Fotos: Yuri Ravitz/Divulgação Audi
Modelo cedido pelo proprietário
A cor do exemplar testado é a clássica Azul Sepang. Rodas foram pintadas de preto brilhante pelo proprietário. |
Quando se fala em carro esporte, o primeiro nome que vem na mente de muitos é Ferrari, Lamborghini, Porsche, dentre outros fabricantes de veículos de concepção puramente esportiva. São as escolhas mais óbvias, mas não as únicas, pois, ainda existem aqueles que gostam de fugir do padrão; para esses, as opções são igualmente interessantes e o Audi RS6 entra nessa lista.
Como você já deve saber, a Audi sempre baseia seus esportivos S e RS em seus carros "civis". Nesse caso, o RS6 é baseado no A6, um sedan executivo de luxo que fica acima do A4 e abaixo do A8. O RS6 de segunda geração chegou ao Brasil em 2009 por pouco mais de R$500.000 e foi, em seu tempo, o carro de rua mais poderoso da história da Audi graças a seu motor 5.0 V10 biturbo de 580cv de potência máxima, o que o classifica como um sedan superesportivo formidável mesmo para os padrões atuais.
Na traseira, as ponteiras ovais escondem saídas funcionais de escape mais para dentro. |
Terno, gravata e all-star
Como é típico dos alemães, a Audi foi discreta nas alterações visuais para diferenciar o RS6 de sua versão comum, mexendo apenas onde precisava. Com seus quase 5 metros de comprimento (4,928m), o RS6 tem bitolas mais largas com para-lamas musculosos, rodas de 20 polegadas de série, grandes admissões de ar na dianteira que auxiliam no arrefecimento, grade em colméia, retrovisores com acabamento em aço escovado e duas saídas ovais de escape na traseira, complementando o visual do para-choque com extrator de ar ao centro.
É claro que o interior não foi esquecido, trazendo bancos concha em couro, acabamento com detalhes em aço escovado e apliques em fibra de carbono, forração em alcantara por todo o teto, volante e manopla de câmbio, ou seja, muitos artifícios para criar um ambiente aconchegante, condizente com a cifra pedida e envolvente para todos os ocupantes.
A usina de força do RS6. Foto: Divulgação Audi |
A fúria dos dez
Debaixo do estreito capô do RS6 se encontra um 5.0 a gasolina de 10 cilindros em V, biturbo, capaz de entregar até 580cv e 66,3kgfm, um tipo de motor cada vez mais raro na indústria que prefere os V8 e V12, o que aumenta o status de raridade dessa geração. Auxiliado pelo sistema de tração integral quattro e gerenciado pelo câmbio automático de seis velocidades, ele vai de 0 a 100km/h em 4,5 segundos e pode atingir máxima de 250km/h (limitada eletronicamente). Suspensão independente nas quatro rodas e freios com discos de carbono-cerâmica também são padrão e mantém o alemão sobre os trilhos.
A direção eletro-hidráulica e os pneus 275/35 ZR20 permitem ao RS6 uma condução surpreendentemente suave, disfarçando o tamanho e o peso de 1.985kg. O V10 corta seu giro em 6700rpm e entrega todo o torque já aos 1500rpm, garantindo uma aceleração brutal a todo momento. O consumo fica na casa dos 5,6km/l em trecho urbano e 8,7km/l no rodoviário, números surpreendentemente bons diante das credenciais do supersedan germânico.
Acabamento interno traz muitas partes de toque suave. |
Sem esquecer as origens
É importante lembrar que, apesar de esportivo, o RS6 nasceu de um sedan de luxo. O alemão conta com uma boa lista de itens de série que engloba: faróis bi-xenon adaptativos, multimídia completa, ar condicionado digital de duas zonas com saídas traseiras, bancos dianteiros com aquecimento e ajustes de lombar, teto solar elétrico, monitoramento de pontos cegos, cortina quebra-sol elétrica no vidro traseiro, retrovisor interno fotocrômico e externos com desembaçador e rebatimento elétrico, volante multifuncional forrado em alcantara, disqueteira para seis CDs, sistema de som Bose, sensores dianteiros e traseiros de estacionamento, entre muitos outros.
Para um sedan de luxo de mais de 500 mil reais, alguns itens como as regulagens manuais de distância e altura dos bancos dianteiros e da coluna de direção não têm justificativa alguma, especialmente pelos ajustes lombares serem elétricos. Alguns também podem sentir falta de uma tela sensível ao toque, mas para compensar isso, há atalhos rápidos no console e o sistema é fácil de operar.
Perfil do RS6 mantém a elegância do modelo original. Foto: Divulgação |
Surpresa!
O mais legal de carros como o RS6 é que eles têm o poder de surpreender os menos entendidos; nem mesmo as cores chamativas disponíveis para a carroceria dão pistas de seu caráter explosivo. A partida pode ser feita de duas formas: a tradicional chave no lado direito do volante ou pelo botão no console central e, seja qual for a escolhida, os ocupantes são agraciados com o ronco singular do V10 que aqui se mostra mais grave do que o habitual, remetendo ao do Dodge Viper e diferente da sinfonia produzida pelo V10 que equipa o BMW M5 da geração E60, mais aguda.
Andar com o RS6 não é nada complicado ou desconfortável, mas exige cuidado; com todo o torque disponível em giro tão baixo, uma pisada mais forte fará o sedan disparar em frente como um míssil, especialmente pela tração quattro (que é permanente, do tipo AWD) que praticamente zera as possibilidades de destracionar. Durante nosso teste, ele se mostrou sob controle mesmo com o pé lá embaixo e o mérito também é do sistema que permite controlar o comportamento da suspensão. Não ousamos desligar as assistências eletrônicas, o que só deve ser feito em circuitos fechados.
Bancos concha são opcionais, mais indicados para uso em pista. |
A origem de sedan de luxo não foi esquecida, se traduzindo em um rodar macio e muito tranquilo graças ao silêncio a bordo: o isolamento acústico é primoroso e o acabamento de primeira linha anula as possibilidades de barulhos incômodos. Os bancos concha são macios com bons ajustes (apesar da falta imperdoável dos elétricos), e ainda há sofisticação até para quem vai atrás: os bancos têm aquecimento, há cortina quebra-sol nas janelas, apoio de braço central e difusores de ar condicionado no console e nas colunas B.
Há cintos de três pontos e encosto de cabeça para três, mas o ocupante do meio não terá tanto conforto por conta do elevado túnel central. O entre-eixos de 2,84m e o porta-malas de 546 litros fazem do RS6 um superesportivo convidativo a quem quer viajar com a família de vez em quando.
Uma rara oportunidade de estar perto de um ícone germânico. |
Vale a pena?
A nova geração do RS6 já está no Brasil e, apesar do motor menor com dois cilindros a menos, anda mais e traz muito mais tecnologia. Entretanto, só está disponível em carroceria perua (Avant) e não conta com o mesmo status de raridade que o sedan V10, principalmente pelo fato da Audi fabricar mais peruas do que sedans quando se trata dos superesportivos RS - isso quando fazem os sedans junto, o que não acontece sempre. Se dinheiro não for problema e você estiver procurando um alemão veloz e muito exclusivo, o RS6 com motor V10 é uma ótima pedida.
É difícil achar um exemplar à venda no Brasil, contudo, há uma boa notícia: se não fizer questão do sedan, é possível encontrar peruas por até 100 mil reais a menos (com valor entre R$300.000 e R$350.000) justamente por serem mais comuns.
Confira o teste em vídeo no nosso canal: