quinta-feira, 30 de novembro de 2017

2018 Volkswagen Polo 1.0 MPI MT5; de olho na liderança

Texto e fotos por Yuri Ravitz
Modelo da frota




A Volkswagen está determinada a reassumir a liderança no mercado brasileiro. Para isso, prometeu uma série de lançamentos até 2020 que abrange diversas categorias de hatches a utilitários - um desses produtos é o novíssimo Polo, lançado este ano no mercado europeu e recém-chegado por aqui, ilustrando o começo de uma mudança na percepção do consumidor brasileiro por parte das montadoras, uma vez que os lançamentos mundiais quase sempre demoraram a chegar por aqui e agora acontecem quase que de forma simultânea.


O Polo havia parado no tempo aqui no Brasil, pois era o mesmo desde 2002 quando chegou a quarta geração com os faróis arredondados e a plataforma PQ24 (a mesma do Gol G5 que veio em 2008, mas nesse caso com elementos da PQ25). Pulando a quinta geração e retornando ao Brasil agora na sexta, o hatch recebeu a renomada MQB utilizada por modelos como o atual Golf e Audi A3 (que já avaliamos - confira aqui), tudo para cortar custos de produção e conferir atributos como modernidade e bom comportamento dinâmico a ele.


Visual

Não dá pra negar que, mesmo sendo um carro superior, o Polo apresenta traços do irmão Gol principalmente na traseira. De frente é mais fácil distinguir graças aos faróis mais estreitos de dupla parábola e os detalhes mais discretos em preto fosco - o modelo brasileiro recebeu uma "boca" central maior em relação ao europeu. O que confere personalidade própria ao Polo é a vigia traseira nas colunas C, elemento surgido na quarta geração e a carroceria mais encorpada devido a sua plataforma robusta, além do contorno das janelas em preto fosco - no Gol de entrada elas são pintadas na cor do carro, solução típica de modelos mais baratos.


Mecânica

Para a versão de entrada, a Volkswagen escolheu o conhecido 1.0 MPI flex aspirado de três cilindros, o mesmo que equipa Fox, Up! e a já citada família Gol. São 84cv e 10,4kgfm de torque comandados por uma transmissão manual de cinco marchas; a tração é apenas dianteira e a suspensão utiliza eixo de torção na traseira.

Com o peso total de 1058kg, o Polo é apenas um pouco mais pesado que o Fox, o que ajuda no desempenho e no consumo de combustível. Há direção elétrica progressiva de série, mas a Volkswagen limitou os freios a disco nas quatro rodas às versões mais caras. Aqui, há discos ventilados só na dianteira com sistema de tambor na traseira.

Painel fica mais sofisticado com a inclusão do Connect Pack. Manopla de câmbio é a mesma do Golf manual

Tecnologia

O Polo chegou em três versões e parte de R$49.990,00. Por esse preço ele traz alguns itens de série como: ar condicionado, vidros elétricos nas quatro portas com função um-toque nos dianteiros, travas elétricas, computador de bordo, rádio com USB/Bluetooth/Aux, quatro alto-falantes, limpador e desembaçador do vidro traseiro, quatro airbags, ISOFIX, encosto de cabeça e cintos de três pontos para todos os ocupantes traseiros, quebra-sóis com espelho e iluminação para motorista e passageiro, maçanetas e retrovisores na cor do veículo, alarme com chave canivete que trava e destrava as portas, rodas de 15 polegadas com calotas e banco do motorista com ajuste de altura.

Há dois pacotes opcionais disponíveis: o Safety Pack que por R$1.050 acrescenta controles de tração e estabilidade, bloqueio eletrônico do diferencial, assistente de partida em rampas e computador de bordo multifunção I-System ou então o Connect Pack que por R$2.600 traz os mesmos itens + rodas de liga leve de 15 polegadas, multimídia Composition Touch com espelhamento para smartphones e volante multifuncional. Um furo grave da Volkswagen nesse sentido foi não ter incluído regulagem elétrica dos retrovisores em nenhum dos pacotes, além de ter colocado uma única opção de cor para a carroceria sem custo adicional, que no caso é o Preto Ninja das fotos.

2,56m de entre-eixos o deixa mais espaçoso que o antigo Golf. Porta-malas é de 300 litros

No dia-a-dia

O 1.0 de três cilindros da Volkswagen é conhecido pelo comportamento suave, mas no Polo houve uma atenção especial a esse ponto que já é percebida no momento da partida: ao girar a chave para ligar o carro, não há vibração como nos irmãos mais baratos por exemplo. Isso porque o modelo sempre foi percebido como um produto mais refinado na gama da marca, e apesar de remeter ao Gol no visual, a VW quis mostrar que a essência do Polo não se perdeu.

A suavidade se estende aos demais componentes, como a transmissão de engates macios e diretos (uma característica percebida nas caixas manuais mais modernas da VW em geral) e a suspensão que mantém um bom equilíbrio entre firmeza e conforto. O silêncio a bordo é auxiliado pelas vedações duplas nas portas; pouco se ouve do mundo lá fora ou do motor.


Falando em motor, o MPI se sai melhor acima dos 2000 giros como é comum aos três cilindros, permitindo que as trocas de marcha sejam feitas por volta dos 2500rpm sem perder desempenho ou deixar o carro beberrão; se comparado com o 1.0 SCe da Renault, por exemplo, o MPI não é tão valente mas é bem mais suave e silencioso. 

No geral a disposição do pequeno propulsor agrada, especialmente pelo consumo de 14km/l na cidade e 15,7km/l na estrada (conseguimos até 16,5km/l em alguns momentos), mas é nas situações que exigem força onde o motorista lembra estar em um 1.0: não é raro precisar reduzir uma ou duas marchas para fazer ultrapassagens ou subir ladeiras com mais fôlego. Para compensar isso, o câmbio se mostra bem elástico e aceita marchas maiores em velocidades menores sem reclamar.


O novo Polo também satisfaz pela ergonomia com assentos de bom apoio e o acabamento bem montado, mas há plástico por toda parte (com mínimas porções de tecido nas portas dianteiras) e o espaço é limitado, apesar da evolução de plataforma; quatro adultos conseguirão viajar sem grandes apertos, mas sem tanto conforto para as pernas. Há comandos de abertura interna do bocal de combustível e do porta-malas, mas percebemos um fato um tanto bizarro: não tem como acionar a alavanca de abertura do capô com a porta do carro fechada, pois a protuberância do alto-falante não permite que se puxe a peça. Não é uma falha grave, mas é minimamente estranho.

Um ponto de destaque do hatch alemão é o ótimo comportamento dinâmico que não foi comprometido pela altura elevada em relação ao modelo europeu, e é auxiliado pelos controles de tração e estabilidade que estão sempre prontos para mantê-lo sob comando. O uso diário também se torna mais conveniente com a multimídia Composition Touch e tela sensível ao toque, concentrando configurações do carro e oferecendo retorno rápido às solicitações do motorista - o ruim é que não há GPS ou qualquer sistema de mapas. Para isso é preciso espelhar com um smartphone Android, pois a Apple ainda não disponibilizou o uso do Mapas para o CarPlay no Brasil.


Vale a pena?

Apesar de ser um bom carro, a versão "crua" do novo Polo não traz nada de especial, mas a coisa muda de figura quando se acrescenta o Connect Pack. Pelos R$52.590 da versão de entrada + o pacote opcional você leva pra casa um modelo com quatro airbags, controles eletrônicos de tração e estabilidade, nota máxima nos testes de segurança e até "mimos" como o computador de bordo I-System que traz informações variadas (até mesmo velocímetro digital), multimídia com tela sensível ao toque e volante com comandos variados. Com isso, o Polo se mostra um dos melhores custo X benefício da atualidade para carros 0km pois combina segurança, comodidade e economia de combustível em um pacote atual.

No geral, é nos detalhes que o Polo mostra capricho em sua construção: o capô é fechado por duas travas nas extremidades, as janelas possuem quinas quadradas e a iluminação do painel é inteligente (diminuindo e aumentando seu brilho de acordo com a luz externa), elementos tipicamente vistos em carros mais sofisticados.


Confira mais fotos do Polo 1.0 MPI (clique para ampliar):