segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

Erros e Acertos; Kwid X Mobi

Por Yuri Ravitz e Maximiliano Moraes (Racionauto)
Fotos: Divulgação



O ano de 2017 trouxe algumas novidades significativas para o mercado automotivo brasileiro. A fim de lhe ajudar na doce tarefa de escolher um carro novo, decidimos elaborar uma série de análises sobre esses lançamentos e seus principais concorrentes, em parceria com o Racionauto, onde vamos abordar os principais pontos fortes e fracos de cada novidade por segmento.




Renault Kwid

O boom inicial de vendas do Renault Kwid o levou à vice-liderança logo no primeiro mês cheio. A Renault, sensata, disse estar ciente de que o efeito foi causado pela soma das unidades comercializadas em pré-venda, esperando um crescimento gradual que refletirá o impacto real do carrinho no segmento de subcompactos. Fato é que o Kwid vem demonstrando ser uma excelente opção de compra. O temor que antes existia em relação à segurança, já que a versão indiana obteve resultados pífios nos primeiros testes de colisão, foi desfeito com a aprovação da versão nacional no Latin N'Cap. Assim, para quem ainda tem dúvida sobre qual subcompacto levar, a gente pontua as principais vantagens e desvantagens deste franco-romeno naturalizado brasileiro.

Bem equipado - A lista de itens de série, especialmente da versão Intense, é bem mais recheada do que qualquer pessoa com até R$ 40 mil no bolso pôde esperar durante um bom tempo. Até coisas vistas como supérfluas pelo público racional que a Renault quer atingir agradam, porque qualquer um gosta de levar mais pelo preço que paga.

Econômico - Um tanque de combustível de 38 litros parece não inspirar confiança pra longas viagens, certo? Errado, se o carro for o Kwid. Tamanho reduzido, baixo peso, pneus finos e motor com menos perdas mecânicas são a fórmula. O resultado é consumo urbano próximo a 11 km/l com etanol e, segundo a fábrica, superior a 18 km/l usando gasolina.

Espaçoso - Pessoas com até 1,80 m, estatura até superior à média brasileira, vão encontrar conforto relativo dentro do Kwid. Sim, a gente sabe que colocar 5 pessoas lá dentro não rola, mas dá pra relativizar isso considerando sua proposta de veículo urbano. E ele ainda traz o plus de levar 290 litros de bagagem no porta-malas, mais que qualquer concorrente direto.


Longe de ser perfeito, porém, o Kwid apresenta algumas características que podem fazer você virar o pescoço e notar mais os concorrentes.


Emergente - Não existe almoço grátis: pra encher o Kwid de itens de série a Renault precisou mexer em coisas que as pessoas não vêem, não notam ou não se importam tanto - segundo ela mesma. As soluções low-cost vão do uso de um único limpador de para-brisa, travas das portas com pinos e câmera de ré com imagens de baixa qualidade até comandos de válvulas simples no motor, rodas presas por somente 3 parafusos e discos de freio sólidos em vez de ventilados.

Áspero e barulhento - Este é o motor mais áspero que já passou por nossas mãos: as vibrações chegam até ao volante e ao assoalho. Além disso o isolamento acústico no cofre do motor e na cabine são insuficientes, o que torna a condução diária mais cansativa do que poderia ser.

SUV que é SUB - Muitos brasileiros compram a imagem que a marca vende e, pior, usam o carro como se ele realmente fosse o que a marca diz que ele é. O caso do Kwid chega a ser surreal: a Renault o vende como um SUV, mas ele não passa de um hatch subcompacto com alguma altura do solo a mais. E isso, em algumas situações extremas, pode ser um problema.




Fiat Mobi

A Fiat já se gabou de vender o carro mais barato do Brasil na época do Mille Fire. Com a chegada da lei que obriga a instalação de airbags duplos e freios ABS em todo carro novo a partir de 2014, o hatch queridinho dos brasileiros deixou de ser fabricado, tendo seu posto ocupado pelo longínquo Palio de "terceira geração" também equipado com o motor Fire. O tempo passou, o consumidor amadureceu e já não aceitou continuar comprando um projeto desenvolvido na década passada, e foi aí que o Mobi surgiu com sua proposta de mobilidade urbana e a intenção de fazer frente ao Volkswagen Up!. Com pouco mais de um ano de mercado, o Mobi sustenta uma boa média de vendas mensais (se mantendo entre os 15 mais vendidos) e é uma opção intermediária entre os concorrentes diretos Kwid -mais barato- e o supracitado Up!, o mais caro e refinado dos três.

Preço - a Fiat já não tem o carro mais barato do Brasil, mas o Mobi é um dos mais baratos do mercado. O preço inicial de R$34.210 o torna uma das principais opções para quem faz questão de um carro 0km e não quer gastar muito.

Equipamentos - as versões mais caras trazem uma lista satisfatória de itens para o segmento, incluindo rodas de liga leve, retrovisores com ajustes elétricos, rádio com Bluetooth, faróis de neblina, volante multifuncional e ar condicionado, além de uma extensa lista de acessórios que podem ser comprados à parte.

Mecânica - o Mobi pode ser equipado com o 1.0 Firefly, um três-cilindros moderno que se mostrou mais valente que o cansado Fire, além de mais econômico e suave. Outra boa surpresa é o câmbio mais preciso, uma vez que os carros da marca são conhecidos pelas transmissões de engates incertos.


Como nem tudo são flores, a Fiat cometeu alguns pecados graves que, caso evitados, poderiam colocar o Mobi entre as cabeças dos rankings de vendas.


Segurança - além de ter tirado apenas uma estrela no crash test do Latin NCAP, o Mobi não traz itens básicos como encostos de cabeça e cintos de três pontos para todos os ocupantes do banco de trás ou sistema ISOFIX para cadeirinhas de crianças. É o tipo de projeto que dificilmente seria comercializado em outros mercados mais exigentes.

Opções - a Fiat reservou o novo motor 1.0 Firefly aos Mobis mais caros, ou seja, da versão Drive que começa em R$41.790. Os demais trazem o antiquado Fire, o que prejudica o desempenho geral do carro.

Ergonomia - o porta-malas é o menor da categoria, e o espaço traseiro não permite mais que uma criança a bordo. Mesmo sendo um subcompacto, Kwid e Up! já mostraram que é possível que quatro adultos possam conviver ali dentro, mesmo sem ser o mais confortável dos ambientes.