meio a tantos robotizados que dominaram o mercado.
O Civic Si e os Arcos da Lapa, um dos principais cartões-postais do Rio. Foto: Caio Mattos |
Nem tudo são flores
Apesar do breve contato, o Civic Si se mostrou passível de muitos elogios. Entretanto, ninguém é perfeito; para um esportivo, ele é silencioso demais e merecia um sistema de escape mais trabalhado com difusor eletrônico (a famosa válvula que abre e fecha, alterando o ronco). A troca de configuração de motor o deixou muito mais disposto, mas os saudosistas sentirão falta de levá-lo aos limites dos giros, pois a "redline" do 1.5 turbo sequer chega aos 7.000rpm (corta giro em cerca de 6.500rpm).
Outro ponto polêmico é a lista de equipamentos que agrada, mas que poderia trazer mais itens de tecnologia para não deixá-lo para trás perante o já citado GTI, cuja comparação é inevitável. A montadora perdeu uma ótima oportunidade de testar a receptividade do pacote Sensing disponível em outros países, que traz piloto automático adaptativo, assistente de permanência em faixa, sistema CMBS (que detecta possíveis colisões e intervém na condução pra minimizar os efeitos do impacto) e assistente de mudança involuntária de faixa. Com mais itens, o comprador do Si teria a satisfação de ter não apenas um produto exclusivo, mas também em concordância com as últimas tendências do mercado.
Interior do Civic Si também traz detalhes exclusivos. Foto: Yuri Ravitz |
Veredito
Nesse primeiro contato, o Civic Si 2018 se mostrou um produto evoluído e com boas novidades em relação aos antepassados, inclusive seguindo a boa média que toda a família G10 do modelo japonês conquistou com seus predicados. Contudo, só poderemos colocar suas qualidades à prova na avaliação padrão que faremos em um futuro próximo, visto que o Si se trata de um produto diferenciado com características exclusivas. Para não perder nada, não deixe de nos acompanhar também no YouTube e, principalmente, em nossa página no Instagram!
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